O elo invisível entre a fé e o poder da mente
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Autor Nokomando - desenvolvimento sistêmico
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 20/02/2011 11:45:47
Durante a jornada de autoconhecimento, o que significa desde o meu nascimento, e quiçá, antes, fui confrontado com duas teorias aparentemente antagônicas. Cercado por livros de parapsicologia, yoga, programação neurolinguística, influenciado por Carnegie, Emerson e tantos outros precursores da autoajuda, acabei convencido de que a mente consegue tudo aquilo que deseja, vibra com intensidade. Por outro lado, também navegava em ares espiritualistas, transitando dos santos místicos católicos aos grandes médiuns espíritas, passando por iogues poderosos e mestres zen budistas, onde a questão da fé e da entrega total do ego são muito acentuadas. Duro era entender como posso ter tudo com o poder da mente, se devo entregar-me totalmente a Deus. Remover montanhas com a fé, ao mesmo tempo em que me submeto a forças maiores, a forças universais. Ou alguém estava mentindo, ou devia haver um elo invisível entre a fé e o poder da mente.
Continuei a jornada. Conquistei muitas coisas. E também perdi muitas coisas. Entendi claramente que a frustração e a dor fazem parte da vida, e que por mais que eu me esforçasse em querer manter a vida segura, estável, agradável, não era capaz de controlar as tempestades, a vida e a morte, a separação, a perda e o sofrimento. Tal qual um aluno medíocre de Buda, mergulhei na grande questão existencial: por que existe o sofrimento? Este mergulho jogou-me para dentro de mim.
O sofrimento só existe em nível mental e emocional
Quanto mais eu negava o sofrimento, e afirmava para mim mesmo "sou feliz, sou próspero, sou saudável", mais eu percebia que estava me enganando. Alguns momentos até conseguia sublimar minha vida, através de técnicas de meditação, sutras, orações e tantas outras, podendo perceber um ligeiro estado de graça... Mas o dia-a-dia aqui está, e a minha voz interior, tal qual um Datena ensandecido, gritava o quanto o mundo é injusto e perigoso. Fé em Deus? Nem pensar... somente uma ligeira crença em algo superior -embora eu afirmasse com a boca cheia a minha louvação e sinceridade.
Então voltei-me ao estudo mais aprofundado da mente. Ou eu era esquizofrênico, um louco que acredita numa coisa e em outra ao mesmo tempo, ou havia algum mistério a ser desvendado. Aos poucos, foi caindo a ficha de que o mundo externo é somente uma interpretação da minha própria mente. Aquilo que acredito, mais as emoções que percorrem meu sistema determinam como vou enxergar o meu divórcio, a morte de um ente querido, a dívida, a separação, o desprezo, a competição. É bom? É mau? Nem uma coisa, nem outra. Todos os acontecimentos da vida são neutros. Quem dava significado para eles eram minhas crenças e minhas emoções.
Fui vendo que, sem terapia, não existe espiritualidade. No meu caso, é lógico. Isso porque minhas emoções estavam muito corroídas pela mágoa das pessoas que me desprezaram, pela inveja daqueles que eu achava que estavam bem, pelo ódio que sentia dos meus pais... e pelo ódio por mim mesmo por sentir tantas coisas tão pouco elevadas. Assim, tentei eliminá-las. Uma a uma. Tiros de escopeta. Canhão. Bazuca. E nada... Tais emoções e pensamentos teimavam em continuar pululando em mim, de vez em quando disfarçados por bons e nobres ideais, afinal, todo capeta tem um anjo dentro de si. Voltava, às vezes, ao fazer, fazer, fazer... construir, planejar grandes projetos, para ver se, com a labuta e a vontade, tudo se transformava. Dei com os burros nágua. Cheguei a negar totalmente a espiritualidade. Só pra ver no que dava. Depois, neguei todo esse papo de pensamento positivo, lei da atração, etc. O universo dava altas gargalhadas!
Rendição
Fui vendo que querer algo ou não querer, dava na mesma. E o pior: percebi que quanto mais negava a minha podridão, mais ela se manifestava. E também ao dar corda ao lado negro do meu ser, só fazia aumentar o sofrimento. A oração e boas práticas não tinham a força de tirar a minha sombra. Enfim, desisti. Cansado, entregue, joguei-me na cama dos derrotados. Minha mente não poderia me fazer feliz. A minha vontade egóica de transformar aquilo que eu achava errado em mim e no mundo não tinha a menor chance de ser vitoriosa. Desta forma, uma nova consciência começou a, sorrateiramente, penetrar por debaixo do vão da porta. Esta nova consciência, apesar de poder ser percebida pela mente, a grosso modo, tenho que dizer que não faz parte dela. Não da mente que eu estava tão acostumado a lidar. Ela, a nova consciência, me diz: aceite-se como você é. Deixe de negar o que foi. Você é egoísta, invejoso, ganancioso. Para que negar isso? Por que negar a dor e o sofrimento? Por que negar a vida e o êxtase? Você também é amoroso, amigo e dedicado. Tudo isso são manifestações mutáveis de um mundo material, onde você transita com seu corpo, idéias e emoções. Aceitar que isso é assim é o primeiro passo para perceber que tudo não é apenas isso. Com um pé na realidade, você poderá colocar outro pé em outras realidades, invisíveis aos olhos e aos sentidos humanos. Tocar humildemente o grande mistério, sem querer, entretanto, compreendê-lo. Sintonizar a perfeição que já existe e não foi você quem a criou. Mas você poderá tentar traduzir esta perfeição divina através dos talentos e dons que manifesta nesta vida... isso é o poder da mente. A mente não tem poder nenhum, sem a fé. E a fé não tem poder nenhum, sem uma mente que possa estar disciplinando seus próprios pensamentos e emoções. É como um jogo. E pode ser bem divertido.
Alex Possato é terapeuta sistêmico, numerólogo e escritor - diretor do Nokomando Desenvolvimento Pessoal e Espiritual
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