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De papo com a alma

Atualizado dia 16/05/2008 12:06:28 em Espiritualidade
por Andrea Pavlo


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Nesta noite acordei às 3:11 da manhã com calor, mesmo no quase inverno que anda invadindo São Paulo. Estava com bastante dor de estômago, uma inimiga que tem me feito companhia nos dias gelados. Levantei-me, tomei alguns glóbulos do milagroso remédio homeopático que me foi receitado por uma amiga e voltei para a cama. Fiquei ali alguns minutos, tentando me lembrar do tempo em que eu não sentia tantas dores de estômago. Pensando em como será a vida das pessoas que não têm dores de estômago no meio da madrugada.

Lá pelas tantas, como faço tantas vezes, comecei a pensar o que diabos aquela dor de estômago queria me dizer. Eu já havia lido todos os livros de metafísica da saúde e de psicossomática em busca de respostas, mas nada satisfazia a minha necessidade. Comecei a pensar se eu tinha alguma raiva escondida já que, para a medicina chinesa, a raiva é a causadora de desequilíbrios no estômago. Acessei algumas coisas e coloquei para fora, em palavras silenciosas, algumas coisas bem pessoais. Mas a dor não passava, de jeito nenhum.

De repente me levantei da cama cansada. Poxa, por quê? Por que eu tinha que aprender alguma coisa com um dor de estômago? Lembrei das palavras de um palestrante que assisti nesta semana que falava justamente da dor e que não poderíamos fazer dela a nossa professora. Comecei, então, a conversar com a minha alma. "Alma, é o seguinte: eu não vou mais aprender pela dor. Não interessa o quanto doa o meu estômago, as minhas pernas, o ciático e tudo aquilo que você tem cutucado em mim, eu não quero mais aprender pela dor, tá? Arruma outra maneira de me dizer o que eu preciso saber."

Peguei, então, um dos meus livros de cabeceira e, como um oráculo, abri ao léu em uma página. O livro era justamente sobre a relação mente e corpo, do Osho, e dizia assim: “Tudo o que você come se torna consciência e pensamentos”. Não satisfeita, abri um outro livro que nada tinha a ver com esse tema, onde a autora narrava suas dores de estômago (entre outras) justamente nos momentos em que estava passando por problemas pessoais na sua vida, no caso, uma separação. Oba, mais uma sincronicidade bonitinha, já que o meu problema era justamente esse. Então, apelei para a Revista Cláudia que estava em cima do criado-mudo, há dias sem abertura. Concentrei-me e pedi que minha alma me mostrasse justamente em que assunto aquilo estava sendo trabalhado. Abri numa página linda, cheia de alianças de casamento com a frase: “Escolha a sua e seja feliz”.

Nesse momento muitas e muitas fichas começaram a cair. Comecei a reavaliar os meus relacionamentos e, principalmente, todos os meus comportamentos que, apesar de claros, estavam num nível de consciência que eu não estava conseguindo acessar. Comecei a me lembrar de pequenas coisas que eu faço como ficar procurando a idade das atrizes que tiveram filhos e pensando que eu já estou muito velha para isso. Lembrei da foto de uma família feliz que eu coloquei no meu quadro de desejos, mesmo sem pensar muito sobre ela. Lembrei que sempre fico namorando os vestidos de noiva de uma loja que fica no caminho para o consultório. E fazia tudo isso, simplesmente sem me dar conta, nem me tocar de absolutamente nada.

Estou falando isso porque o meu discurso corrente (e consciente) costuma ser de uma moça não casadoira e que não vê espaço para um filho na sua vida. Comecei a perceber o quanto, na verdade, eu morro de medo de ter a minha família. Morro de medo das responsabilidades de cuidar e criar uma criança. Morro de medo de não ter dinheiro suficiente, de não ter amor suficiente, de abrir mão de coisas demais da minha própria vida. E, por outro lado, como a minha alma fica feliz e faz uma pequena lágrima escorrer pelo meu rosto quando vejo uma família feliz. Venho de uma família, muito família e muito unida. E adoro isso! Adoro a casa cheia, adoro o barulho das risadas das pessoas, adoro o clima de união. Adoro cozinhar para um batalhão de amigos e de familiares. Adoro isso! Como eu pude negar isso em mim tanto tempo?

Estou contando esta história toda para ilustrar como podemos nos esconder de nós mesmos. Como podemos simplesmente fingir que uma coisa não existe em nós por conta de vários medos que carregamos no ego, por conta de várias decepções que nos fazem repensar a vida e nos adaptar àquilo que não temos. E como, quando não assumimos algo dentro de nós, isso fica nos incomodando por muito tempo, como uma leve dor de estômago que não passa despercebida e que está como do outro lado da porta, pedindo para entrar na sua consciência. E como é fácil nos perdermos dos nossos verdadeiros desejos e ouvirmos os desejos dos outros como nossos.

Pela primeira vez na minha vida percebi que isso é um desejo da minha alma. É uma experiência pela qual a minha alma quer, sim, passar, quer experimentar e quer dizer se foi bom ou não. Pela primeira vez entendi que não estou só comprando os sonhos das pessoas da minha família, mas que já vim parar nessa família justamente porque tenho o mesmo padrão vibratório. Inverter as coisas que pensamos, muitas vezes, nos faz enxergar claramente nossos reais desejos e parar de ficar nos escondendo.

Ainda vou elaborar melhor essas idéias todas, mesmo sabendo claramente hoje o que eu quero. Não vou ficar ansiosa e vou entregar nas mãos da minha alma, já que é ela quem está querendo isso. Nós não controlamos nada, nem os nossos desejos. Somos muito mais guiados por uma força maior que se mostra para nós o tempo todo, mas que temos medo de encarar.

E você? Quais são seus profundos e verdadeiros desejos? Se quiser usar o meu método, fique à vontade; ele não é patenteado. Mas você também pode inventar a sua maneira de conversar com a alma e pedir que ela lhe diga o que fazer. E ela sempre diz. Pode confiar nisso!

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo   
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
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