O Apocalipse do nosso interior

   

Autor Paulo Tavarez

Não é novidade que tudo aquilo que durante tanto tempo permaneceu oculto, hoje está sendo mostrado de forma coerente e racional. Isso se deve, principalmente, aos avanços do conhecimento humano.

Através da contribuição de grandes pensadores e por meio do esforço de grandes cientistas, muitos ensinamentos obscuros encontrados nos livros sagrados começam a ser desnudados, passam a fazer sentido e surgem com toda a sua luz, afim de nos libertar.

Um grande exemplo disso encontramos no livro Apocalipse de João. Quem fizer um leitura religiosa, devocional e insistir no fundamentalismo de letras mortas, irá continuar na cegueira da velha fé irracional, pois ao pé-da-letra o texto não tem o menor sentido. Será preciso buscar o espírito escondido por detrás das palavras e entender que tudo aquilo que foi escrito tinha o objetivo de permanecer oculto até que pudéssemos estar a altura de seu conteúdo.

Nesse pequeno texto, faremos uma interpretação do capítulo 12 do Apocalipse, tentando assentar a narrativa dentro de uma contexto lógico, coerente, usando inúmeros elementos de análise, especialmente psicológicos.

Comecemos então o estudo:

“E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. 2 E estava grávida e com dores de parto e gritava com ânsias de dar à luz”.

Antes de começar, façamos um hiato para dizer que o objetivo de qualquer interpretação de textos religiosos é ter o homem como objeto, pois todo o Universo acontece dentro dele, sendo assim, todo enredo dessa narrativa precisa explicar os processos psíquicos que envolvem a condição humana.

Ora, o que seria uma mulher vestida de sol, com uma lua embaixo dos seus pés e uma coroa de 12 estrelas?

A anima, representação da alma humana, preenche esses requisitos, pois é justamente este arquétipo que está representando o aspecto mais iluminado do nosso ser e está presente no texto através da figura da 'mulher vestida de sol'. Anima e animus são termos latinos que indicam a imagem da alma de um indivíduo, respectivamente masculina ou feminina. 

A lua do texto, assim como em todas as tradições esotéricas, simboliza o aspecto negativo, feminino, passivo, frio, simplesmente o Ying preconizado nos conceitos do Taoismo. Quando o texto fala que a mulher está sobre a lua, refere-se ao indivíduo que conseguiu alcançar uma melhor condição espiritual  e consegue estar acima dos suas inclinações negativas.

A gravidez indica que uma nova consciência está sendo gerada e com muita ansiedade. As dores do parto fazem parte do processo de transformação daquele que busca o despertar. As 12 estrelas nos revelam que o indivíduo conseguiu superar todos os seus obstáculos, assim como nos 12 trabalhos de Hércules, ou seja, conseguiu as conquistas necessárias para se colocar em condições adequadas para a sua libertação, por isso foi coroado com uma coroa de 12 estrelas. Cada trabalho de Hércules faz referência a um conquista em nossa senda evolutiva, como os signos do zodíaco aos quais estagiamos. O número doze, para a numerologia pitagórica, é o número da perfeição.

“3 E viu-se outro sinal no céu, e eis que era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete diademas. 4 E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”.

O dragão é simplesmente o nosso ego, representando a escravidão na realidade ilusória do corpo, corpo que precisa de uma estrutura energética grosseira para existir, daí os sete chakras simbolizando as sete cabeças. A cor vermelha do dragão representando o chakra básico onde mora a serpente adormecida, Kundalini, e essa mesma serpente representando o dragão. Além dos chakras, os sete diademas representam os sete corpos sutis, desde o mais grosseiro até o mais denso.

A calda é uma extensão da coluna, onde ficam os nossos chakras negativos, a parte do nosso ser que faz menção aos nossos instintos animais, como se tivéssemos realmente um rabo, parecido com o dos nossos ancestrais. Quanto mais apegados aos imperativos do corpo, maior será a nossa escravidão e mais próximos estaremos da condição animal. A força dessa calda supera a força dos chakras superiores que representam um terço das estrelas do nosso ser que são arrastadas para a terra, ou seja, para vida do corpo.

Veja o que ocorreu com Nabucodonosor que foi encontrado totalmente bestializado. Imitava um animal no momento em que o seu palácio foi invadido pelo exército persa; tudo isso, por ele ter se rendido à escravidão dos prazeres grosseiros.

5 E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono. 6 E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.

O filho que nasce é, simplesmente, uma nova consciência, a Consciência Pura, o Self liberto, que alcançou a plenitude, por isso essa criança foi arrebatada para Deus. A mulher representa a nossa individualidade, agora livre, sendo apenas um reflexo da nossa perfeição.

O texto todo faz uma referência à grande batalha que irá ocorrer em nossa alma no momento em que nos colocarmos na senda do nosso despertar. Se continuarmos com a leitura surgirão outros personagens, como Miguel Arcanjo, anjos caídos etc.. Percebam que a única forma de entender o que foi escrito pelo apóstolo João é aplicando todo esse enredo surreal no entendimento dos nossos processos psíquicos.

Avaliação: 5 | Votos: 9

     

Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez    Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Psicapômetra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsupp (só para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui.