Não cobre aquilo que você deve
Atualizado dia 09/01/2012 08:33:19 em Espiritualidadepor Paulo Salvio Antolini
Tudo é uma forma de pensar, de perceber as coisas, de senti-las enquanto estão acontecendo, mas será que estamos pensando coerente e assertivamente? Será que estamos percebendo as situações da maneira e amplitude como elas envolvem o outro lado? Será que estamos sentindo o que está ocorrendo sem o apego do "tudo eu!", "tudo só comigo!" e o pior, "tudo só para mim!"?
Vejam o contraste. Para enxergarmos o outro tal qual ele é, faz-se necessário nos enxergarmos tal e qual somos verdadeiramente. A projeção no outro do que nos pertence é muito comum. Querer que o outro faça o que não fazemos também é. É como querer saciar nossa fome induzindo o outro a comer. Exigimos o impossível e, por isso, nunca estaremos satisfeitos e cobraremos mais e mais.
Somos seres que se posicionam no tempo. Compomos nossas vidas com passado, presente e futuro. É impossível nos desligarmos do que vem pela frente (o futuro). Dessa forma, criamos a tão famosa expectativa. Expectativa de que amanhã tudo será diferente, de que amanhã encontraremos um grande amor. Expectativa de que amanhã o emprego aparecerá com salário mais compensador. Tudo isso numa dimensão que na verdade, não nos incluímos e tampouco lutamos por merecer. Apenas esperamos que aconteça. Pois nos achamos merecedores de que a vida nos ofereça sempre o melhor. Os momentos passam, o tempo futuro torna-se presente e os acontecimentos acabam por não confirmar nossas expectativas.
A ansiedade torna-se um dos pontos centrais da nossa existência. E como já dissemos, a ansiedade é um estado difuso, onde se vive inquietamente, com muitos sobressaltos e sem o foco definido. Perde-se a direção. Na tentativa de aliviar tais sensações, adotam-se todos os tipos de comportamentos exagerados: comer e beber excessivamente, agressividade, medo, dor, etc. E o outro, "coitado", continua sendo o "bode expiatório".
Nesse entrave em que as pessoas vivem, um grande cansaço é gerado, que normalmente só é percebido nas situações extremas do relacionamento: separações, brigas, demissões, conversas do tipo "lavar roupa suja" entre amigos. E quando "tudo está perdido", "nada foi como se esperava", as pessoas se desarmam e até se propõem a escutar umas às outras. Mas já com a visão do "não tem mais jeito". Quando cada um vai para o seu lado o outro, estando só, diz a si mesmo: "É. Nisso até que ele tem razão".
Costuma-se dizer que o Ser Humano é complicado. Ele é. E sabem por quê? Apenas porque se complicam. Não conhecer a estrada que nos leva a uma cidade não significa que ela não exista. Se começarmos a buscar em nós mesmos a compreensão do que estamos vivendo, acharemos "trilhas" que nos conduzirão à nossa essência e, assim, teremos a compreensão do que estamos cobrando do outro e porquê o estamos cobrando. E se soubermos nos cuidar, abriremos uma bela estrada por onde passaremos a transitar em nós mesmos, com toda a segurança de que precisamos. Como se estivéssemos instalados em um moderno e confortável veículo, numa excelente rodovia, também assim nos sentiremos ao verificar nossos sentimentos e nossos desejos. Se cada um compreender a si mesmo, todos nos compreenderemos melhor e, dessa forma, tudo se tornará mais simples. Seremos mais conhecedores de nós mesmos, menos cobradores e mais felizes.
Texto revisado
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