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Fazer o Ordinário de forma Extraordinária

Atualizado dia 11/1/2011 10:21:30 AM em Espiritualidade
por Regina Ramos


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Preparar a mesa para o almoço do dia a dia sempre com capricho, surpreendendo os familiares, de vez em quando, com um guardanapo de papel bonito, ou com um jogo americano diferente. Fim da tarde de domingo e o aconchego de um lanche servido na louça de dia de festa, por que não? Para que guardar a porcelana branca apenas para ocasiões especiais? Acrescentar algo mais, mesmo ao fazer um favor, como aquela senhora que ao emprestar dinheiro para uma amiga, colocou no envelope um bonito cartão com os dizeres: “Obrigada por me dar a oportunidade de praticar o desprendimento”. E ainda como aquele pai que, em um dia ordinário, mandou flores para a filha adolescente dizendo: “Você me faz recordar a importância da espontaneidade. Obrigado”. Trazer o extraordinário para o dia a dia pode nos fazer feliz, e melhor, fazer feliz àqueles com os quais convivemos. Acredito que todos nós temos na família alguém que naturalmente cultiva o extraordinário, dando um toque especial, ou colocando um “mais” nos atos simples da rotina. O extraordinário não precisa ser grande, basta ser algo sincero, vindo do coração. Às vezes, até bem simples, porém, cheio de grandeza.

No campo sexual, há muito apelo para os parceiros amorosos “saírem da rotina”. As mulheres casadas, principalmente, são culturalmente pressionadas a investirem em lingeries e outros acessórios cheios de fetiches para manterem o interesse sexual de seus maridos, por ter o homem o sentido da visão mais apurado. Por que só em relação ao sexo há todo esse apelo para colocar o extraordinário no ordinário? Por que não há igual apelo para cultivarmos o extraordinário no dia-a-dia? Questão de cultura. O extraordinário, em outras áreas, ficou para os dias “extraordinários”, como o dia do aniversário natalino, aniversário de casamento, Dia dos Namorados, Dia das Mães, Dia dos Pais, e assim vai. Tirando as datas mais pessoais, como aniversário natalino e outras datas que são importantes para as pessoas envolvidas, os outros “Dias disso, ou daquilo” são festas para o comércio.

O Natal já está aí, batendo à nossa porta. Logo começa a loucura para a compra dos presentes, e o endividamento para algumas pessoas! Todo ano é a mesma coisa: a TV mostrando os shoppings e ruas de comércio mais barato lotados de gente! Encontrões, calor, sufoco. Na véspera, então, um horror! Tudo para a data “extraordinária” do Natal, que pede roupa nova, mesa farta, louça especial. Nessa confusão, eu não me meto!
Contudo, eu adoro o Natal. É para mim a época mais bonita do ano. Ruas, prédios e casas enfeitadas, vitrines decoradas criativamente, árvores cheias de luzinhas brancas e coloridas e com lindos enfeites, magia no ar. Época em que as pessoas são estimuladas a praticar mais o perdão, pois o “espírito natalino” é sentido em toda parte, mesmo nos lugares em guerra. No meu entender, o Natal é, sim, para ser comemorado de forma “extraordinária”, com mesa bonita, farta (sem desperdício), talvez seja melhor dizer, variada, com aqueles assados que exalam cheiro apetitoso por toda casa, logo de manhã quando os preparativos começam!

Todavia, embora haja datas para o extraordinário, este é muito bem-vindo e talvez se torne mais extraordinário ainda, quando é praticado dentro do ordinário. São gestos de carinho para com a nossa casa, para com os nossos familiares, nossos amigos e mesmo para com os desconhecidos. Minha irmã sempre oferece carona para pessoas que estão esperando ônibus no ponto, principalmente quando se trata de uma senhora, ou uma mãe com filho pequeno. As pessoas se surpreendem com o gesto dela, e algumas ficam até mesmo desconfiadas, com medo de serem vítimas de algum dano. Isso se dá porque vivemos em um país de forte violência urbana, mas também porque talvez não estejamos habituados com a prática do extraordinário no ordinário.
Para terminar, mais um exemplo dessa prática que deixa a vida mais bonita: um filho que ao ajudar a mãe a pôr a mesa em um dia comum, pegou um prato e talheres da louça especial guardada na cristaleira e o colocou no lugar onde a mãe se senta à mesa. “Meu filho, o que é isso? O que esta louça especial está fazendo aqui?” – e o filho, abraçando-a, falou: “Louça especial para alguém muito especial!”

Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Regina Ramos   
Professora de Português, Francês, História da Educação e Filosofia da Educação. Orientadora Educacional e Consultora Pedagógica. Palestrante. Taróloga.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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