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O Contador de Histórias

Atualizado dia 15/08/2014 14:38:10 em Espiritualidade
por Valéria Bastos


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Sabe aquele eu contador de histórias, que vive falando aos quatro cantos sobre seus feitos, com detalhes e nuances especiais, com ênfase sobre os acontecimentos de sua vida, sejam eles felizes, de sucesso, de derrota ou dramáticos? Se conhece alguém assim deve achar muito chato, não? Pois é, só que às vezes esse eu é você mesmo e aí, as pessoas acham chato também. A pessoa que vive identificada com os acontecimentos de sua vida, que fala deles como se estivessem acontecendo nesse instante, que revive as emoções, chora, lamenta-se ou vibra e tem prazer, recria isso em sua mente e transforma o que passou numa bolha e vive dentro dela. A vida continua, muito daquilo que foi vivido já caiu no esquecimento dos outros ou perdeu o sentido, mas a pessoa continua remoendo, revivendo e recriando o conteúdo e o alimentando. Isso forma verdadeiras bolhas de ilusão, de difícil dissolução. Como se tudo girasse em torno dessa realidade, a pessoa se perde dentro se sua própria mente, acreditando que ela é isso e pronto. Não consegue perceber além da lente do eu que viveu aquelas histórias e teve aquele enredo.

O contador de histórias dentro de cada um vive a partir disso que ele criou para si, considera-se essa identidade e para que isso se torne ainda mais real para ele, precisa repetir tanto para si quanto para o outro esses conteúdos. Quanto mais ele fala a respeito de suas mazelas ou conquistas, mais ele acredita nisso. Assim, o que é uma ilusão no final das contas, ganha um verniz de verdade para ele e a pessoa se sente importante dentro do contexto. Os eus contadores de histórias são sempre um “plus”, seja nisso ou naquilo. Mesmo se tiver falando de sofrimento, o seu sofrimento é maior, mais difícil, mais trágico do que o do outro. No fundo, o que ele quer é ser melhor do que os outros, essa é a verdade. E para se melhor do que os outros, ele tem que ser “especial” em alguma coisa. Talvez ele seja o que sabe mais, o que tem resposta para tudo, o que entende rápido as coisas, o talentoso, esperto, inteligente. Outras vezes ele é o patinho feio, o senhor encrenca, aquele que nada dá certo na vida. Pode ser também o piadista, o engraçado, o bobo da corte. Não importa a denominação ou identidade, o que importa é que ele seja diferente, mesmo que seja pela dor.

Curiosamente, esse personagem vive e se alimenta dos pensamentos criados em torno de si mesmo e não percebe que isso acontece pois ele é a própria entidade sugadora de energia. Uma boca aberta, comendo seus próprios pensamentos, emoções e sensações que as histórias causam. Como ele ganha atenção das pessoas de alguma forma, ao menos ele se sente vivo. Às vezes, recebe elogios e mais vivo ele se sente. Mesmo se recebe desprezo isso alimenta o eu que se sente um lixo. Essa boca aberta fica então se alimentando o tempo todo do que vem de fora para dentro, das pessoas com as quais conversa, com a aprovação ou rejeição que recebe. Também se alimenta dos próprios pensamentos em torno do qual sua mente é fixada. Então, interromper esse processo exige muita disposição e vontade de mudar, pois a boca aberta sente fome o tempo todo, é viciada em comer os pensamentos, palavras e ações e não vai te deixar em paz até que você a alimente. Se seu vício é falar de seus problemas para os outros, logo ali na frente você vai encontrar alguém para matar sua fome.

A essa altura, você já deve ter identificado algum eu contador de histórias seu. Se isso aconteceu, mate-o! Pare de alimentá-lo, tire aquilo que o mantém vivo, deixe que ele morra de inanição. Gradativamente, pode conter os impulsos que o levam a repetir a compulsão de manter esse eu vivo em você. O ego claramente é o responsável por isso. Experimente ficar acima da situação e se observar de fora, naquela atuação. Perceba como se comporta, o que espera das pessoas, e quem em você quer aquilo. Aos poucos, poderá identificar os núcleos originadores desse eu. Talvez um choque de exclusão, humilhação, medo, abandono, ódio. Observando mais fundo, poderá soltar as promessas que foram feitas no momento da sua dor. Talvez uma promessa de que "eu não passarei nunca mais pela mesma situação", alimentou um eu forjado, cheio de características e mecanismos reativos para protegê-lo daquela dor. Esse eu pode ter sido importante em sua vida por um tempo, mas ele é falso, não é sua realidade final. Então, continuar alimentando o contador de suas histórias pessoais não vai levar a nada. Abandone cada uma delas, uma por uma, perceba-se de malas cada vez mais vazias, sem bagagem. Sinta aos poucos se consegue sobreviver a isso, sem esse eu. Esqueça sua história, pois conhecer a si mesmo é esquecer de si mesmo.

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Conteúdo desenvolvido por: Valéria Bastos   
VALÉRIA BASTOS - Terapeuta Holística - Constelação Familiar, Terapia de Vidas Passadas, Deep Memory Process (Processo de Memória Profunda), Resgate de Alma, Captação Psíquica, Facilitadora de Grupos, Xamanismo. (61) 99217.1295 SEPN 513 Bloco A Sala 112 - Ed. Bitar 1 - Asa Norte - Brasília/DF
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