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ESPÍRITOS SEM ESPIRITISMO

Atualizado dia 20/01/2010 19:35:51 em Espiritualidade
por Christina Nunes


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Há quem já tenha proposto no Movimento Espírita o contrário. Espiritismo sem espíritos. Não pegou. Logicamente, não vingaria. Pois como imaginar, neste nosso mundo ainda quase que completamente inconsciente das realidades das dimensões maiores da Vida, o se prescindir justo do auxílio dos que ensejaram a Kardec a compilação brilhante da Codificação?! Impossível! Todavia, ao que tudo indica, há que se temer que em futuro muito próximo a necessidade real se inverta, cobrando de quem se empenha no trabalho conjunto com as equipes assistenciais desencarnadas uma modalidade emergencial, mas eficaz, de propagação destas Verdades Maiores: os Espíritos sem o dito Espiritismo. Explico-me.

De tempos, a esta parte é cada vez mais freqüente a quantidade de adeptos e simpatizantes lúcidos do Espiritismo que se queixam de coisa semelhante, reincidente no Movimento: a tendência ao dogma! À inflexibilidade e intolerância dentro do próprio meio onde interagem pessoas que, a priori, deveriam se preocupar mais, e isto sim, com o direcionamento que eles, os nossos amigos desencarnados e provindos de outras dimensões mais avançadas da Vida, nos têm a oferecer e dizer de útil, de esclarecedor, com vistas a um avanço real e já tardio neste nosso mundo convulsionado pelos mesmos males seculares que flagelam a humanidade, a saber, ódios, vaidades, guerras, agressividade e egoísmo, com todo o seu repertório de variantes! Todavia, o que se observa é que dirigentes e participantes ativos do Espiritismo, que deveriam se pautar pela sensatez presente na mensagem maior da Espiritualidade, ocupam-se mais detidamente numa perigosa e renovada modalidade de caça às bruxas, promovida em seu próprio habitat! Incompreensivelmente, e dominados por insólito esquecimento do que consta da mesma Mensagem de Jesus, milênios antes, avisando que nem tudo ainda fora dito por causa da imaturidade momentânea da humanidade, rejeitam hermeticamente trabalhadores novos: livros, palestrantes e idéias transmitidas a partir de dimensões, em muitos casos, indiscutivelmente lúcidas e sediadas na Luz, para apor resistências às novidades da hora que passa! O que não está escrito em Allan Kardec é sumariamente descartado, sem ao menos o benefício da análise a partir da própria lógica proposta pelos Espíritos responsáveis pela Codificação!

Tenho lido e ouvido comentários de confrades respeitáveis do Movimento: as únicas colônias espirituais aceitáveis são Nosso Lar, e talvez que uma ou duas a mais, citadas por autores dentre aqueles secularemente consagrados no início da difusão da Doutrina aqui, no Brasil. Ora, mas que se pensar de uma linha de raciocínio tão disparatada de uma constatação das mais simplistas: se existem colônias e cidades espirituais sobre o Rio de Janeiro e Minas Gerais, naturalmente que, sob a égide das mesmas Leis maiores que regem a existência nas dimensões invisíveis, setores outros, repletos de vida, e em moldes semelhantes, devem se espalhar pelo mundo afora, nas muitas camadas astralinas compatíveis com as necessidades de povos, países e raças. O caso mesmo do Brasil pode suscitar reflexões valiosas - porque em se tratando de um país jovem, comparativamente a muitos dos demais, milenares, resta óbvio que nossa jornada evolutiva na Terra se originou nestes outros lugares; donde se concluí que colônias e cidades dimensionais outras, e muitas, já nos devem ter acolhido na nossa trajetória pregressa! Caso clássico e ilustrativo desta realidade, portanto, consta de obra de nossa lavra mediúnica, Elysium, de autoria do benfeitor desencarnado Caio Fábio Quinto, na qual são descritas as características de uma tal morada do mundo invisível sita sobre a região da Campânia italiana, assim como acontece num sem número de obras outras (vide A Vida Além do Véu), cujos enredos ricos e encantadores, sem atentar contra o bom senso necessário na análise destas mensagens transcendentes, também nos remetem a paragens que acolhem nossos amigos de outros tempos muito anteriores, e que nos aguardam de regresso de cada etapa de aprendizado nos palcos materiais!

Queixas outras, de visitantes e simpatizantes que por vezes acorrem a centros espíritas e instituições correlatas em busca do necessário alimento da alma, chegam a beirar o absurdo: imposições ritualísticas, exigências descabidas, restrições a idéias ou comentários que de algum modo ameacem sugerir que o conteúdo destas importantes obras de Kardec não são o fim da linha; que há mais a ser revelado, em compasso com o avanço progressivo da mentalidade humana. Assuntos como ufologia são encarados com reserva e olhares de soslaio quando já se acha à disposição de qualquer estudioso mais empenhado material comprobatório farto da casuística ufológica, da presença efetiva dos visitantes extraterrenos entre nós, inclusive a partir de dimensões semi materiais! Mas, onde o contraditório disso dentro de uma Doutrina que, ela mesma, nos assevera sobre a pluralidade dos mundos habitados?!

E, assim, trabalhadores novos, operosos, sintonizados com as equipes desencarnadas de boa vontade vão sendo postos de lado, e, com isto, encontrando dificuldades enormes para cumprir honradamente seu compromisso de continuidade ao trabalho de magistral envergadura ensejado por Kardec, mas cujo conhecimento de suas premissas básicas, quais sejam as da reencarnação, datam de povos milenares, antecessores ao próprio Allan Kardec! De fato, Celtas, romanos e hindus lidavam com as dimensões invisíveis sob terminologias não mais que diversas e métodos compatíveis para com a época histórica dos séculos findos; sobretudo, porém, o povo simples lidava com tais coisas com maior espontaneidade. Quando a família romana se reunia em culto aos seus numes tutelares, o faziam na convicção de contarem com a sua assistência! Aparentemente, o que depois foi reivindicado como prática religiosa atrelada a mistérios inacessíveis, ou à proibições posteriores sob o pretexto profano, era em verdade a realização direta da religiosidade na simplicidade do cotidiano do ser humano - não necessariamente presa à autorização ou censura prévias de quem quer que viesse a se posicionar como julgador da validade desta ou daquela prática de contato com as almas dos mortos!

O que se faz necessário compreender com urgência para que se dê fim a todas estas polêmicas contraproducentes é que, de fato, os Espíritos, a realidade de sua existência, bem como a verdade das paragens da Vida Maior onde habitam com todas as suas idiossincrasias preciosas prescindem de nós - enquanto o contrário não ocorre! Por conseguinte, só a nós mesmos favorecerá ou prejudicará a nossa aceitação ou não aceitação ao que nos revelam durante a transitoriedade fugaz de nossa permanência no mundo, em cada etapa corpórea, no gracioso intuito de auxílio e de nos alertar para uma compreensão da existência mais ampla a cada época, de molde a que conduzamos nossa estadia na matéria de forma mais sábia e quitemos os débitos anteriores para com a vida e o nosso próximo, ao passo em que aprendemos a recriar os nossos caminhos, de posse destes informes valiosos, de maneira mais consciente, mais amorosa, mais unificada com o bem estar humano!

Somos todos Espíritos - mas o Espiritismo passará!

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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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