Gentileza
Autor Maria Ivone Neto Mourão
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 19/01/2010 22:16:12
Esses dias li um texto que citou a falta de gentileza nos dias atuais. E realmente vivemos "tempos modernos" corridos e com diferentes ângulos de visão e ação. Porém, embora tudo esteja em constante transformação, há valores e virtudes tão antigas e contemporâneas ao mesmo tempo que deveriam ser perpetuados eternamente. A gentileza é uma dessas virtudes e ser gentil vai muito além de ser educado. É uma característica sublime refletida em muitas ações do nosso cotidiano.
Essa semana, crianças que brincavam de bola na rua próxima da minha casa retrataram de modo especial o significado dessa palavra que espero não se torne rara na convivência entre as pessoas. Eu descia do mercado e carregava muito volume, coisas de mãe que quer trazer de uma só vez as frutas e outros alimentos para as filhas. Um grupo de crianças brincava e interrompeu a brincadeira, uma prática que eles sempre adotam quando alguém passa pela rua e elas estão jogando, só que para minha feliz surpresa, além disso, todas vieram ao meu encontro oferecendo ajuda para levar minhas compras até em casa.
Fiquei muito alegre e agradecida e na hora lembrei-me do artigo que eu tinha lido dias antes. Fiquei comovida em ver esse gesto gentil das crianças e ver que a gentileza faz parte da natureza humana em todo tempo, em todas as idades. A gentileza é generosa e é ofertada espontaneamente por pessoas que são tocadas no coração e protagonizam em suas vidas lições e laços de amor ao próximo.
É pena que muitas pessoas façam o contrário. Dias antes estava em um ônibus que seguia para o sul de Minas indo com minhas filhas viajar e presenciei uma cena tão desagradável e desrespeitosa que fiquei chocada. Uma moça, irritada com um senhor que estava a sua frente e não chamou o motorista com rapidez para avisar que ia descer berrou: "bate na porta seu anta". Uma senhora, que estava ao lado disse com tom suave: "calma, tem que ter paciência com gente de idade". Minha filha olhou espantada e eu segurei minha pequena Isa no banco e com o outro braço bati na porta e chamei o motorista. A moça desceu resmungando e seguiu com sua pressa. Eu fico pensando onde essa pressa irá chegar.
Essas diferentes situações ilustram o quanto as pessoas são distintas e como é diferente uma ação positiva de uma negativa. Isso me fez refletir sobre os opostos. De um lado há falta de alimento nutritivo para a alma e do outro ainda há o cultivo de relações pautadas pelo amor, respeito e ética com o próximo. Como disse o profeta Gentileza cantado por Marisa Monte: "Gentileza gera Gentileza".
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