Espiritualidade - o poder espiritual da oração (1ª parte).
Autor Marcos F C Porto
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 25/09/2011 12:34:56
A oração, como atividade das religiões, evoluiu das expressões anteriores, não religiosas, do monólogo e do diálogo.
Quando nossos ancestrais primitivos atingiram a autoconsciência, adveio, como corolário inevitável da consciência do outro, o potencial dual de uma resposta social e de reconhecimento ao Ser Maior Criador Deus.
Vamos lá refletir sobre o tema?
O Livro de Urantia nos esclarece que: “As formas iniciais da oração não eram dirigidas ao plano espiritual. Essas expressões eram muito parecidas com aquilo que podemos falar a um amigo quando diante de um empreendimento importante: Desejo-lhe sorte!”.
Nossos antepassados podemos dizer que eram condicionados à magia; a sorte, boa ou má, entrava em todos os assuntos da vida.
A princípio, esses pedidos de boa sorte, eram monólogos — apenas uma espécie de pensamento em voz alta, feito pelo servo da magia.
Em seguida, os crentes da sorte acrescentavam o apoio dos seus amigos e das suas famílias, e logo algum ritual de cerimônia era realizado de modo a incluir todo o clã ou toda a tribo.
Quando os conceitos sobre os espíritos evoluíram, esses pedidos passaram a serem dirigidos a entidades supra-humanas e, com a consciência dos deuses, essas expressões alcançaram os níveis de prece genuína.
Na Índia, uma tribo de nome Toda, atualmente, observa essa prática de não dirigir a prece a ninguém em particular, exatamente como o faziam os povos primitivos, antes dos tempos da consciência espiritual. Os rituais recentes dos sacerdotes dos Todas não representam uma cerimônia religiosa, porque essas preces impessoais não contribuem em nada para a conservação, nem para o engrandecimento de quaisquer valores sociais, morais ou espirituais.
Nesse processo evolucionário primitivo, nossos antepassados dirigiam as suas preces aos deuses identificados— locais e nacionais — fetiches, amuletos, governantes e pessoas comuns.
Os fundamentos da prece primitiva tiveram função nas religiões evolucionárias primitivas tendo como missão conservar e ampliar os valores sociais, morais e espirituais essenciais que aos poucos iam tomando forma.
Essa missão das religiões não é conscientemente observada pela humanidade, mas é realizada, principalmente, pelo poder espiritual da oração.
A prática da prece representa um esforço involuntário, pessoal ou coletivo, de qualquer grupo para assegurar, tornar real essa conservação dos valores mais elevados. Faz sentido?
Todavia, não fora a salvaguarda proporcionada pela oração, todos os dias sagrados transformar-se-iam rapidamente em meros feriados.
Portanto, quando nossos ancestrais primitivos tentaram gratificar as suas emoções mais basais, ou realizar as suas ambições não disfarçadamente egoístas, eles ficaram privados do consolo e da ajuda do poder espiritual da oração. Quando os tribais buscavam realizar qualquer coisa ante social, viam-se obrigados a buscar a ajuda da magia não religiosa, recorrendo a feiticeiros, ficando, assim, privados da assistência do poder espiritual da oração.
A oração, portanto, muito cedo se tornou poderosa promotora da evolução social e moral.
Mas a mente primitiva não era nem lógica, nem coerente. Nossos antepassados não percebiam que as coisas materiais não eram do domínio da oração.
Essas Almas de mentes simples que não conseguiam ir além das percepções dos nossos cinco sentidos, constataram que a comida, o abrigo, a chuva, a caça e outros bens materiais aumentavam o bem-estar social e, assim sendo, começaram a fazer preces para obter mais dessas bênçãos materiais. Está claro?
Esse desmerecimento do poder espiritual da oração, embora aviltasse os valores sobrenaturais de um povo, não obstante elevava diretamente seus costumes econômicos, sociais e éticos
A prece então apenas um monólogo, para o tipo mais primitivo de mente, muito cedo se transforma em um diálogo e rapidamente se expande ao nível do culto grupal. Correto?
A prece significa que os encantamentos pré-mágicos das religiões primitivas evoluíram até o nível no qual a mente humana reconhece a realidade dos poderes benéficos ou dos seres capazes de elevar os valores sociais e de ampliar os ideais morais e, mais ainda, expressa que essas influências são supra-humanas e distintas do nosso ego como seres humanos autoconscientes.
A oração verdadeira, portanto, não surge antes que a ação da ministração espiritual seja visualizada como pessoal.
Rudolf Steiner (1861-1925) filósofo austríaco, esoterista, em uma Conferência proferida em Berlim em 1907 afirmou: “Quem medita, embora de modo simples, por meio de qualquer das fórmulas dadas pelos instrutores espirituais da humanidade, fazendo viver em seu próprio espírito uma fórmula, um conteúdo mental significativo – não deve tratar-se de um pensamento qualquer, e sim de um pensamento transmitido por Mestres da sabedoria e da harmonia dos sentimentos – quem medita, pois, vivificando em seu coração essas fórmulas, experimenta uma união com a suprema espiritualidade; é impregnado por uma força suprema e nela vive.”
O poder espiritual da oração iluminada reconhece não apenas o Ser Maior Criador Deus como Entidade Suprema, mas também a intimidade da Sua Divindade no interior dos nossos corações.
Continuaremos na próxima edição.
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Marcos F C Porto – Terapeuta Holístico - Psicoterapia Holística Transpessoal – CRT 44432, Diplomado em ITC - Integrated Therapeutic Counselling, Stonebridge, UK, trabalha auxiliando pessoas na busca da sua essência, editor do OTIMIZE SEU DIA! há 23 anos, autor do livro - Redescobrindo o Eu Verdadeiro, facilitador de Grupos de Reflexão há 20 anos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
