Muito prazer! Eu sou você.
Atualizado dia 10/09/2009 15:43:29 em Espiritualidadepor Nelson Sganzerla
Nessa atualidade em que vivemos, muitos são os temas em que um humilde escritor como eu pode trazer à tona. Afinal, são tantas as injustiças com que nos deparamos no decorrer de nossa vida que a cada dia poderia se escrever um novo artigo, com um novo tema.
Confesso que a cada semana me surpreendo com o discurso de um político, na busca do poder; fico indignado com a miséria absoluta em que vivem famílias inteiras, nesse nosso país. Causa-me repulsa das pessoas que se aproveitam para ainda enganar e ludribiar essa gente humilde e carente de vida. Revolta-me ver pessoas que tudo têm e nada fazem por alguém e que ainda humilham e desprezam gente simples que são como nós, filhos do mesmo Deus.
Nós, nas grandes cidades tendemos a achar que a vida é linda e maravilhosa e que todos tomam café, almoçam e jantam como nós; e educam seus filhos em uma boa escola, com direito a uma merenda decente.
Esquecemos que existem famílias que vivem com menos de um real por dia e que catam e comem lixo há poucos quilômetros de distância dos grandes centros urbanos.
Desconhecemos o fato de que existem adolescentes que não sabem ler e muito menos escrever ou ter discernimento para interpretar um texto por mais simples que seja; portanto, não dá pra ser feliz sabendo que grande parte dos nossos irmãos não têm acesso à educação e vivem como animais excluídos da vida.
Por isso, muitas vezes sou recorrente em meus temas. Na verdade, intuído por meus mestres, toda vez que me sento para escrever um artigo, redijo o que é necessário ser escrito, utilizando sempre o dom das palavras que me é dado e porque palavras são sementes e têm o poder de atravessar oceanos.
Quando recebo e-mails de irmãos que estão do outro lado do mundo, tenho a certeza de que não estou sozinho e de que minha humilde mensagem é absorvida por inúmeras pessoas de luz.
Semana passada, um episódio acontecido aqui em São Paulo me entristeceu profundamente, quando vi uma tropa de choque em confronto com uma população carente; cumprindo um mandado de reintegração de posse, famílias inteiras jogadas ao vento e à chuva sem ter onde sequer aguardar uma decisão da justiça. Crianças, bebês e trabalhadores vendo seus barracos derrubados e incendiados, com suas coisas, amealhadas com o suor do seu trabalho, provavelmente ainda pagando a prestação, jogadas ao relento.
A lei assim determinou a retirada das famílias. Lei é lei, mas aqui não é justa com os humildes e com os necessitados e eu diria que com a grande população negra desse país.
Nesse momento, nenhum movimento social foi acolher aquelas pessoas, nenhum político lá apareceu para lhes dar abrigo. Pelo contrário, apareceu sim: uma senhora de classe média que se aproveitando daquela situação indefesa e miserável das pessoas, enganou uma pobre mãe e roubou-lhe a filha recém-nascida.
Que Babel é essa? Que mundo é esse onde escândalos surgem todos os dias com o raiar do sol e dão lugar a outro novo escândalo com o nascer da lua? É bem provável que nesse momento em que escrevo outros escândalos irão surgir. Sei que muitos irão dizer que estou sendo piegas, que em meio àquelas famílias deveria também existir baderneiros para instigar o caos, mas em qualquer lugar existe o joio e o trigo e nós sabemos muito bem a diferença.
Enquanto políticos sobem em palanques, enquanto relutam em deixar o poder, enquanto enganam e oferecem migalhas à população, enquanto festejam em seus palácios e gabinetes, enquanto mandam e desmandam em seus currais eleitoreiros, trabalhadores e gente simples e honesta são jogadas e esquecidas ao relento, à mercê de aproveitadores na pele de cordeiros.
Crianças andam quilômetros para chegar a uma escola, no sertão nordestino, que muitas vezes é debaixo de um pé de manga, pois lá não existem salas; mães navegam horas e horas em cima de uma canoa rudimentar na Amazônia, para chegar a um posto de saúde, com seu filho doente. Idosos são largados no chão de hospitais por falta de leitos, no Pará. Crianças são alvejadas por balas perdidas no Rio.
Sou uma pessoa otimista. Acredito que existam pessoas sérias, mas não dá para não ter indignação diante de tanta barbárie e de tanta insensatez.
Se você entende o que digo. Muito prazer, eu sou você.
Pense nisso.
Texto revisado por: Cris
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