FRANCISCO, O SANTO PANTEÍSTA
Atualizado dia 03/10/2012 00:22:05 em Espiritualidadepor Amigos da Teosofia
::Carlos Cardoso Aveline::
As antigas lendas sobre santos, sábios e heróis são formas de ensinar cuja eficácia parece apenas crescer à medida que passa o tempo. Elas falam diretamente à alma. Elas transmitem informação ao hemisfério cerebral direito, que funciona como instrumento da experiência mística na consciência humana.
Tais narrativas devem ser reconhecidas e valorizadas como lendas: não é correto encará-las como verdadeiras num sentido literal.
A prática mais modesta da biografia documentada é recente. O que se ganha com ela em documentação material perde-se, às vezes, em profundidade. Nem todos são capazes de conciliar a linguagem da alma com uma documentação correta e verificável.
Há milênios, a história das vidas dos grandes instrutores religiosos tem sido quase sempre lendária. Seu significado não é óbvio. Para a filosofia esotérica, as vidas de sábios como Cristo, Osíris, Buddha, Krishna, Lao-tzu ou Zoroastro são exemplos de linguagem simbólica. Elas devem ser lidas em profundidade, e Francisco de Assis, o santo do século 13, está longe de ser uma exceção. A lenda franciscana transmite lições universais, que podem ser colocadas criativamente em prática pelos habitantes do século 21.
Espírito Vivo Transcende Especulações
Quando vamos além da letra morta, percebemos a unidade essencial entre os diferentes campos de conhecimento. Cada religião ou filosofia pode ensinar algo valioso à alma humana, mas nenhuma delas é suficiente em si mesma. O espírito da sabedoria está acima das divisões e especulações intelectuais. Francisco de Assis mandou carta a Antônio de Pádua pedindo que ensinasse teologia aos irmãos, "contanto que este estudo não extinga o espírito da santa oração e da devoção". [1]
A ideia constitui um axioma central em filosofia esotérica. É imprescindível estudar os aspectos teóricos da teosofia original, e eles são fascinantes; mas Helena Blavatsky escreveu: "teosofista é aquele que age teosoficamente". Na ausência de uma devoção sincera à causa da humanidade, o discurso "espiritualizado" pode fazer mais mal do que bem. A silenciosa contemplação interior das verdades universais é necessária. A prática diária do ensinamento é igualmente decisiva. Este é um dos pontos em que Francisco bate na mesma tecla que a filosofia esotérica.
No documento "Palavras de Santa Exortação a Todos os Irmãos", ele afirma:
"A letra mata, mas o espírito vivifica (2 Cor 3:6). São mortos pela letra os que tão-somente querem saber as palavras, a fim de parecer mais sábios que os outros e poder adquirir grandes riquezas e dá-las aos parentes e amigos. (.....) São, porém, vivificados pelo espírito das Sagradas Escrituras aqueles que tratam de penetrar mais a fundo em cada letra que conhecem, e não atribuem o seu saber ao próprio eu, mas pela palavra e pelo exemplo o restituem a Deus..." [2]
Cabe examinar o que significa a palavra "Deus". Cada religião, cada igreja e até cada crente individual fabrica Deus à sua própria imagem e semelhança. Para a filosofia esotérica, porém, não existe qualquer coisa semelhante a um deus monoteísta. Há, em todas as dimensões do cosmo infinito, uma imensa pluralidade de energias e inteligências divinas.
A Lei Universal ou Lei do Carma rege o universo inteiro. Toda a Natureza é sagrada, e Francisco parece ter percebido este fato intuitivamente. Embora tenha procurado manter-se obediente às instituições autoritárias da Idade Média, as suas inclinações teosóficas e panteístas são evidentes, e são profundas.
NOTAS:
[1] "Os Escritos de São Francisco de Assis", Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 1979, 289 pp., ver p. 162.
[2] "Os Escritos de São Francisco de Assis", Editora Vozes, p. 142.
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