Kuruksetra
Atualizado dia 9/17/2012 7:44:57 AM em Espiritualidadepor Marcos Spagnuolo Souza
Dhrtarastra, o rei cego, era o senhor absoluto, significando que o ego dominava sozinho o corpo material, pois nós seres humanos somos uma associação do ego com o corpo material originando um ser psicossomático. Esse ser é representado na batalha de Kuruksetra pelo cego rei Dhrtarastra. Importante lembrarmos que Dhrtarastra usurpou o reinado dos Pandavas (reinado da luz). Chega-se um momento na epopeia em que os Pandavas procuram reaver o reino usurpado pelo cego rei, ocorrendo à batalha de Kuruksetra.
Kuruksetra (campo de batalha) é a representação do nosso corpo onde duas forças lutam pelo domínio: as forças do domínio material e as energias do reino da infinitude. Antes de ocorrer esse enfrentamento o rei Dhrtarastra tinha usurpado o domínio dos Pandavas e comandava sozinho o seu reino, que é o corpo humano. A batalha termina com a vitória dos Pandavas, ou seja, o reino da luz elimina as trevas e o corpo humano passa a ser a representação da energia do mundo sublime. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela”.
No Novo Testamento temos simbolicamente o Rei Herodes associado às forças limitantes do mundo material que busca eliminar o cristo que representa o Sagrado Anjo Guardião que nasce nas cinzas do ego, ou seja, o ego que percebeu sua total insignificância se nulifica atingindo o niilismo absoluto. No silêncio emerge o “nous” a semente divina em nós.
O Sagrado Anjo Guardião nasce no momento em que o ego perde totalmente a crença em si mesmo e no mundo que está inserido se nulificando totalmente. Esse ego que se conscientizou de sua impotência é representado no Novo Testamento por João Batista: sua morada era no deserto usando vestes de pelos de camelo e sua alimentação era gafanhotos e mel silvestre. Pregava o arrependimento por não produzir bons frutos. João Batista, o ego nulificado, não é digno de levar as sandálias do Sagrado Anjo. Os ensinamentos antigos testemunham que tudo que foi gerado na materialidade é representado pela palha que será queimada em fogo inextinguível.
O nascimento do Sagrado Anjo Guardião ocorre no centro das cinzas do ego representado no Novo Testamento pela manjedoura (estábulo ou cocheira). O Sagrado Anjo também conhecido como Emanuel (Deus conosco) nasce e evolui de glória em glória para mostrar a virtualidade do mundo e indicar alternativa divergente do viver no mundo das ilusões.
Cristo, krsna, Pandavas, Sagrado Anjo Guardião é o novo ser que nasce no interior do psicossomático que se nulificou. Importante dizer que em um momento somos ego, no outro momento o ego pode ser nulificado e no outro instante podemos ser Sagrado Anjo Guardião. A guerra de Kuruksetra é a representação dessas transmutações culminando com o nascimento do Sagrado Anjo Guardião.
Texto revisado
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