Espiritualidade - clarificando os segredos do desapego - Parte II
Autor Marcos F C Porto
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 06/05/2012 12:00:26
Nesta segunda parte da reflexão, podemos utilizar a mencionada análise de Charles Peirce na Parte I deste tema, em nossa própria consideração de desapego.
Cada uma das suas alternativas se assemelha a algo que todos nós temos utilizado vez por outra como base para a tomada de decisão:
Tenacidade – até onde nossa base de decisão repousa sobre um pressuposto falso;
Autoridade – assume que algo é bom ou ruim, porque alguém disse;
Gosto – considera que não existem normas externas absolutas, tudo é subjetivo.
Vamos, então, continuar a refletir?
Desapegar significa deixar ir nossas limitações de ego, com a sua vontade própria, sua compreensão estreita e seus preconceitos. Significa também, deixar ir medos, ausência de confiança e mal-entendidos.
Mas isso também significa abrirmos mão da atitude insistente que diz: "Posso ser feliz se a vida responder exatamente como eu determinar".
Isso muitas vezes surge quando não queremos desistir de algo que nos parece procedente, e devemos realmente ter. Pouco o ego irá ajudar, no desapego de nós mesmos, e teremos de nos contentarmos com infelicidade e insatisfação.
Estas questões são importantes e devemos lidar com elas no nosso Aqui Agora.
"Deixar ir" terá implicações profundas no centro do nosso ser, no nosso coração, do nosso Eu mais íntimo, se quisermos ouvir onde e como o Ser Maior Criador Deus fala, - que é verdadeiramente nosso objetivo final. Faz sentido?
Antes de atingirmos este estado maior de ser e existir, feliz e seguro, obstáculos e confusões dualistas deverão ser removidas.
Geralmente é muito mais fácil compreendermos uma premissa espiritual em termos gerais, do que suas aplicações práticas.
Nossas reações mundanas parecem muitas vezes demasiadas fracas e insignificantes para serem conectadas com as questões mais elevadas da vida.
No entanto, é exatamente em fazermos ligações nestas áreas chamadas de insignificantes, que poderemos encontrar a chave da resposta para nossas confusões e conflitos, os quais se tornam muito difíceis para que possamos realmente aplicar as grandes verdades espirituais no Aqui Agora do nosso dia a dia de vida.
Vamos, então, lidar com as confusões mencionadas.
As grandes verdades como todas as coisas, podem ser distorcidas ou interpretadas de forma falsa.
Muitas pessoas, onde também me incluo, estão conscientes da Verdade de que o Universo é benigno e generoso, e que pela Lei Divina não somos obrigados a sofrer, e que em nosso estado atual tentamos trazer a plenitude de ser almejada em nossa livre vontade. Está claro?
Afirmar a algumas pessoas que devem se desapegar de suas posturas atuais parece implicar abdicar do vazio, do sofrimento, da dor e do desejo insatisfeito.
No entanto, será exatamente isso que as estará inibindo a entrada no mundo maior que é Luz, Verdade, Amor, Abundância, e toda a auto-realização da satisfação espiritual.
O influxo divino só poderá fluir em nosso próprio ritmo harmonioso quando é livre.
Energeticamente não deverá haver nós cegos.
Vontades individualistas próprias, ansiedades, ausências de confiança, criam um clima energético que impede o fluxo divino.
O estado mental que produz essas atitudes é contrário à ética da consciência divina.
O ego limitado torna-se confiável, enquanto negamos o autoconhecimento de nossa própria atividade psíquica.
Isso não significa que o ego deva ser contestado. Entretanto precisará expandir sua criatividade e sabedoria, permitindo a ação do influxo divino.
Sobre desapego, Roberto Assagioli (1888-1974) médico psiquiatra italiano pioneiro nos campos da psicologia humanista e transpessoal, fundador do movimento psicológico conhecido como Psicossíntese, que hoje está sendo desenvolvido praticado na Psicoterapia Transpessoal, no seu recente livro “Transpersonal Development” – (Desenvolvimento Transpessoal), no diz: “Nada do que é limitado tem valor em si mesmo e qualquer declaração isolacionista antagônica feita pelo "eu" pessoal é falsa e condenada ao insucesso, não porque violaria algum código de regras, mas porque está em desacordo com a própria natureza da Realidade Espiritual, mas nós seres humanos, em nossa cegueira e ignorância, temos medo de deixar ir, não querendo abandonar as ‘muletas’ que usamos para nos sustentar, nos nossos apegos às pessoas e coisas, as quais temos medo de perder”.
Desapego é um estado interior de calma e ser descompromissado nos planos emocional, mental. Correto?
Definitivamente, não é indiferença, e nem sermos descuidados com nossos pertences!
As pessoas que são indiferentes, não se preocupam com coisa alguma, não estando ativas.
Por outro lado, pessoas que possuem o distanciamento emocional e mental do desapego, poderão ser muito ativas e amorosas, apesar de aceitarem calmamente tudo o que acontece. Essas pessoas aceitam o bom e o ruim também, porque mantêm equilíbrio interior e paz.
Sri Sathya Sai Baba (1926-2011) Guru hindu, espiritualista místico nos diz: “Desapego é uma planta de crescimento lento, e caso seja arrancada ainda tenra, você irá ficar desapontado”.
Desapego em espiritualidade envolve renúncia!
Quando simplesmente temos o Ser Maior Criador Deus em nossos corações, nossos comportamentos decorrerão no Aqui Agora.
Não é o mesmo que agir a fim de salvarmos a Alma, ou de nos cercarmos de Graças, ou de nos tornarmos pessoas piedosas.
É vivermos sem ‘porquês’, o que significa não agir na busca de resultados de acordo com nossas ambições, quaisquer que sejam.
Voltaremos ao assunto.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 5
Marcos F C Porto – Terapeuta Holístico - Psicoterapia Holística Transpessoal – CRT 44432, Diplomado em ITC - Integrated Therapeutic Counselling, Stonebridge, UK, trabalha auxiliando pessoas na busca da sua essência, editor do OTIMIZE SEU DIA! há 23 anos, autor do livro - Redescobrindo o Eu Verdadeiro, facilitador de Grupos de Reflexão há 20 anos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
