Deus te vê...
Autor Regina Ramos
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 20/03/2013 07:54:01
No Colégio Marista onde estudei, em cada sala de aula havia acima do quadro-negro as palavras: “Deus te vê.” Esta frase era um verdadeiro freio moral para mim que morria de medo de ir para o Inferno quando morresse! Eu era uma aluna aplicada porque sempre gostei de estudar, porém quando eu tinha impulso de “colar” na prova de matemática que era o meu ponto fraco nos estudos, eu lia aquela frase e desistia no mesmo instante.
O medo de transgredir me limitava, então o que poderia ser algo natural da vida estudantil era para mim um passo para o Inferno. E assim foi até os 16 anos, quando me libertei da prática do catolicismo espontaneamente. Comecei a duvidar daquele Deus que era amoroso e ao mesmo tempo tão punitivo. Deus é amor, Deus tudo perdoa, mas também castiga e castiga feio! Comecei a enxergar contradição neste Deus antropomórfico, então fui em busca de outro Deus, um Deus que aceitasse os erros da minha imperfeição humana e que não me condenasse ao Inferno, tampouco ao Purgatório porque este também não é um lugar agradável. Também havia o “pecado original” que não me convencia: eu já nasci pecadora? Ah, tem alguma coisa que não faz sentido!
Nesta busca, bastante longa, eu me tornei uma pessoa espiritualizada, compreendendo que Céu e Inferno são estados de consciência – entro no Céu quando estou em harmonia com a vida, liberta de raiva, de medo, de mágoas, de ressentimentos. E caio no Inferno quando fico presa nesses baixos níveis de ser. Eu mesma crio o Céu ou o Inferno para mim. Apenas isso. E assim me torno muito mais responsável pela minha vida. Sei que meus atos trarão consequências para mim mesma, levando-me ao Céu ou ao Inferno!
E o “pecado original”? Entendo que o pecado original é a separação que o homem criou entre ele e Deus, ou a Mente Divina, ou o Tao, ou a Vida, seja lá que nome dermos a esse princípio universal. O ser humano, em geral, não se vê como integrado ao Universo, ao Todo. E isto é o “pecado original” – pensar que nós estamos aqui e Deus está lá, no Céu, anotando o que fazemos de bom e de ruim, para nos recompensar ou nos punir. Ao entender que “O reino de Deus” não está dentro de mim, nem fora, mas que eu vivo neste reino porque só ele existe, eu encontrei a verdadeira liberdade. Tudo o que eu fizer ao outro, seja o bem, seja o mal, estarei fazendo a mim mesma. Aí está a moral do Universo, não a moral humana que é falha. Tudo o que faço volta para mim. E pronto. Se eu roubo o seu dinheiro, mesmo que eu nunca seja descoberta, nunca seja pega, serei roubada de alguma forma, não necessariamente no dinheiro. Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça.
Hoje eu erro, eu peco, eu sou falha na minha humanidade, no entanto eu não tenho medo de ir para o Inferno porque sei que ele não existe fora de mim. Eu busco melhorar como ser humano a cada dia, procurando viver o sagrado em qualquer ato do cotidiano, pois se o espírito de Deus tudo permeia, tudo é sagrado. Todavia, o “orar e vigiar” às vezes é falho, então tropeço, às vezes caio feio, mas a certeza de que não sou “pecadora”, me faz levantar e continuar a jornada rumo ao Céu!
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Professora de Português, Francês, História da Educação e Filosofia da Educação. Orientadora Educacional e Consultora Pedagógica. Palestrante. Taróloga. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
