Escolhas e Poder Pessoal
Atualizado dia 27/10/2009 15:31:33 em Espiritualidadepor Mirtes Carneiro
Cada um de nós reage de forma única e particular aos acontecimentos da vida. Escolhemos, consciente ou inconscientemente nossa reação frente às experiências pelas quais passamos. Fatalmente, teremos que fazer escolhas ao longo de nossa existência. Sim, é certo que algumas ou mesmo muitas vezes, somos forçados por alguém ou pelas circunstâncias, a agir desta ou daquela maneira, mas isto não nos tira, absolutamente, o poder de escolha. Esta escolha diz respeito à forma como eu escolho lidar com a situação, intimamente.
O doutor Viktor Frankl, psiquiatra, esteve no campo de concentração na segunda guerra mundial.
Sabemos que naqueles campos, os seres humanos eram tratados de forma totalmente desumana, sendo submetidos à fome, humilhação, medo. Enquanto esteve lá, ele observava as pessoas e percebeu que algumas lutavam para sobreviver e outras não. Ali, ele pôde perceber a capacidade do ser humano de "escolher a atitude pessoal que se assume diante de determinado conjunto de circunstâncias".
A diferença entre as pessoas que sobreviviam e as outras era que as primeiras possuíam um brilho especial no olhar. Este brilho no olhar é a exteriorização da atitude mental, ou da representação interna daquela pessoa, do seu estado interno. Diz o Dr. Frankl: "Em última análise, torna-se claro que o tipo de pessoa em que o prisioneiro se transformava era o resultado de uma decisão interior, e não o resultado só das influências do campo de concentração. Portanto, fundamentalmente, qualquer ser humano, mesmo sob tais circunstâncias, pode decidir o que vai ser dele - mentalmente e espiritualmente".
Esta passagem tão marcante e aterradora da história da humanidade, um momento de extremo sofrimento para muitos seres humanos, foi estudado pelo Dr. Frankl e através deste trabalho, podemos concluir que cada um de nós, escolhe, de alguma forma, consciente ou inconscientemente, como vai reagir ao que lhe acontece.
A noção de escolha nasce da percepção e reconhecimento de nossos desejos. Por exemplo, se é fim de semana, está fazendo um lindo dia de sol e eu preciso trabalhar, posso desejar estar em uma praia, brisa fresca, bebida gelada, gente bonita, companhia agradável... ok. Se tenho consciência de meu desejo, olho para ele, analiso e decido de forma consciente ir trabalhar, será pouco provável que eu culpe meu chefe por este dia de trabalho.
Ao contrário, se eu não estiver com a consciência da minha escolha, vai parecer que eu não realizo meus desejos por causa de outrem, e isto significa que é este outro que está com o poder sobre os meus desejos.
Posso ilustrar isto com um trecho do livro de John Powell, S.J, onde ele cita uma passagem onde o colunista Sydney Harris conta uma estória em que acompanhava um amigo à banca de jornais. O amigo cumprimentou o jornaleiro amavelmente, mas como retorno recebeu um tratamento rude e grosseiro. Pegando o jornal que foi atirado em sua direção, o amigo de Harris sorriu polidamente e desejou um bom fim de semana ao jornaleiro.
Quando os dois amigos desciam pela rua, o colunista perguntou:
- Ele sempre te trata com tanta grosseria?
- Sim, infelizmente é sempre assim...
- E você é sempre tão polido e amigável com ele?
- Sim, sou.
- Por que você é tão educado, já que ele é tão inamistoso com você?
- Porque não quero que ele decida como eu devo agir.
É disto que estamos falando, de decidir o que queremos e fazer aquilo que desejamos, isso é possível, sempre. Assim, ficamos menos sujeitos a uma postura de vítimas perante a vida e as pessoas.
Todo comportamento começa com um pensamento. Eu posso escolher, conscientemente, os meus pensamentos, portanto, posso escolher as minhas atitudes e comportamentos.
Posso, por exemplo, escolher em que quero prestar atenção, cada manhã, quando eu acordo.
Se ao acordar, percebo que está chovendo, que tipos de pensamentos acorrem à minha mente?
Hoje vai ser um dia difícil? Gostaria de poder ficar mais na cama e não posso, por isso, estou muito infeliz?
Estávamos mesmo precisando de chuva, que bom!? Esta chuva vai ajudar a encher os rios?
O que mais? Justo hoje que tenho que sair está chovendo? Estão me castigando?
Da mesma forma, quando acordo e o sol está brilhando, o que eu penso?
Sempre, invariavelmente, podemos escolher a qualidade de nossos pensamentos.
Se não páro, conscientemente para perceber meus pensamentos, como é que eu posso escolher o que penso?
Para podermos mudar algo, é necessário, primeiramente, perceber o que aconteceria se você fizesse diferente.
Imagine como seria? O que o impediu de fazer diferente? O ambiente lá fora, o outro, os seus medos, a chuva, sua mãe, seu filho...
De alguma forma, você escolheu fazer de certo jeito, que com certeza foi sua melhor escolha naquele momento.
É importante perceber que escolhemos sempre, mesmo quando decidimos não fazer nada a respeito de algo, estamos escolhendo. Se eu escolho não escolher nada, ainda assim é uma escolha.
Quem assume suas escolhas assume o seu poder pessoal; assumir o Poder Pessoal significa assumir responsabilidade por sua vida, suas escolhas, suas atitudes...
"Liberdade significa responsabilidade. Esse é o motivo pelo qual muita gente a teme".
Estas palavras de George Bernard Shaw ilustram muito bem porque, muitas vezes, torna-se mais fácil e confortável atribuir ao outro ou às circunstâncias a responsabilidade pelos nossos medos, fraquezas, dúvidas, atitudes e comportamentos...
"Não importa o que fizeram de mim. O que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim". Jean Paul Sartre, com esta frase, parece que nos chama a assumir nossas escolhas trazendo o poder para nós.
Acredito que estamos sempre escolhendo e destas escolhas surgem os resultados. Ao olhar para os resultados, se eles não o agradarem, faça diferente. Existe um pressuposto da PNL que diz: se o que você está fazendo não está funcionando, faça outra coisa. Faça qualquer coisa diferente.
Quando você estiver se sentindo injustiçado, quando a carga e os problemas parecerem pesados demais, ao invés de perguntar por que está acontecendo com você, volte-se para dentro de você, ali, no recôndito de seu ser, onde se encontra a sua força, o seu poder pessoal e pergunte-se o que você pode fazer em relação àquela situação, o que você tem a aprender, como tirar proveito do que lhe acontece. Repare que assim você estará criando o hábito de entrar em contato com seu poder pessoal, escolhendo como reagir aos fatos. Lembre-se, nós fazemos sempre o melhor que podemos.
Seja mestre de sua própria vida!
Artigo baseado em capítulo do livro Você nasceu para Vencer, de autoria de Mirtes Carneiro.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 14
Mirtes Carneiro CRP06/111130 Psicóloga e Psicanalista Atendimento on line Tel 11 9 8108-5021 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |