Estefânia, nazista e menina/luz
Atualizado dia 12/04/2015 17:59:03 em Espiritualidadepor Wilson Francisco
Na corrente sanguínea, as moléculas de hemoglobina tinham um defeito no mitocôndrio, que é a parte que capta a molécula de oxigênio e a carrega para as células do corpo.
Estefânia morria, a cada dia, asfixiada, e o pulmão de aço (respirador mecânico) lhe era o auxílio, na internação hospitalar constante.
Sua mãe, Doralice, uma jovem senhora mãe de outra duas filhas mais velhas, e seu pai, engenheiro arquiteto, davam-lhe muito carinho e atenção.
Um dia, em 1991, alguém falou para a mãe sobre o Denir e ela enviou uma carta com um retratinho de Estefânia com um aninho e meio, antes da doença minar-lhe o corpo.
E este meu amigo, no seu grupo de fraternidade, sediado ainda em sua casa, num quartinho dos fundos, começou a dar a atenção à Estefânia, carinhosamente chamada de Tetê. E a pedido de Dr. Frederich, (espírito) íam Denir e Cleusa, de quando em quando, à cidade que ela residia, perto de Belo Horizonte, para visitar Estefânia e cuidar dela pessoalmente.
Juntavam-se a algumas pessoas da equipe mediúnica do Centro Espírita de lá e se reuniam na casa de Estefânia e ela ali no carrinho de bebê, assistia a tudo. Não falava, não mexia com os membros, a cabeça sempre caída, mas sinalizava que entendia tudo.
Foram cuidando de Estefânia e descobrindo o seu passado e então aconteceu uma história linda, dentro daquela tragédia toda da lei de ação e reação...
Surgiu numa reunião, um jovem médico/espírito que se deu o nome de Rômulo, e declarava todo o seu amor por Estefânia.
Hora ele vinha por uma médium, ora por outra e sempre mancando do lado direito e com o braço direito encolhido. Atuava aqui pela médium Marise e, em Barra do Piraí, pela médium Valéria.
Colocava a mão sobre os doentes e muitos se restabeleciam. Nada foi contabilizado, pois Dr. Frederich (orientador espiritual), informava não ser importante.
Os doentes vinham e depois desapareciam, como se dá nessas circunstâncias quando o benefício é recebido.
Rômulo foi visto pelos médiuns do centro da outra cidade, mas não foi dada oportunidade para ele, pois a casa espírita de lá não aceita a ação mediúnica de cura.
E no desdobrar da história, trazida pelos espíritos dirigentes do grupo e pelo próprio Rômulo, ele e Estefânia foram médicos no tempo do Nazismo e se deixaram levar pela maciça divulgação de Goebels, o ministro da propaganda de Hitler, sobre a necessidade do arianismo ou raça pura e sobre a eugenia.
Eles trabalharam como médicos cientistas nos experimentos com seres humanos, na tentativa de aperfeiçoar a raça humana e assim, enganados por si mesmos, corromperam o juramento de Hipócrates a que se haviam comprometido no dia do recebimento do diploma de médicos.
Rômulo morrera, ainda durante a guerra, quando uma máquina elétrica que ele aperfeiçoava, explodiu e o eletrocutou, queimando-lhe por inteiro, um lado do corpo. Esta a razão de manquitolar e ter defeito no braço, quando se apresenta nas sessões.
Estefânia fizera experiências em judeus, com gases mortíferos; para criar elementos que anulassem uma possível batalha por bombas de gases, proibida pelo tratado de Versalhes, após o primeiro conflito mundial.
Quando Estefânia, agora menina, sucumbia em asfixia, e era internada para ficar presa ao respirador mecânico, Rômulo exultava, pois acreditava que ela iria morrer e ele a teria logo, logo, em seus braços.
Estefânia sobrevivia, e Rômulo permanecia em sua obra humanitária, melhorando e curando muitos e sempre grato pela oportunidade que era oferecida.
Certa vez, desprendida do corpo, Estefânia veio em uma reunião e foi vista, como uma jovem bonita.
Falou com o grupo, normalmente, mas não entendia muito bem o que lhe acontecia, e falava com certa altivez, como se fosse superior.
Sua percepção visual era vaga, mas ouvia nitidamente, na sua língua germânica e o grupo a ouvia em português simples.
Agradecia, porém, tudo de bom que estavam fazendo por ela.
As curtas e repetidas manifestações mediúnicas de Rômulo foram lhe dando a oportunidade de diminuir os seus aleijões. Eles eram resultantes da mente culpada e idealizada no momento trágico de seu ultimo desencarne.
Quando Estefânia deixou o corpo, já mole e frágil, e se foi para o plano dos espíritos, Rômulo sumiu sem se despedir, tinha pressa de socorrer a sua amada.
Rômulo deixou saudades no grupo. Era sempre uma alegria sua participação nas reuniões.
De quando em quando Denir telefonava para a família, ou a mãe ligava para ele e depois, um silêncio mais longo.
Há uns vinte dias, a mãe telefona toda feliz para contar que, num curso sobre mediunidade em que ela está participando, na hora do treinamento, Estefânia veio para agradecer e dizer que irá renascer em breve, para tão somente fazer o bem, na corrida inelutável de ressarcimento de todos os males que praticou, enganadamente, porque na época passada supunha que se alguns morressem em experimentos, muitos e muitos se salvariam.
O modelo macabro de ideologia do nazismo que fez destruir o caminho evolutivo de muitos que nasceram naquela época e tinham diante de si uma decisão tão terrível, e não tiveram coragem ou não souberam eximir-se. (Ah! O Livre-Arbítrio quando mal aplicado!).
