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ESPERANÇA RENOVADA

Atualizado dia 31/10/2011 21:13:08 em Espiritualidade
por Oliveira Fidelis Filho


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Reino de Deus, Vontade de Deus, Conhecimento de Deus são algumas das questões com as quais se entretém grande parte dos assim chamados Povos de Deus, sobretudo os pertencentes a religiões como Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Estas, mas não apenas estas, advogam a paternidade exclusiva de Deus, sofrem da síndrome do exclusivo pertencer. Julgam-se parte do privilegiado clube dos "eleitos".

Entretanto, mesmo dentro de uma mesma religião, o que não falta é fragmentação: exclusões, preconceitos e julgamentos por parte daqueles que se acham mais salvos, mais eleitos, mais enquadrados, mais merecedores, mais fiéis ao respectivo livro sagrado e, portanto, mais filhos de Deus do que os outros.

O que mais se vê é masturbação teológica estimulada por febris acheologias. Não raro, ela se derrama numa estéril verborréia que, via de regra, é alimentada por argumentos cuja aparente consistência depende de estar o apologista ou proselitista refém da forma-pensamento que sua crença imprime.

Isso me faz lembrar aquele comercial da Semp Toshiba, do início da década de 90, que argumentava que "os nossos japoneses são mais criativos que os outros". O problema é que o critério ou a medida padrão, no caso do cristianismo, geralmente não é o comportamento de Jesus ou a dimensão Crística e, sim, o sistema doutrinário e de governo, tradições e praxes, usos e costumes, silêncio ou barulho, vocabulário, vestes adotadas, entre outros.

Há ainda os que se vangloriam - humildemente, claro! - de serem os legítimos guardiões da sã doutrina. Em verdade, toda corrente fundamentalista advoga tal "mérito" e a história tem dado inúmeras provas de que o Amor incondicional não se hospeda em redutos fundamentalistas.

O conceito de Reino de Deus é bastante antigo, sendo utilizado na religião e na política para os mais variados interesses. O imperador do Japão, por exemplo, sobretudo antes da segunda guerra mundial era crido como sendo de origem divina. "A tradução da palavra "imperador" em japonês é "ten-nou". Escreve-se com dois ideogramas: "ten" = céu, divino e  "nou"= o rei; ten-nou= o rei divino".

Não são poucos os que ainda reivindicam a exclusividade da procedência divina para salvaguardar seus próprios interesses. Ainda hoje, declarar-se "ungido de Deus" propicia bastante comodidade e privilégios para líderes políticos e religiosos. Tais "ungidos do Senhor" julgam-se intocáveis, gozam de "imunidade parlamentar divina", assim na terra como no céu. E ai daquele que se levantar contra o ungido do Senhor! Conveniente, não?

Mas, qual o conceito de Jesus sobre o Reino de Deus? Em que consiste este Reino?

Creio ser mais sábio ouvir do próprio Mestre o que ele entende por Reino de Deus, portanto, transcrevo aqui as palavras que o evangelista Lucas atribui a Jesus: "Interrogado pelos fariseus sobre quando vira o reino de Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o Reino de Deus está dentro de vós".

É oportuno lembrar os entreveros freqüentes entre Jesus e os fariseus; não era uma convivência amistosa. Em alguns momentos parece que Jesus deixou de lado o papel de bom menino e "rodou a baiana", "chutou o pau da barraca" e "caiu de pau" sobre os fariseus. Nestes intempestivos momentos é possível vê-lo chamando os fariseus de "serpentes", "raça de víboras", "hipócritas", "sepulcros caiados" e concluir dizendo que "é difícil que um fariseu escape da condenação do inferno", seja lá o que isso signifique. Claro que até para "xingar" o Mestre mantinha a classe, pois, "chamava nomes" ricos em analogias e plenos de verdades.

Mais chocante do que os adjetivos com os quais Jesus expunha a intimidade dos fariseus era a afirmação de que o Reino de Deus estava dentro deles. Tal declaração transmitia, concomitantemente, "boas novas" e males antigos. A boa notícia era que o Reino de Deus estava dentro deles, a ruim é que o Reino de Deus não saía de dentro deles.

O Mestre, no texto citado, não diz que o Reino de Deus estava dentro de Seus apóstolos ou discípulos e sim dos fariseus. Vale lembrar que os fariseus pertenciam a um partido religioso judaico, cuja oposição a Jesus culminou na crucificação do Mestre.

É possível inferir, a partir da declaração de Jesus, que não existe ser humano no qual o Reino, de alguma forma, não esteja; mesmo entre aqueles que de forma mais insana intentam contra as expressões da Vida.

Em verdade, em cada átomo vibra a energia Divina. Em cada semente, encontra-se a Vida. Quando um grão germina, significa que o Reino de Deus caminha para fora, para a plena manifestação. De igual forma o ser humano, como espécie ou individualmente, carrega em si a semente do Eterno à espera do germinar. Em um número crescente de pessoas o Reino de Deus está germinando, move-se na direção da Luz em busca do florescer e do frutificar.

Na vida de muitos, o Reino de Deus já desceu da mente para o coração, já veio de dentro para fora e está se manifestando entre nós, plasmando o "novo céu e a nova terra" regidos por Justiça. Apontam para esta realidade, também, a expansão da consciência na direção da eco-espiritualidade, e da crescente insatisfação em relação aos modelos políticos, econômicos e religiosos ainda vigentes. Os "fariseus" estão deixando o Reino sair de dentro deles, parando de atentar contra a Vida e, conseqüentemente, deixando de ser fariseus.

Para o Apóstolo Paulo "o reino de Deus não consiste em comida ou bebida, mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo". Obviamente que, onde o Reino de Deus se manifesta, a fome e a sede também deixam de existir. Atualmente, ainda, um bilhão de irmãos acordam a cada dia sem saber se vão ter o que comer. E, principalmente, nos paraísos fiscais encontra-se o inescrupuloso "céu" de poucos que mantém milhões no inferno da miséria.

A Justiça deste Reino é primeiramente justiça pessoal, interna, que se experiência no tribunal de uma consciência expandida. Resulta da prática da Lei fundamental do Reino: a Lei do Amor incondicional. Na medida em que pensamentos, sentimentos, palavras e atos são motivados por esta Lei, a justiça é sentida na consciência de quem assim se comporta.

Tal sentimento de Justiça interna, oriundo da vivência do Amor Incondicional, resulta em paz interna e externa que adubam a "terra" para o florescimento da alegria no Espírito; alegria esta, cuja fonte não está no ego.

Dito de outra forma, o Reino de Deus está fundamentado em uma lei básica, a Lei do Amor Incondicional. Nesta Lei está a Graça e, definitivamente, todas as desgraças se processam na vacância desta Lei.

Perceber que o Reino de Deus ainda se encontra aprisionado no coração de muitos é, sem dúvida, frustrante. Por outro lado, saber que em cada ser humano o Reino existe, mesmo em quem a Essência Divina ainda não se manifestou, leva-nos a olhar cada irmão com benevolência e esperança renovada.

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Conteúdo desenvolvido por: Oliveira Fidelis Filho   
Teólogo Espiritualista, Psicanalista Integrativo, Administrador,Escritor e Conferencista, Compositor e Cantor.
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