Desapego, simplicidade
Autor Patricia M. Barros
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 3/24/2015 11:55:35 PM
Escreveu a poetisa Elizabeth Bishop: “A arte de perder não é nenhum mistério; tantas coisas contêm em si o acidente de perdê-las, que perder não é nada sério.” De fato, na vida nada é permanente, como ensina o budismo. Então desta perspectiva perder é simples, é algo que simplesmente acontece. Por outro lado, é claro que lidar com as emoções provocadas pela perda pode ser um processo longo e difícil.
É comum o apego a objetos, talvez porque às vezes eles sejam para nós reflexos de quem somos. Talvez o apego a coisas materiais seja um sinal de que nós sentimos dificuldade de aceitar a mortalidade, a lei da impermanência. E tudo se vai, até os diamantes. Dizem que os diamantes são eternos, mas é claro que isso não é verdade. Afinal, jóias podem ser roubadas ou perdidas. E um dia nós iremos embora deste planeta azul, então que valor os diamantes terão?
É muito difícil aceitar a perda, exercitar o desapego... Ainda é mais fácil quando se trata de objetos, mas e quando se trata de pessoas queridas ou de partes de nós mesmos? É complicado o processo até que a perda de um ente querido se torne uma “saudade boa”, gratidão pelos preciosos momentos compartilhados e... paz. É difícil aceitar os acontecimentos e refletir: “É assim que as coisas são e está tudo certo”. Afinal, nós não entendemos o por quê da finitude. Mas entender não deveria ser importante. Nós deveríamos ser capazes de simplesmente dar um salto de fé e... aceitar.
E nós envelhecemos, amadurecemos... Durante este processo muitas vezes perdemos características que considerávamos como partes de nós mesmos. Lidar com isso também não é fácil. Mas é preciso aceitar as mudanças. Afinal, é inegável a importância do que é novo. E muitas vezes é necessário que algo antigo se vá para que haja espaço para a novidade. Às vezes eu gosto de lembrar da música do Raul: “Eu prefiro ser esta metamorfose ambulante...” Uma pergunta interessante: você se trocaria pelo seu “eu” bem mais jovem, amigo leitor? Eu não me trocaria pela Patrícia com seus vinte anos de idade. Amadureci, aprendi muito, hoje sou uma pessoa mais forte e amorosa. E a espontaneidade, o encantamento da infância, a paixão, a poesia da juventude nunca deixam de fazer parte de nós, não é verdade? Basta procurar, entrar em contato com nós mesmos. A magia está lá, em algum lugar dentro de nós. Sempre esteve e sempre estará.
Ainda refletindo sobre o desapego, acho que é importante até abrir mão do excesso de informações. Martha Medeiros escreveu mais ou menos o seguinte: o conhecimento não é o mais importante, o essencial é o amor. Ao que parece faz parte da jornada me livrar de camadas e camadas de coisas inúteis ou não tão importantes até que reste apenas a essência. Os budistas recomendam este tipo de atitude: menos objetos, menos apego, procurar ter uma mente mais limpa de pensamentos inúteis... Parece que a vida pode ser mais leve e mais feliz assim!
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Sou jornalista e advogada. Atualmente sou funcionária pública e estudante de psicologia e psicanálise. Sempre me interessei por questões que envolvem comportamento e o desenvolvimento pessoal. Espero contribuir um pouco para o bem-estar e felicidade de algumas pessoas! E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
