O Aprendizado do Amor no Relacionamento Humano
Atualizado dia 14/04/2014 14:59:49 em Espiritualidadepor Guilhermina Batista Cruz
O Amor, o maior e mais nobre sentimento que abrigamos em nossos corações, prescinde de uma definição exata, por expressar-se de diferentes formas, às vezes difíceis de conceituar por palavras. No Evangelho segundo o Espiritismo, o Espírito Lázaro assim o traduz: “O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso realizado. No seu ponto de partida, o homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o amor é o requinte do sentimento”.
O que sabemos é que ele é uma fonte inesgotável de bênçãos e a suprema realização na vida de qualquer ser. É como um fluxo contínuo de energia que, instalado no coração, constitui-se no grande elo de sustentação dos relacionamentos humanos, principalmente, se eles estão baseados no respeito, na doação e na generosidade.
O que melhor conceitua o Amor em termos universais é o fato de ser um sentimento repleto de energia divina, e por isso mesmo, nobre, puro e belo. Segundo Richard Simonetti, no livro Amor, Sempre Amor: "Trata-se de uma energia divina, o poder criador que identifica nossa condição de filhos de Deus, participantes na obra da criação". Quem já consegue abrigá-lo no coração com intensidade, torna-se capaz de enfrentar as dificuldades e os desafios da vida com mais coragem e resignação.
O grande objetivo de todos nós, seres humanos, é um dia poder sentir e vivenciar o amor em toda a sua plenitude, mas poucas são as pessoas que têm a consciência precisa da importância e do poder de renovação que ele pode fazer em suas vidas. Hoje é tão comum escutarmos a toda hora um "Eu te amo!" ou "Eu te adoro", que fica a dúvida sobre a veracidade de tais expressões, ou seja, ficamos sem saber se elas traduzem uma afeição sincera que brota espontaneamente do coração, ou, se apenas expressam um extravasamento momentâneo, advindo de outros sentimentos que não necessariamente os provenientes do amor. A pergunta que fazemos é: Por que existem pessoas que, baseadas no amor, conseguem estabelecer relacionamentos estáveis e duradouros em suas vidas, enquanto existem outras que só conseguem estabelecer relacionamentos sofridos, em que pairam a desilusão e a mágoa?
Analisando o assunto sob a ótica puramente material, acho que uma das respostas pode estar no modo como se aprende desde criança a vivenciar os sentimentos, que muitas vezes estão baseados em determinadas condutas de certo e errado, de restrições e exigências. Muita gente acha que para amar e ser amada precisa apresentar determinadas formas de comportamento, e com isso, ter direito a usufruir de um sentimento tão sublime quanto o amor. O problema maior também está no modo como se idealiza o sentimento. Muita gente confunde o amor com segurança, estabilidade emocional e proteção.
Com base nessa percepção, a pessoa idealiza no ser amado sentimentos ou qualidades que ela própria não possui, em que é carente, para que ele a complete e torne sua vida mais tranquila e prazerosa. Essa idealização prejudica o surgimento da afeição sincera, de alma a alma, pois nela não amamos a pessoa como ela é, e sim, como gostaríamos que ela fosse. Chico Xavier em suas considerações, dizia: “(...) Ame porque isso faz bem a você, não por esperar algo em troca. Criar expectativas demais pode gerar decepções. Quem ama de verdade, sem apego, sem cobranças, conquista o carinho verdadeiro das pessoas”.
Geralmente, em relação a relacionamentos amorosos, quando a pessoa apresenta muitos problemas emocionais, deseja-se que ela possa corrigi-los como num passe de mágica ao encontrar um grande amor, esquecendo de que esse amor não vai poder curar sua insegurança e seus conflitos interiores, existindo o fato também de que ele pode estar lutando com seus próprios problemas emocionais, o que pode provocar em tais relacionamentos, um círculo vicioso de dor e desencontro. É esta distorção de sentimento que geralmente leva aos conflitos e a cobranças e mágoas, desvirtuando assim um sentimento tão maravilhoso que é o amor. É preciso entender que por mais que se ame alguém, não se pode depender dele para usufruir a felicidade, pois ela só vai depender de nós, de nosso estado de espírito. Não são as pessoas que vão preencher nosso vazio existencial, e sim nós mesmos, pela busca incessante do aprendizado, do porquê dos acontecimentos e do nosso modo de pensar e sentir.
Hoje em dia, muitos relacionamentos iniciam-se baseados em coisas muito superficiais, em interesses muito passageiros e materiais, que têm vida efêmera, mas que podem causar muito mágoa, principalmente pela fragilidade dos laços em que estão baseados, onde se procura atender principalmente os interesses próprios, ao invés de atender aos interesses comuns, o que seria mais lógico. Nesse tipo de relacionamento, não existe troca, as pessoas não se entregam de parte a parte, apenas querem desfrutar o melhor da vida, segundo a visão que tenham do que seja o melhor para elas, e de tirar proveito da situação enquanto podem desfrutar dela. O outro pode ser facilmente substituído por quem lhes dê mais atenção e prestígio.
Ao analisar-se o assunto sob a ótica espiritual, torna-se mais compreensível para nós o porquê de tanto sofrimento, dor e desencontro existentes atualmente entre as pessoas, de tanto desamor e violência que existe nos relacionamentos atuais, pois nos deparamos com a questão primordial de que somos ainda aprendizes do amor em nossa eterna escalada em busca da perfeição de nosso ser. E o que se torna imprescindível para isso é a educação de nosso espírito com bases alicerçadas na disciplina dos sentimentos. Aqui, peço licença para transcrever considerações muito pertinentes ao assunto, feitas pelo Espírito Ermance Dufaux, pela psicografia de Wanderley S de Oliveira, contidas no livro Escutando Sentimentos:
”Nesta hora grave pela qual passa a Terra, um destrutivo sentimento de indignidade aninha-se na vida psicológica dos homens. Raríssimos corações escapam dos efeitos de semelhante tragédia espiritual, causadora de feridas diversas. Uma dolorosa sensação de inadequação e desvalor pessoal assoma o campo das emoções com efeitos lastimáveis. Abandono, carência, solidão, sensação de fracasso e diversos tormentos da mente agrupam-se na construção de complexos psíquicos de desamor e adversidade consigo próprio. "(...) Imprescindível atestar que nossa trajetória eivada de quedas e erros não retirou de nenhum de nós a excelsa condição de Filhos de Deus. A Celeste Bondade do Mais Alto, mesmo ciente de nossas mazelas, conferiu-nos a bênção da reencarnação com enobrecedores propósitos de aquisição da Luz. É a Lei do Amor, mola propulsora do paciente, o burilamento íntimo".
"Contra os anelos de ascensão, encontramos em nossa intimidade os frutos amargos da semeadura inconseqüente. São forças vivas e renitentes a vencer. Sem dúvida, a ignorância cultural é causa de misérias sociais incontáveis, entretanto, a ignorância moral, aquela que mata ideais e aprisiona o homem em si mesmo, é a maior fonte de padecimentos da humanidade terrena. O amor assim mesmo ainda é uma lição a aprender. Uma longa e paciente lição! Criados para o amor, nosso destino glorioso e a integração com a energia da vida e com a liberdade em seu sentido de plenitude e paz interior. Ninguém ficará fora desse Fatalismo Divino. Distantes do amor a si, ficaremos à mercê das provações sem recursos para sustentar na vida interior os valores latentes que nos conduzirão à missão individual estabelecida pelo Pai em nosso favor".
"Somos aquilo que sentimos. As máscaras não destroem essa realidade. Quando aprendemos o autoamor, abandonamos o "crítico interno" que existe em nós e passamos a exercer a generosidade do autoperdão, ou seja, a aceitação incondicional da criatura ainda imperfeita que somos. Nossa integração com a Verdade depende do conhecimento dessa realidade particular: escutar a alma! Ela se manifesta na consciência cujos sentimentos constituem o espelho. Através das sensações, no seu sentido mais amplo, a alma se manifesta. Escutando a alma, conectados à sua sabedoria interior, desligamos dos padrões, normas, ambientes, pessoas e filosofias contrárias à nossa felicidade e inadequadas ao caminho particular de aprimoramento. Saber o que nos convêm, saber o que é útil, exige dilatado discernimento aliado ao tempo. Quando usamos os rótulos certo/errado, fomentamos a culpa e a punição. Quando sabemos o que nos convém, agimos e escolhemos com responsabilidade, na condição de autores do nosso destino. Quando amadurecemos, percebemos que certo e errado se tornam formas de entender, experiências diversificadas. O caminho de ascensão para todos nós, Filhos de Deus, é o mesmo, apenas muda a maneira de caminhar. Cada criatura tem seu passo, seu ritmo, sua história".
"Olhemos uns pelos outros com olhos de ver. Muita vez onde supomos existir um doente pertinaz em busca de realce, encontra-se um coração ferido e cansado, confuso e amedrontado mendigando amizade autêntica e compreensão. Possivelmente, quando sentir a força do amor que lhes devotamos, será tocado. Sentindo-se amado, pouco a pouco, terá motivos para abandonar as expressões de inferioridade que lhe tortura. Por fim, descobrirá o quanto somos amados, incondicionalmente, pelo Criador que, em Sua Generosidade Excelsa, aguarda-nos no espírito glorioso de Filhos de Sua Obra".
Meditemos nessas reflexões e procuremos praticar e fazer do amor a diretriz para nos guiar em rumo da perfeição e da paz interior. Segundo o espírito Bezerra de Menezes, em psicografia de Chico Xavier: (...) “ Não dispomos de outros veículos para assegurar a vitória da verdade e do amor sobre a Terra. Ninguém edifica sem amor, ninguém ama sem lágrimas”.
Paz e Luz a todos!
Texto revisado
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