Escolhas
Atualizado dia 5/20/2017 8:48:45 AM em Espiritualidadepor Maria Lúcia Pellizzaro Gregori
Precisamos apenas nos lembrar que a vida segue exatamente de acordo com o que estabelecemos a cada momento e as interferências são criadas por nós mesmos. Vamos abrindo caminho para a direita, para a esquerda, para frente, para cima e muitas vezes retrocedemos, na intenção de aproveitar uma experiência que poderia nos ajudar num passo seguinte. Porém, tudo está de acordo com o livre direito que temos de escolha, mesmo quando achamos que “não tivemos como fazer diferente”.
São tantas as direções disponíveis que, muitas vezes, não percebemos aquela que pode nos levar a um lugar mais inteligente, aquela que está mais próxima de nós, a direção interna. Vivemos inevitavelmente sob o poder de leis universais imutáveis. Causa e efeito é uma delas.
A realidade se impõe dessa forma. Damos e recebemos. Amamos e somos amados. Agredimos e somos agredidos. Podemos nem perceber que o desenrolar da nossa história segue esta constante, porque muitos efeitos chegam aparentemente atrasados, quando já não nos lembramos mais das causas, mas o Universo funciona assim.
Em muitos momentos, difíceis ou não, entramos numa onda, subindo e descendo, sem parar, sem respirar, fazendo, fazendo, agindo e reagindo, interferindo, sem pensar nos resultados de toda essa movimentação. Quando estamos tomados por emoções intensas, nossa luta segue meio às cegas, porque não há pausa, não há reflexão, não há recolhimento, não há um contato interno, silencioso, onde as respostas são mais precisas, onde as soluções são verdadeiramente melhores.
Precisamos desenvolver o hábito de observar a natureza porque ela nos traz uma orientação natural, ela traz mensagens que fazem ressonância com nosso ser mais íntimo que precisa de paz para se manifestar. Podemos tomar como exemplo uma lagarta. Ela pode ficar comendo folhas, sendo rejeitada por sua aparência não muito agradável, até que essa rotina, quase sem sentido a incomode e exija dela uma mudança, alguma coisa que a impulsione e a convença de que é preciso buscar algo mais interessante em si mesma. Se ela nascer e morrer como lagarta, talvez não conheça o verdadeiro sentido de sua vida. Então ela desperta para uma conquista muito maior do que rastejar em busca de alimento.
Mas para que se reconheça é preciso percorrer um caminho solitário, no qual somente ela pode entrar. E é aos poucos que, construindo seu próprio casulo, ela percebe que estará sozinha, recolhida no seu “templo”, confiante, sem saber o que se passa lá fora, naquele mundo pequeno onde se misturava às folhas para não ser descoberta e morta.
Ela percebe que está renascendo para uma nova vida. Desapega-se do passado, vence essa etapa e voa para a liberdade.
Assim somos nós. Não estamos aqui, existindo, com tantos desafios, tantas alegrias e tantas dores, com tantos ganhos e tantas perdas, para vivermos submissos a estágios inferiores ao nosso potencial original. Por isso precisamos visitar nossa casa interna, precisamos habitar nosso “templo sagrado” que está exatamente dentro de nós, no nosso silêncio, na nossa meditação.
Aí, sim, estaremos prontos para novas escolhas, pois teremos aprendido o caminho da libertação.
Texto Revisado
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