Na reunião citada pela mãe, Estefânia lembrou-se daquele senhor de bigodes (a médium não soube interpretar o nome do Denir) e pediu a sua mamãe que falasse a ele da sua gratidão.
A essa altura, o grupo do Denir, credenciado pela experiência Estefânia/Rômulo, já estava se envolvendo com outros ”nazistas”, espíritos presos ainda à situação que se envolveram e com os mesmos ideais loucos de domínio do mundo.
E alguns Espíritos, agora reencarnados, são jovens trazidos à escola espírita junto ao grupo, atraídos pela Lei Divina e pela afinidade.
Um deles, sofrendo males menores, de difícil diagnóstico pela medicina oficial, é educado e atencioso com todos. Outro é jovem estudante aplicado e "médium", nascido de mãe doente, e com uma cultura natural excelente, e leitor inveterado de tudo o que lhe cai nas mãos e vezes tantas já sabendo com facilidade enorme de todos os temas.
Descobriram quem foram os dois nos tempo do nazismo, e eles agora fazem parte da equipe mediúnica.
Muitos espíritos “judeus”, vingadores, na sua natural exigência de justiça pelas próprias mãos, passaram a ataca-los e também ao grupo.
Surgiram muitos problemas nas reuniões e foi difícil sustentar o equilíbrio. Estes espíritos se irritaram porque o grupo ajudava aqueles “opressores inocentes".
A metodologia do grupo é de não acusar espírito algum e nem os leva a ver vidas anteriores, atitude que pode impactar. "A semeadura é livre e a colheita é obrigatória".
O grupo apenas abre os corações, e enquanto tais espíritos, perseguidores implacáveis, não conseguem sentir as vibrações de carinho e amor, ficam dentro de suas armaduras, enquanto a vibração amorosa, transformada em energias salutares pelos espíritos especialistas que participam das tarefas de amparo, se aproveitam delas.
Chega, então, o momento que tais espíritos deparam-se consigo mesmos, e a misericórdia divina, providenciada pelos espíritos socorristas que os trazem à reunião (como em todas as casas espíritas), tais espíritos acabam, sentindo o bem-estar das vibrações transformadas em bálsamo calmante por sobre eles, e então espíritos outros, muitas vezes, as esposas ou mães, que os amam de verdade, aproximam-se e eles se deixam levar, adormecidos para locais apropriados no plano espiritual, onde e quando iniciarão um processo de reeducação mental, preparando-se para futura encarnação.
A batalha de resgate é contínua, pois outros espíritos e encarnados "nazistas” chegam e aqueles a quem eles feriram de morte, e hoje no mundo espiritual, muitos permanecem na revolta e fazem cadeia para si mesmos, e se alimentam desse ódio.
É difícil desembaraçá-los dessa teia de horror revivida a cada reencontro com seus algozes, hoje, na carne, ou ainda lá no plano espiritual.
Estefânia precisa treinar, ou melhor. Re-treinar tudo sobre o que aprendeu de medicina, agora, na arte de curar, e aperfeiçoar as técnicas de manipulação do fluido universal.
Entendendo, o Denir, que poderia fazer uma homenagem a Estefânia em alguma palestra, preparou-se, pensando sempre em Estefânia, com carinho e saudades.
Havia, ainda, algo que ele não sabia, porém pressentia.
No Carinho Miúdo, nome do grupo, eles tem sempre um orador, amigo ou do movimento espírita regional. Mas, o convidado para o dia 11 de Fevereiro, não pode ir. Então ele fez a palestra.
Falou de Hipócrates e seu juramento aceito por todas as escolas de medicina do mundo ocidental, e falou da medicina do tempo do nazismo e expôs a chaga daquele drama terrível. E contou a história de Estefânia e Rômulo. O titulo da palestra foi “Estefânia e Rômulo. Um Amor do Outro Mundo ou A Misericórdia Divina” .
Após a palestra, uma das médiuns do Carinho Miúdo, se recusou a ir para a sala de atendimento, por declarar-se muito cansada (ela é fotógrafa e muitas vezes, fica em casamento ou aniversários, até de madrugada) seu nome Débora. Sentada numa das primeiras cadeiras fica mediunizada e o Denir vai lá atendê-la.
O Denir estava emocionado, assim como as dezenas de pessoas do salão.
E o espírito se identifica, também emocionado. Eh Estefânia, e quer agradecer por tudo, e então ele pergunta se a médium aceita falar para o público e ela diz com naturalidade que sim (a médium apesar de fotógrafa, é tímida no tema mediunidade). Denir levanta a médium e ela se vira para a os presentes e fala firme e segura e diz o quanto está emocionada por todo o carinho que foi dado quando iam cuidar dela em sua casa.
E diz de sua necessidade de ajudar aos doentes que chegam a casa espírita e já queria entrar na sala de atendimento. Mas não foi possível pois a emoção dela e de todos foi muito grande.
Débora, muito emocionada, mas também temerosa e cansada, retornou logo depois para casa.
Iniciava-se ali, uma nova ordem para as tarefas de amor ao próximo no grupo.
Começaram a organizar reuniões (fazem isso periodicamente, mas agora se faz necessário isso mais constante) para esclarecer a todos, sobre o comprometimento mais serio que seria exigido, quanto ao comportamento pessoal de cada um.
E, em todas as reuniões foram tendo contato com os espíritos planejadores das tarefas, alertando-os para busca da segurança e do “Vigiai e Orai”.
Wilson Francisco
(Denir Lopes
Volta Redonda - Fevereiro de 2007)
Texto Revisado
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