E ASSIM EU DESCOBRI: SOU XAMÃ



Autor Léa Lima
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 22/11/2005 10:51:15
Coincidências não existem, já sabemos disso. Tive uma amiga de escola, da época do ensino médio, com a qual não falava há muito tempo. De repente passei a pensar muito nela, sonhava com ela noites seguidas e me deu uma imensa vontade de tornar a vê-la. Passei, então, a procurar seu nome e dos parentes que eu lembrava em listas telefônicas, telefonei para amigos e vizinhos daquela época, até que descobri um irmão dela que me informou o seu paradeiro.
Foi muito emocionante o nosso reencontro, principalmente ao saber que ela também estava me procurando. Foram encontros agradáveis onde recordamos nossa amizade e nossas "artes" de adolescentes. Conversando sobre nosso caminho espiritual, ela me disse que estudava e participava de rituais xamânicos. Xamânicos? Xamanismo? Nunca tinha ouvido falar em xamanismo.
Maiores detalhes e eu fiquei sabendo que o xamanismo busca o poder em cada pessoa, que o xamã é um curador, que investe incessantemente no autoconhecimento, que atua como facilitador da cura do outro, que resgata o respeito à natureza, que utiliza as energias para cura e muito mais. Fiquei entusiasmada com todas essas informações e decidi conhecer.
Era uma tarde de sábado e eu fui "ver" o que é o Xamanismo. Enquanto caminhava pela rua onde fica o Instituto de Pesquisas Xamânicas em São Paulo, ouvia sons de tambores e chocalhos. Ao chegar deparei-me com várias pessoas que de mãos dadas e descalças formavam um círculo e algumas dessas pessoas tocavam tambores e chocalhos e entoavam canções indígenas. Fiquei perplexa... Mas então isso é o Xamanismo? Meus pré-conceitos afloraram e eu me choquei com a visão de um ritual tão primitivo.
Como eu poderia? E todo o esforço que tenho feito para angariar conhecimento? E todas as minhas buscas para expandir o meu intelecto? E todos os cursos que fiz? Todos os livros que li? Não, eu não poderia...
Sentei-me e muito frustrada observava minha amiga que irradiando alegria, me convidava para participar. Aos poucos, no entanto, comecei a me sentir tentada. O som do tambor movimentava meus músculos, ressoava em minhas entranhas e instintivamente tirei os sapatos e entrei na roda.
Então aconteceu o milagre...
Fui invadida por uma sensação de fusão com a natureza, meus pés enraizaram-se na terra e agora eu fazia parte do todo.
O meu coração passou a bater no compasso do tambor, minha mente calou-se e tudo o que ouvia era o farfalhar das folhas das árvores, o canto dos pássaros e o som cadenciado dos pés batendo no chão.
Minhas veias dilataram-se e eu sentia e via o ir e vir do sangue no ritmo frenético da vida pulsando.
Eu já não estava mais no tridimensional.
Todas aquelas pessoas pareciam fazer parte de um sonho, onde em movimentos leves e esvoaçantes, movimentavam-se vagarosamente como uma folha dançando ao vento.
Já não era apenas um círculo, vários círculos se sobrepunham e consciências de reinos diferentes ocupavam o mesmo espaço.
Totalmente em êxtase xamânico senti-me, então, flutuando, dançando e cantando junto com todos no ritmo das maracas.
Essa foi a experiência mais assustadora e ao mesmo tempo a mais maravilhosa que tive em toda a minha vida.
Quinze anos são passados e desde então tenho me dedicado a pesquisar e principalmente a "sentir" a verdadeira emoção de ser Xamã.
Texto revisado por Cris









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