Indra e o desfile das formigas, parte II
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Autor Rosemary Rezende
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 25/03/2009 11:11:20
— Vi as formigas, retrucou o menino, enfileiradas num longo desfile. Cada uma delas já foi um Indra.
Como tu, cada uma ascendeu à categoria de rei dos deuses. Agora, porém, através de muitos renascimentos, cada qual voltou a se transformar em formiga. A devoção e os atos superiores elevam os seres vivos ao reino glorioso das mansões celestiais. Mas os atos de maldade as fazem mergulhar nos mundos inferiores, em poços de dor e aflição.
É pelos atos que se faz por merecer a felicidade ou a angústia, e que se vem a ser amo ou criado. Essa é a essência do segredo. A vida, no ciclo dos inúmeros renascimentos, é como uma visão onírica. Os deuses, as árvores e as pedras são como aparições nessa fantasia. Mas a Morte administra a lei do tempo e é senhora de todos. O bem e o mal dos seres do sonho são perecíveis como bolhas. Por isso, os sábios não se apegam ao mal nem ao bem. Os sábios não se apegam a coisa alguma.
O menino concluiu essa lição aterradora e olhou serenamente para seu anfitrião.
O rei dos deuses, apesar de todo seu esplendor, tornara-se insignificante diante de seus próprios olhos. E então outra aparição entrou no salão de Indra. O recém-chegado era um eremita, com o cabelo em desalinho e as roupas esfarrapa¬das. Um estranho círculo de cabelos crescia em seu peito. Ele se agachou no chão entre Indra e o menino, e permaneceu imóvel como uma pedra. Então o menino perguntou ao eremita seu nome e seu objetivo, e indagou qual era o sentido do estranho círculo de pelos em seu peito.
O ancião sorriu. — Sou um brâmane. Meu nome é Cabeludo, e vim aqui olhar para Indra. Como sei que tenho a vida curta, não tenho lar, não construo casas, não me caso e não busco meu sustento. Vivo de pedir esmolas. Este círculo de pelos em meu peito ensina a sabedoria. Com a queda de um Indra, cai um fio de cabelo. É por isso que, no centro, todos os pelos se foram. Quando o atual Brahma morrer, eu também morrerei. De que servem, portanto, uma mulher, um filho ou uma casa? Cada piscar das pálpebras do grande Ser Supremo Vishnu registra a morte de um Brahma. Todo o resto é uma nuvem sem substância, que assume uma forma e torna a se desfazer. Toda alegria, mesmo celeste, é frágil como um sonho. Não desejo experimentar as diversas formas bem-aventuradas de redenção. Não desejo coisa alguma e me dedico exclusivamente a meditar aos pés incomparáveis do mais supremo Vishnu.
Subitamente, o santo homem desapareceu e, junto com ele, o menino. O rei dos deuses ficou só, atônito e admirado. Refletiu, e se perguntou se aquilo teria sido um sonho. Mas já não sentiu nenhum desejo de ampliar seu esplendor celestial. Mandou chamar Vishvakarman, cobriu-o de presentes e mandou o deus artesão para casa.
Indra desejou então a redenção. Tinha adquirido a sabedoria e, em sua amargura, desejava apenas se libertar. Resolveu entregar o fardo de seu cargo a seu filho e se refugiar na floresta, numa vida de eremita. Mas sua bela rainha caiu numa infinita tristeza. Implorou ao conselheiro espiritual do rei, Brihaspati, senhor da Sabedoria Mágica, que afastasse da mente de seu marido essa decisão radical. O hábil Brihaspati falou com Indra sobre as virtudes da vida espiritual, mas falou também das virtudes da vida secular, e deu a cada uma seu valor. Indra cedeu e a rainha voltou a ficar alegre. E assim Indra cumpriu o papel que lhe fora destinado no universo transitório do qual era parte, e não mais teve medo ou raiva do desfile das formigas, ou dos Indras que haviam existido antes, e que tornariam a existir, repetidamente, por toda a eternidade.
O mito de Indra e o desfile das formigas requer pouca elaboração; ele fala por si, lembrando-nos de que todos os nossos pequenos esforços humanos de compreender o que o cosmo pode significar e todas as nossas lutas por um lugar de importância no mundo perdem o brilho e a grandeza diante do grande mistério que é a própria vida.
Não é preciso acreditar nos deuses hindus para apreender o que esse mito ensina: que a sabedoria e a realização estão em levar uma vida equilibrada, que se interesse pelo corpo e pelo espírito, e em nos contentarmos por sermos quem somos. Grande ou pequena, divina, humana ou "de formiga", cada centelha de vida faz parte de uma vasta unidade viva, cujas intenções e funcionamento são ordeiros mas estão, em última análise, além de nossa compreensão.
Por termos aceitado uma forma de vida humana, temos um dharma a cumprir; uma missão ou uma tarefa, que escolhemos ainda na espiritualidade e decidimos que era isso oque devíamos fazer na terra.
Essa missão, está de acordo com a nossa natureza espiritual, nossa essência. As escrituras indus, falam de varnasramam: o varna, como missão material,e o asrama, como missão espiritual. Todos temos que cumprir com esses dois requisitos.
Como Indra, talvez tenhamos que construir palácios, ou como Fausto, buscar o conhecimento, ou ainda, como as almas nobres da narrativa de Platão, servir à humanidade. Mas enquanto cumprimos nosso destino individual, é uma boa idéia mantermos uma visão clara das coisas. E lembrarmos do desfile das formigas.
Em outro artigo, falaremos do varnasram indiano, pode até ser um pouco complicado para nós ocidentais. Mas se entendermos isso, conseguiremos o sucesso total de nossa existência.
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Rosemary Rezende Tecnica Agrícola, Medica Veterinária, Homeopata, Terapeuta Holística. Atualmente trabalhando com Terapia Nexus, massoterapia Indiana, Numerologia Indiana, Florais e Homeopatia E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |