É possível silenciar a mente?
Atualizado dia 20/08/2013 20:39:57 em Espiritualidadepor Alex Possato
Quando iniciei no caminho da meditação, mais de 10 anos atrás, percebi algo muito chato: a minha mente não parava. O pensamento se atropelava, uns aos outros… Observar a mente era um inferno! Naquela época, praticava uma meditação guiada por palavras, que eu mesmo proferia. A meditação da tradição da Seicho-no-ie. Mesmo assim, senti em mim vários benefícios. Aos poucos, e com bastante perseverança, descobri que às vezes, com a graça divina, o grande fluxo de pensamentos cedia espaço para o foco. Estava concentrado! E isso era um grande alívio, já que eu entendia que todas as minhas preocupações eram neuras da própria mente, e em estado de paz interna, a paz externa era imediata.
Passei por diversas experiências meditativas. Desde meditação conduzida, até o zazen, o sentar na tradição zen budista. Retiro de 10 dias de Vipassana. Dezenas de práticas de concentração com o chá ayahuasca. Meditação ativa na linha do Osho. Yoga, caminhadas, meditação andando, constelações sistêmicas… Hoje eu posso afirmar: dá para parar de pensar e estar no vazio, com o treino.
Você pode perguntar: para quê? Bem… na realidade, eu também não sabia ao certo. No início, achava que, ao silenciar a mente, estaria iluminado! Tipo Buda, Jesus, Krishna, sabe como é que é… Mas descobri que não me iluminei coisa nenhuma. Continuei com meus impulsos distorcidos, emoções dolorosas, conflitos internos e reações descontroladas…
Porém… porém… Abriu-se um espaço de silêncio. E com muita dificuldade, comecei a receber um tipo de, digamos, comunicação, que me guiava, antes de reagir como eu sempre reagi. Assim, percebia um pensamento desconexo, e podia observá-lo, silenciosamente, e tomar uma decisão: agir ou não agir. Fazer ou não fazer. E isso faz toda a diferença! Aos poucos, não era mais dominado pelos meus conflitos internos. O mundo começou a ganhar novas cores. Comecei a perceber meus medos, raiva, inveja, ambição, desejo sexual, compulsões, e daquele espaço vazio, tinha o poder de decidir o que fazer.
Desde espaço, a clareza surgia. Quantas decisões equivocadas eu deixei de tomar? E quantas decisões acertadas, que parte de mim não queria, mas eu tomei, com a certeza absoluta de que era o caminho correto? Quanta intuição brotou deste silêncio?
Deixei de confiar cegamente na minha mente racional. O que me causava muito sofrimento e ansiedade. Estou ainda caminhando… talvez, até o final da vida, este processo não acabe. Mas já percebo um ganho indescritível. Quem me conhece, também percebe a mudança nítida… E é algo visível, ano a ano… Meditar não custa nada. Não requer nada. Não tem efeitos colaterais. Então eu lhe pergunto: por que não começar agora?
Texto revisado
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Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |