Mensageiro da Luz
Atualizado dia 08/12/2011 13:15:42 em Espiritualidadepor Renato Mayol
Jesus, o Cristo Salvador, aquele que teria nascido para nos salvar, era homem, era divino ou ambos? Teria sofrido como homem? Tinha instintos humanos? Paixões? Teria ele realmente morrido na cruz ou teria sido retirado do túmulo ainda com vida? Será que existiu mesmo tal homem?
Segundo os Evangelhos, Jesus era capaz de fazer coisas surpreendentes, tais como transformar água em vinho, multiplicar pães e peixes, acalmar as tempestades, andar sobre as águas, curar as pessoas e até ressuscitar os mortos, nunca pedindo nada em troca ou em pagamento. Sua finalidade era chamar a atenção para que o povo ouvisse o que ele tinha a dizer. Certamente um dos seus primeiros milagres foi ter obtido pronta anuência de cada um dos homens que escolhera para acompanhá-lo.
Pelo que se pode apreender das escrituras, Jesus era um líder carismático, com reações temperamentais às vezes. Conta-nos Mateus em seu evangelho que, em certa ocasião, na volta da cidade de Betânia para Jerusalém, Jesus teve fome e avistando uma figueira dirigiu-se a ela, mas não achou senão folhas. E disse então à figueira: “Nunca mais nasça fruto de ti!” E a figueira secou imediatamente. Poucos dias depois estaria Jesus em um lugar chamado Getsêmani onde, segundo relatos de seus apóstolos, teria começado a se entristecer e se angustiar, ocasião em que teria dito “Pai, afasta de mim esse cálice! Todavia não seja como eu quero, mas como tu queres. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.” Essas passagens bem próximas da hora do inicio do seu embate com as forças do mal realçam a condição da sua natureza humana a ser posta à prova suprema, cujo resultado permitiria fosse ou não aberta uma brecha nessa nossa prisão.
Apesar de o seu julgamento e condenação terem sido por motivos políticos, por parte dos romanos, e religiosos, por parte dos judeus, não foi contra tais mortais que ele travou a sua luta, mas contra o ser do mais tenebroso dos umbrais. Luta que não poderia ser vencida pelo uso de armas iguais às do seu adversário já que não há como vencer o mal com as armas do próprio mal. As armas do poder e da destruição. Em assim fazendo, ele estaria apenas reforçando o seu diabólico adversário, pois o mal só pode deixar a sua natureza quando transmutado em Bem pela Luz do Amor.
No cumprimento da sua missão e na demonstração dos seus ensinamentos, é com o Amor Maior que ele enfrentou o senhor das trevas, carcereiro e algoz dos mortos-vivos. Assim é que, durante todo o sacrifício da cruz, não há nenhum registro de que em algum momento Jesus tenha cedido em seus princípios, tenha cedido às tentações, ou tenha abdicado de seus ensinamentos. Também não há nenhum registro de que tenha pedido piedade ou tenha praguejado e amaldiçoado quem o estava injustamente castigando. Quando injuriado, não retribuía as injúrias; atormentado não ameaçava. Simplesmente tudo aceitou sem proferir uma só palavra contra seus agressores. Quão grande a coragem desse homem que desceu ao inferno da Terra e enfrentou o Mal em seu próprio covil para libertar aqueles que, tendo um dia abandonado o Pai, condenaram-se à morte em vida.
Diante disso tudo, mesmo considerando a natureza humana de Jesus como requisito para o seu sacrifício, é absurdamente fora de todo o contexto a sua exclamação em aramaico, “Eli, Eli, lamma sabactani”, proferida na hora do supremo sofrimento, conforme consta no evangelho de Mateus e no de Marcos, ter sido traduzida como “Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste.” Considerando que “lamma” pode também significar “de que forma”, no sentido de deslumbramento, a tradução da expressão de Jesus passa a ser “Meu Deus, Meu Deus, como me glorificaste.” Frase com bem mais sentido do que a outra, face à grandiosidade do Ser que dificilmente iria esmorecer nos instantes finais da contenda. E, no derradeiro momento, considerando que seus algozes não tinham consciência do que estavam fazendo, os teria perdoado, pois não passavam de meros instrumentos do seu invisível adversário.
Assim, pelo amor e pelo perdão, deu Jesus exemplo vivo de que há uma saída dessa prisão chamada Terra. Contudo, essa liberdade é extremamente difícil de ser alcançada, pois o medo, o sexo, o poder, o dinheiro, a ganância, a ilusão, o egoísmo e a preguiça estão emaranhados em nossas entranhas, mantendo-nos entorpecidos e ancorados no denso vazio do nada, onde as formas nada mais são do que manifestações temporárias.
Quanto aos que acham que Jesus nem existiu, há que se apreciar então que a história do seu nascimento, vida e morte, certamente é a melhor história jamais contada para o bem da humanidade e o seu futuro dentro do Universo. Porém, como não acreditar no testemunho dos apóstolos que apesar de torturados preferiram a morte em martírio a negar sua fé no Salvador? E o martírio nos anfiteatros da Roma antiga foi também o preço pago por todos aqueles que, nos primórdios do cristianismo, buscaram os ensinamentos de Jesus.
Depois de ter completado sua missão, Jesus aparentemente foi elevando-se para o céu até que uma nuvem o teria encoberto. Quem sabe não teria sido ele levado de volta à sua nave-mãe, de onde há, talvez, de retornar um dia? Até lá, restam-nos os seus ensinamentos maiores sobre o Amor, “Ame seu próximo como a si mesmo”, e sobre o desapego, “Quem procura conservar a sua vida, vai perdê-la, e quem perde sua vida por causa de mim, vai encontrá-la”. Ensinamentos esses muito difíceis de serem efetivamente postos em prática de forma irrestrita e incondicional, mas que se pudessem ser assimilados por cada átomo que nos compõe, então sim, deixaríamos de alimentar nossos inúmeros vícios de consumo e vislumbraríamos o caminho de volta à casa do Pai. (Fonte: livro “Fios de Ariadne", disponível na Editora ISIS - http://editoraisis.com.br/produto-tag/dr-renato-mayol/)
Texto revisado
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