Espiritualidade - o silêncio espiritual
Atualizado dia 8/10/2013 9:18:11 PM em Espiritualidadepor Marcos F C Porto
Agradeço muitíssimo aos Mestres pela inspiração e a vocês queridas (os) leitoras e leitores por seu apoio ao trabalho!
Parafraseando São João da Cruz (1542-1591) Doutor da Igreja, afirmamos: "O silêncio é o idioma universal de Deus".
Silêncio é o contexto normal, no qual a reflexão espiritual ocorre.
Devemos distinguir os tipos de silêncio - há o silêncio exterior com a suspensão das palavras, barulhos e agitações, e há também o silêncio interior muito mais exigente.
Vamos, então, refletir sobre o tema?
A maioria de nós está familiarizada com o primeiro tipo de silêncio, embora consigamos pouco ou nada, que seja suficiente para nossa nutrição espiritual.
É o tipo de silêncio que normalmente praticamos nas manhãs nos dias tranquilos, às vezes até costumamos usufruí-lo como a "liberdade do silêncio".
Com a interrupção do tumulto habitual em nossas vidas, encontramos tempo para nossa introspecção interior, permitindo nossa mente vagar.
Eventualmente, poderemos nos debruçar sobre um texto de espiritualidade, deixando imaginação e sentimentos nos conduzir mais profundamente no conteúdo dele.
Ou então simplesmente colocar o texto de lado, irmos para um passeio no parque, permitindo que a tranquilidade do ambiente e a relativa quietude das pressões externas, possa nos levar mais profundamente ao contato conosco mesmo, ouvindo então atentamente a forma de como estamos nos sentindo.
Neste tipo de reflexão, a livre associação da mente fornece a chave para a renovação, e o silêncio nos dá o pano de fundo para que este trabalho continue. Faz sentido?
“O silêncio não é ausência de som, mas sim uma mudança de atenção para os sons que falam à Alma" -Thomas Moore (1478-1535), filósofo e estadista inglês, considerado um dos grandes humanistas do Renascimento, foi decapitado por discordar da política absolutista do rei Henrique VIII da Inglaterra.
No entanto, há outro tipo de silêncio, menos familiar para a maioria de nós.
Neste tipo de silêncio, nosso aprofundamento é no sentido espiritual.
Às vezes, chamado de "silêncio intencional" ou usando a descrição genérica, é um esforço meditativo deliberado feito para conter o vagar da mente, seja por desaceleração do processo de pensamento, ou através do desenvolvimento de uma forma de nos separar dela.
Silêncio intencional quase sempre é realizado como trabalho de aprofundamento espiritual, e não acontece naturalmente para a maioria das pessoas, e há de fato, uma resistência considerável da própria mente.
As dúvidas em perguntas poderão ser: "Você sugere para eu apenas sentar, e deixar a minha mente em branco, sem pensar?"
Em seguida, quando o diálogo interior começar a intensificar-se, nos perguntaremos: "Isso é algum tipo de oração?” “Como pode Deus me dar imaginação, raciocínio e sentimentos, e depois esperar que eu não os possa usar?" "Para onde é que irei, se parar de pensar?" "Isso é seguro?"
A prática do silêncio intencional implica em lidarmos com esse tipo de resistência interior, como sendo parte inevitável do seu desenvolvimento.
Na verdade, a experiência nos diz que 90% do segredo para estabelecermos com sucesso a prática do silêncio intencional, está em querer fazê-lo.
Então, consideraremos essa dúvida primeiro, tudo bem?
Talvez o argumento mais poderoso seja o da expressão da nossa vontade. Está claro?
Praticamente toda tradição espiritual que mantém uma visão de autotransformação em nossos corações como seres humanos espirituais, também afirma que a prática do silêncio intencional não é negociável.
Apenas temos de praticá-lo, quer seja por meditação pelo métodos tradicionais, considerando sempre a afirmação universal que esta forma de prática é essencial para nosso despertar espiritual.
Quando falamos de "autotransformação" e "despertar", devemos deixar claro que não estamos usando qualquer terminologia dogmática.
"Na atitude de silêncio, a Alma encontra o caminho em uma luz mais clara, e o que é ilusório e enganoso resolve-se em clareza cristalina” - Mahatma Gandhi (1869-1948) líder espiritual hindu, responsável pela libertação da Índia do domínio inglês.
O silêncio espiritual é o grande agente de auxílio da nossa autotransformação como seres humanos espirituais.
A maioria dos grandes mestres espirituais do universo nos ensina que nós seres humanos, somos vítimas de um trágico dualismo de identidades trocadas.
A pessoa que normalmente desempenhamos, levando-nos a ser ocupados, ansiosos e tão preocupados com nossos objetivos, medos, desejos e questões não resolvidas, nunca é sequer remotamente quem realmente somos. Correto?
Esta confusão entre nosso pequeno ego e o Eu-Self maior – conhecido nas tradições como nosso "Eu Verdadeiro", "Eu Essencial" - é a ilusão central da nossa condição humana.
Ao descortinarmos essa ilusão através do silêncio espiritual, iremos gradualmente atingindo o despertar espiritual.
Este será o critério por onde poderemos avaliar a cada momento, o quão íntimo está nosso relacionamento de Alma com o Ser Maior Criador Deus.
Voltaremos ao assunto.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 8
Marcos F C Porto – Terapeuta Holístico - Psicoterapia Holística Transpessoal – CRT 44432, Diplomado em ITC - Integrated Therapeutic Counselling, Stonebridge, UK, trabalha auxiliando pessoas na busca da sua essência, editor do OTIMIZE SEU DIA! há 23 anos, autor do livro - Redescobrindo o Eu Verdadeiro, facilitador de Grupos de Reflexão há 20 anos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |