O esforço do trabalho
Atualizado dia 08/11/2009 22:38:03 em Espiritualidadepor Bernardino Nilton Nascimento
O ferro e o aço enferrujam-se, e toda força, seja ela qual for, tem a seu lado um princípio de destruição que a ataca e arruína até o fim. O ser humano não se furta a esta lei. É preciso que ele lute contra a ferrugem pelo exercício regular de suas faculdades.
Uma lei fora do normal nos obriga a nos adestrarmos sempre, sob pena de cairmos em decadência. O movimento não é só um sinal de vida, mas uma fonte. Amaciar os músculos, exercitar o corpo, aprender a utiliza as mãos, os olhos, são exercícios de vida. Suportar o rigor das estações, ir à luta contra os obstáculos, sujeitar a inteligência aos exercícios difíceis, familiarizar a vontade com as coisas que agradam menos, domar os desejos, as emoções, as paixões, enfim, em uma frase: "domesticar e disciplinar todo o ser", eis a mais alta preocupação de quem aspira à alegria de viver.
O esforço ao trabalho conquista não só o direito de sustento, mas o de ser respeitado.
A divina fórmula é: "não há nada mais verdadeiro do que dizer que é preciso viver, e que é para vida que se trabalha.
Viver significa prosperar e se desenvolver, em todas as partes do nosso ser: no coração, na consciência, nos afetos, em tudo quanto nos torna melhores e mais equilibrados. Ora, em qualquer domínio que seja, nada se adquire senão pelo esforço, que nos traz a conquista. O trabalho é o grande instrumento pelo qual se assimila o alimento da alma e quanto maior o empenho, mais elevada e mais preciosa ficará a sua vida
Quem executa uma função útil, deve fazê-lo com toda a alma, e perceber que a faz para a comunidade. O trabalho é uma extraordinária missão na qual, desde as tarefas do espírito mais elementares até as mais complexas, tudo se encontra num só ofício e converge para um único objetivo: a felicidade e a vida eterna.
A humanidade trabalha para a vida, não só para a existência, e também para a verdade, a justiça, a bondade, que são luzes supremas.
Quem se une a esse trabalho é, por este, enobrecido. Nessa imensa mão-de-obra, que pode comparar-se à construção de um belo edifício, seja pedreiro, eletricista, arquiteto, engenheiro ou um ajudante de serviços gerais, é importante entregar-se à obra com o mesmo orgulho.
Todo movimento da grande colméia em que ele se move, encoraja-o e o ampara, desde que ele sinta que o seu esforço é útil ao conjunto. Engana-se quem supõe que só o trabalho artístico permite que se ponha toda a alma em sua obra. Qualquer trabalho, contanto que seja inteligente, honesto, útil, pode ser feito com todo o coração. E é só aí que ele será realmente proveitoso.
Aos que veem o seu trabalho apenas pelo lado de fora, pelo lado material, ele parece não significar nada. Não tem encanto e nem valor. Porém, qualquer trabalhador quando conclui sua obra, valorizando o seu esforço, faz brilhar a sua alma.
Através do esforço criador, das longas e pacientes combinações, dos obstáculos de todo gênero que o trabalhador encontra, ele acaba por adivinhar uma parte do segredo que dá a compreensão da história. O grande trabalho dos séculos não pode interessar senão ao que a ele se associa. Direi mesmo que a alma da criação se revela ao trabalhador e se aproxima da sua. Ele percebe por toda parte a dedicação e a esperança e, assim, realiza-se para ele uma das mais belas divisas que a sabedoria dos séculos descobriu: Trabalhar, esperar e prosperar.
Concluo sem ter dito tudo. Seria mais fácil contar as estrelas do que enumerar os esplendores do trabalho. Só a experiência pode dar a conhecer a paz profunda, a ousadia, a alegria empreendedora de que o coração se enche, quando se vai beber nessa fonte borbulhante e generosa do esforço ao trabalho honesto.
BNN
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