Estamos com medo de amar?
Atualizado dia 8/23/2010 9:41:01 PM em Espiritualidadepor Flávio Bastos
O "atrevimento", no sentido da ousadia e das conquistas, faz da mulher do século vinte e um, se igualar ao homem na busca do prazer sexual sem compromisso, contrariando, dessa forma, uma orientação natural até então atribuída à psicologia masculina.
A emancipação feminina, que teve início na segunda metade do século vinte, fez a mulher sair da condição "do lar" e assumir, aos poucos, funções que eram atribuídas somente aos homens. Com a conquista de etapas no seu processo de independência da figura do macho, a mulher passa a desejá-lo sexualmente da mesma maneira que foi, historicamente, desejada por ele, ou seja, sem amor no sentido do compromisso.
A busca pela satisfação sexual sem envolvimento emocional, torna a mulher igual ao homem. Muda, portanto, a psicologia feminina no que diz respeito às suas expectativas de relacionamento com o sexo oposto, uma vez que a mulher passa a privilegiar o sexo sem amor como um desejo imediato e consciente.
No entanto, nos bastidores dessa busca por prazer sexual, ambos os sexos revelam suas insatisfações e incompreensões em relação ao significado do amor em suas vidas. Talvez a descrença no amor, motivada pelo crescente número de separações de casais, associado ao imediatismo da vida moderna, faça da busca pelo sexo sem amor, a "vávula de escape" de tensões diárias e, principalmente, das necessidades afetivas do homem e da mulher.
Tudo indica que estamos nos "conformando" na busca do prazer sexual sem amor como forma de nos sentirmos aliviados da demanda afetiva, ou seja, ao priorizarmos a satisfação sexual e evitar o envolvimento emocional, inconscientemente nos protegemos de possíveis frustrações ou decepções no âmbito do amor assumido.
O homem e a mulher, pelo medo da entrega, passam a abdicar do amor em suas relações íntimas. O carinho e o afeto momentâneos, somados à possibilidade do orgasmo, são suficientes como opção de prazer na troca de energias sexuais sem compromisso.
A tendência moderna do sexo sem envolvimento emocional, altera significativamente os conceitos sobre a psicologia feminina, tornando a busca pelo amor entre o homem e a mulher, algo cada vez mais distante de ser alcançado. E se não flui o amor fundamentado em valores espirituais, ambos os sexos deixam de experenciar aprendizados que servem para o amadurecimento emocional e a evolução do espírito.
A sexualidade, sob o ponto de vista dos valores espirituais, é um importante complemento do amor. A entrega e a troca de energias no ato sexual são imprescindíveis para que os parceiros mantenham acesa a chama do amor que exige cumplicidade, companheirismo e aprendizado mútuo. Sem esses ingredientes, a relação torna-se pobre de valores e centralizada na satisfação de instintos que podem proporcionar aos envolvidos, sensação de prazer ou de frustração.
A crise de valores que afeta a sociedade moderna, aponta o amor como vilão e vítima. E esse paradoxo tem uma explicação à luz da consciência, à medida que consideramos ser o amor a causa de nossas desilusões amorosas e, ao mesmo tempo, reconhecemos ser o sentimento que falta para que o homem consiga erradicar a violência e estabelecer a paz duradoura em seu mundo.
Na verdade, a crise de valores revela que tanto o homem quanto a mulher estão com medo de amar, porque o amor significa expor o seu sentimento e entregar-se de corpo e alma à outra pessoa. Por isso, ambos ficam na defensiva e com medo de revelar um sentimento que pode representar futura decepção amorosa.
O amor está em crise porque passamos a adotar com a globalização, uma visão imediatista da vida e das relações interpessoais, onde a busca pela satisfação sexual torna-se uma "opção simplificada" entre a necessidade fisiológica e a demanda afetiva.
A adaptação humana às exigências do competitivo mercado de trabalho, faz das relações afetivas uma moeda de troca entre os sexos. Troca que ninguém sai perdendo desde que não haja envolvimento emocional e compromisso...
Estamos trocando amor por sexo, o que poderá nos custar caro, pois o "custo-benefício" dessa opção coloca o sentimento em segundo plano, o que faz do prazer imediato e fugaz, a sensação mais importante na relação íntima entre o homem e a mulher.
Psicoterapeuta Interdimensional.
flaviobastos
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 20
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |