O LIVRE ARBÍTRIO: – LIBERDADE EXIGE RESPONSABILIDADE
Autor Euckaris Guimaraes Mendes
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 7/26/2008 11:54:40 PM
“O Espírito é criado simples e ignorante”. É uma partícula divina que para ter individualidade tornar-se uma entidade viva, manifesta e tangível no ambiente do mundo fenomenal, necessita de um corpo aparencial e formas objetivas próprias.Para isso, inicia sua passagem por diferentes planos da criação divina recebendo de cada um substâncias fluídicas que lhe vão formando envoltórios protetores cada vez mais densos mais inferiores."
Atingido o ponto mais baixo dessa descida a partícula inicia o movimento contrário de regresso à origem que se processa através dos diferentes reinos da natureza física nos mundos materiais até que se liberta dos envoltórios mais grosseiros por efeito das provas a que foi submetida para atingir os estágios espirituais superiores onde vivem colaborando na obra da criação divina, os Espíritos que já adquiriram sabedoria e pureza convenientes.
As etapas de sua trajetória nos reinos inferiores são muito lentas por viver no início apenas a vida sensorial e de instintos mas, quando atinge o reino humano, seu progresso se acentua grandemente porque nesse momento com a conquista da razão adquire também o livre arbítrio, poderosa alavanca de sua perfectibilidade, no futuro.
LIBERDADE DE AÇÃO -No esforço da evolução a liberdade é do homem, as Leis são de Deus.
O homem usando dessa liberdade, traça seus rumos e Deus pela Providência, marca seus limites, ilumina-lhe os caminhos e ampara-o nas suas quedas.
A liberdade é pois a base fundamental do Livre Arbítrio e pode ser usada por intermédio dos atributos essenciais do Espírito que são, como já vimos, inteligência, razão e sentimento.
O Livre Arbítrio – Faculdade de julgar por si mesmo, compreender por si mesmo, decidir por si mesmo.
É uma prova imensa da bondade de Deus e foi dada ao homem como uma forma de apoio para adquirir consciência e méritos próprios.
O Livre Arbítrio é pois um atestado de liberdade para o espírito criado, uma possibilidade de afirmar-se, de caminhar por seus próprios pés, de adquirir méritos para elevar-se a regiões espirituais superiores, de combater e de abrir por si mesmo seu caminho para as luzes e as verdades eternas.
É ao mesmo tempo, a marca de uma criação mais alta, de uma hierarquia de uma espécie, de um reino de vida mais elevado, cujas características são: sabedoria e amor eternos.
Essa faculdade benéfica e maravilhosa contudo, sofre flutuações e impedimentos .
Flutuações – porque sua aplicação varia conforme as paixões e pensamentos do indivíduo.
Impedimentos – porque dentro do homem, como fora dele, forças e circunstâncias diferentes, até mesmo físicas podem alterar sua livre manifestação.
A Providência age quando o Alto julga necessário intervir no sentido de orientar, iluminar intuir o Espírito humano para maior acerto de suas decisões; quando também tenha este fracassado na aplicação dos meios que lhe são próprios e se desorienta ou desespera. Intervém ainda para contrariar decisões quando estas podem acarretar males de caráter geral ou representam atentados às leis divinas.
A medida porém que o homem evolui, seu campo de ação vai se ampliando e sua capacidade de exercer a faculdade se desdobra e se consolida.
Como princípio, podemos dizer que o Livre Arbítrio individual deve ser sempre respeitado e somente devemos intervir alterando-o ou opondo-lhe limitações, quando isso possa ser justificado pelo benefício da coletividade.
A extensão do uso da liberdade, segue os passos da evolução tanto no que respeita ao indivíduo, como às coletividades.
A época da Primeira Revelação, tendo em vista serem os hebreus um povo primitivo, teve Moisés de mantê-lo durante longos anos no deserto em torno aos mistérios da Arca, para assim impedir a livre manifestação de seus instintos bárbaros.
A Segunda Revelação, vinte séculos depois, Jesus Cristo já não se dirigia mais ao povo , mas a toda a humanidade, apontou aos homens, campos mais recheados de conhecimentos espirituais e de liberdade, dando-lhes o conceito do amor de uns pelos outros e a advertência expressiva da fraternidade universal.
Outros vinte séculos passados, a Terceira Revelação pela voz do Paracleto, Consolador Prometido por Jesus a seu tempo, pôde agora oferecer aos homens atuais, visões ainda mais recheadas de ação pelo conhecimento das vidas sucessivas e pela responsabilidade de cada um na conquista de sua própria redenção espiritual, com o emprego consciente e acertado de seu Livre Arbítrio individual.
Pelas luzes que nos vieram com este corpo maravilhoso de conhecimentos amplificados, pesadas e medidas as conseqüências, boas ou más de nossos próprios atos, devemos agora assumir deles responsabilidade total, mais consciente e integral, não nos esquecendo da advertência do Mestre quando disse que “ a quem muito for dado muito será pedido”.
Como Paulo de Tarso, todos pensamos na evolução, quando nos diz na sua Epístola aos romanos:
“ sei que o bem está ao meu alcance mas não o poder de o fazer perfeitamente. Assim, pois, não faço o bem que quero e faço o mal que não quero.”
Nessas horas de incerteza e de vacilações lembremo-nos que houve um Mestre infalível que apontou rotas seguras e objetivos claros nos horizontes da vida pois Ele disse: Sede perfeitos como vosso Pai que está nos céus”
- Mas qual é esta perfeição do Pai já que o Pai para nós não é acessível?
Ele responde: “Eu e o Pai somos um e ninguém vai ao Pai se não por mim”. Bem torna o homem:
-Compreendemos agora que o Pai é acessível na Tua Pessoa Sagrada; mas como obter a perfeição?
E Ele responde: “ Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida e quem crer em mim será salvo”.
Assim pois a rota segura, a que nos impedirá de agir mal e de atentar contra as Leis de Deus é obedecermos as regras de conduta apontadas pelo Divino Mestre nas páginas de seu Evangelho de amor e de Redenção.
No plano de vida relativo em que vivemos, verificamos que o bem e o mal atuam profundamente, bastando abrir os olhos para ver: a terra, o ar, o fogo, a água todos elementos naturais, são ao mesmo tempo amigos e inimigos do homem: apoio para seus pés, estrutura para seu corpo, hálito de sua respiração, calor e luz para sua vitalidade mas ao mesmo tempo, o vento que destrói, a onda que afoga, a terra que absorve e o fogo que consome.
Deus, na sua infinita misericórdia coloca à frente do homem contrastes marcantes de bem e de mal. Para que possa conhecer tudo o quanto existe, desvendar seu significado e optar pelo que for melhor, mais útil e mais verdadeiro.
A conclusão de tudo isto é que o mal não existe por si só, porque os Espíritos foram criados para a felicidade na sociedade de Deus. Representa simplesmente ignorância, ausência de sabedoria, imperfeição moral, ausência de virtudes redentoras.
A compreensão do Livre Arbítrio não deve dar ao homem uma consciência de poder mas de segurança; um sentimento não de glória mas de esperança; nem tampouco de egolatria ou de orgulho mas de responsabilidade e de prudência.
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