O oposto não é o contrário
Atualizado dia 06/03/2012 10:22:35 em Espiritualidadepor Paulo Salvio Antolini
Vamos refletir no que, de início, nos atrai às novas situações, relações, etc. "O que me chamou foi o desafio". Enfrentar algo que foge da rotina, do conhecido, do habitual. Sinal de que existe algo de diferente. Implica em mudar. "Ela é diferente das demais". Sinal de que ela possui um atrativo a mais, algo que destoa e a diferencia. Mas há também situações em que até a concordância atrai pela diferença: "Aceitei esta proposta porque eles pensam como eu, diferentemente dos demais, que só me contestam". Observem que há sempre o pano de fundo da diferença, para que se possa ocorrer a harmonia.
No contraste das cores se estabelece um impacto maravilhoso e chamativo nas pinturas, nos ambientes e na criação. Quando há apenas pequenas variações de tonalidade, o ambiente torna-se monótono, calmante e pode levar a pessoa até à depressão. Tem, sim, sua utilidade, porém se usado por pouco tempo. Em excesso, deprime, desencoraja. Pronto! Tragam isso agora para a relação humana, em todos os segmentos de nossas vidas, afetivo, social, profissional. Também vai gerando uma condição de desinteresse, apatia, "tudo é muito igual". A esposa pergunta o que o marido quer comer e ele diz: "nossos gostos são semelhantes, o que você fizer está ótimo". Era isso que ela queria ouvir?
Os amigos se reúnem todo dia "x" da semana para conversarem, apregoam a harmonia do grupo e todo encontro é sempre igual, o mesmo drinque, os mesmos assuntos e ao retornarem para suas casas, a sensação de que nada foi acrescentado. Com o passar do tempo, muitas vezes, pouco se falam, basta que estejam cumprindo o ritual do encontro. Vez ou outra se entreolham e sorriem. O sorriso que expressa todo um diálogo que eles já conhecem bem. O diretor que tomou uma decisão e a levou ao conhecimento do seu gerente, teve plena concordância deste, não por "respeito" hierárquico, mas por "ser igual". Mais pra frente, "explodem" problemas que poderiam ter sido identificados e evitados caso tivessem sido devidamente analisados na apresentação da idéia. As queixas servem de alerta e não são ouvidas: "Estou cansada, tudo é sempre igual, nada muda!" "Esta rotina está me deixando desesperada!" Devemos, pois, começar a enxergar as diferenças, não como contrariedade, mas como possibilidade de ampliação de horizontes.
"Gosto de conversar com fulano porque há debate, nós crescemos". "A diferença de idéias nos faz pensar" e assim por diante. Declarações de pessoas que estão crescendo juntas. Vocês já devem ter conhecimento de que, se na natureza tudo fosse igual, haveria a devastação total, pois faltariam as diferentes espécies que mantêm o equilíbrio. No relacionamento humano isso também é verdadeiro, pois é necessário que haja divergências para que as convergências ocorram.
Vamos nos lembrar de que quando nos deparamos com diferenças, somos acionados a refletir, raciocinar, argumentar, escutar, buscar o que nos exige o exercício de pensar. E por mais que não gostemos, não nos acostumamos a isso. "Tudo" em nossa vida tem sido um "apenas faça", mais do que um "reflita, pense, decida, aja". Quando passamos a identificar o crescimento por estarmos com pessoas que têm opinião própria, que não apenas concordam, percebemos que começamos a crescer, e não nos sentimos negados como pessoas. Várias e diferentes formas de pensar nos levam ao crescimento e ao desenvolvimento pessoal e profissional. Estar diante de pessoas que pensam e são diferentes não significa ser desrespeitado, só nos faz sentir que somos seres únicos que compartilham de um mesmo existir.
Portanto, o oposto é o complemento e não a anulação mais para frente, trazendo grandes complicações.
Texto revisado
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