Não queira a resposta
Atualizado dia 29/01/2012 08:37:18 em Espiritualidadepor Paulo Salvio Antolini
Quando procuramos conversar com as pessoas, já vamos com o objetivo de induzi-las a dizer o que queremos ouvir, ou mesmo que elas aceitem o que nós pensamos que deva ser. Raras são as vezes que chegamos até alguém com o intuito de saber exatamente o que se passa, de verdade, com ele.
Como poderemos ampliar nosso leque de compreensão em relação às pessoas e à vida, se mantemos nosso foco restrito a um ponto único e o estabelecemos como sendo também o único possível de ocorrer? Como se fossemos poderosos o suficiente para "governar" os sentimentos, desejos e ações dos outros?
Compreender exige mais do que querer, inclui em seu bojo o respeito ao outro pelo que ele é e sente. Amizades são rompidas, romances se desfazem (com sofrimento para ambos), somente porque não conseguimos entender que cada um é um ser diferente, e como tal deve ser respeitado. Quantas perdas de excelentes funcionários ou colaboradores, só porque os superiores hierárquicos confundem pontos de vista divergentes com insubordinação? E estes chefes, após algum tempo, ainda dizem quando se deparam com o sucesso dos demitidos: "Ele deve isso a mim. Se eu não tivesse dado uma dura, ele não mudaria". Ou "E o sem-vergonha, aqui na empresa, não fez nada, olha só!" Não percebem que alguém lidou diferente com essas pessoas e elas puderem se expressar em suas ações.
Qualquer manifestação do outro que não seja coincidente com o que nós julgamos ser correto é suficiente para que nos armemos contra. Pronto! O outro será devidamente "massacrado". Seja através de ações diretas, comentários ríspidos e até maldosos com as demais pessoas, ou mesmo pelo resfriamento da relação. E ainda dizemos, quando questionados: "Não aconteceu nada, não!".
Aceitação não significa comodismo, conformismo ou mesmo concordância. Significa que há outras formas além das que julgamos corretas e que devemos vê-las, conhecê-las, refletir sobre elas. Verdades diferentes das nossas não negam a existência da nossa verdade. "Haverá tantas verdades quantas pessoas existirem. Realidade? Só a que cada um vive!". Portanto, pessoas com formas diferentes de ver e sentir as coisas não são ameaças para nós. Ao contrário, elas nos enriquecem.
Auto-imagem prejudicada gera baixa auto-estima, que leva à insegurança, que gera forte necessidade de auto-afirmação, que induz à imposição. Está assim instituído o "dono da verdade". Só do jeito dele, só como ele quer. Ele é quem sabe de tudo.
Vamos escutar o que ouvimos. Vamos diferenciar: "Ouvir" - capacidade auditiva de receber sons, estímulos que serão levados ao nosso cérebro, de "Escutar" - prestar atenção ao que se ouve. É quando damos atenção ao que nos chega, que avaliamos e buscamos entender, compreender o que está sendo ouvido, seu conteúdo. É por onde sabemos o que está acontecendo com o outro. Quer ampliar seu mundo? Quer realmente ser aceito pelas pessoas que lhe são muito importantes? Então não queira a resposta definida (por você). Escute a resposta ouvida.
Texto revisado
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