O Jogo da Vida
Atualizado dia 08/11/2012 12:05:59 em Espiritualidadepor Renato Mayol
No jogo da vida, os homens quando não mais capazes de executar aquelas tantas coisas insignificantes que os faziam pensar serem livres e felizes, ficam perdidos, sem perspectiva, sem saber mais nada. Isso, até que se realize o desapego necessário para a expansão da consciência e a libertação da alma; até que seja aprendida a lição de que bens terrenos têm valor na medida em que auxiliam a conhecer os valores eternos; e até que consigam vislumbrar que neste mundo as aparentes realidades são tão variadas quanto os referenciais nos quais alguém é capaz de se situar e adaptar.
Referenciais que servem somente para atribuir importância a coisas que nenhuma importância, nenhum sentido e nenhum valor têm, a não ser o de impedir a percepção da realidade. Referenciais que, ao longo da vida, precisam ser adaptáveis para o ajuste da normalidade de acordo com o passar dos anos. Mudando o referencial de observação, o que parecia real pode se desfazer em um instante. O homem sente-se seguro e feliz dentro de sua infelicidade enquanto tiver um referencial. Enquanto puder se localizar por meio de algumas coordenadas. Na falta disso, o homem começa a perder a razão e a sentir medo. Medo que precisa ser superado por quem quiser encontrar uma liberdade isenta de referenciais.
Em geral, no jogo da vida, é nas horas da doença, do sofrimento e da morte que o indivíduo se dá conta de que tudo no mundo não vale quase nada. Se nessas horas, o homem for capaz de se conscientizar e compreender, então, poderá perceber que o nascer em si pode não ser um bem, a menos que o encarnado retorne com o firme propósito de se redimir e de ajudar outros em um despertar livre dos véus que embaçam a razão.
Porém, enquanto a Luz não dirimir as sombras, no palco da vida, continuaremos correndo atrás de objetivos que, quando alcançados, terão de ser substituídos por outros para mantermos a sensação de estar fazendo algo que vale a pena e que glorifica o viver, dando-lhe sentido. Isso até surgir a percepção de que não há absolutamente nada importante a ser conquistado. Tudo não passa de um jogo. Um jogo no qual as crenças e os referenciais nada mais são do que ferramentas para tornar miragem o que se encontra nos limites da terceira dimensão.
Imagine um caleidoscópio. Várias imagens que mudam aparentemente infinitas vezes. Mas sempre causadas pelas combinações dos mesmos poucos papeis coloridos. E as possibilidades dessas variações são iguais ao número de papeis elevado a si mesmo. Daí, o que participa num instante de um universo visual, logo estará participando de outro e mais outro e mais outro. Alguns melhores ou piores? Não! Na essência todos iguais. Até sempre! É tão somente a ilusão que nos faz achar que vivemos vidas diferentes e variadas. Na essência, somos sempre os mesmos com diferentes interações. Até a hora em que alguém, percebendo isso, se apavora e busca uma via de saída desse labirinto. Labirinto onde podemos sempre fazer o “check-in”, mas dificilmente o “check-out”, presas que somos da Besta tão difícil de matar!
Mas, para quem tem fé, a esperança nunca morre. Então, quem realmente quiser e tiver a força interior, poderá um dia reconquistar a liberdade que teve antes de mergulhar na dimensão da matéria e ficar preso no jogo da vida onde, disfarçado, o caos se encontra atrás de tudo que parece estar em ordem.
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