Menu
Somos Todos UM - Home

O PRECONCEITO E A DESCONFIANÇA DIANTE DO BEM

Facebook   E-mail   Whatsapp

Autor Antony Valentim

Assunto Espiritualidade
Atualizado em 7/19/2014 9:22:44 AM


Vivemos estudando as escrituras sagradas, os livros mágicos, as obras espiritualistas ou espíritas, a própria bíblia, o evangelho de Jesus (síntese maior e mais inteligente de todas), todos basicamente pregando um código de conduta frente às muitas situações da vida. Lemos, pregamos, dissertamos a respeito, instruímos pessoas sobre modelos a serem seguidos, exaltamos a figura do Nazareno que realizou obras exclusivamente para nos ensinar o caminho a ser seguido, e sentimos um toque profundo de inspiração diante do exemplo que Ele deu com seu sacrifício pessoal, quebrando todos os preconceitos e fazendo, naquela época, coisas absolutamente inesperadas que um homem poderia fazer. Nos inspiramos e uma força sobre humana enche nosso coração, e chegamos a ter certeza inquestionável de que aquele é o caminho a ser seguido – porque de fato é.
 
Como todo aluno que estuda, chega a hora de fazer a prova para checar se o que aprendemos foi realmente assimilado e se temos condições de “passar para o próximo semestre” ou “passar de ano” – ou se temos que repetir a matéria ouvindo e refletindo tudo de novo para uma próxima oportunidade de sermos novamente avaliados.
 
No entanto, o mundo, sua razão, sua lógica, sua vibração, seus conceitos, seus convencionalismos e sua decadente visão do que seja a moral, não permite que os ensinamentos do Mestre penetrem corações, ou talvez eu deva dizer, que sobrevivam nos corações.
 
Aprendemos que cometer adultério é errado. Aí, nos deparamos com um casal onde um dos cônjuges comete adultério. O que fazemos? Intimamente, num átimo, já julgamos, condenamos e desejamos a pena mais severa para aquela pessoa, isso quando não a excluímos de nossa vida. Mas, não somos aqueles mesmos aprendizes que leram tantas vezes a passagem evangélica de Jesus diante da adultera a recomendar que “quem não tiver pecado que atire a primeira pedra” e ainda por cima usou de sua misericórdia para perdoar aquela mulher? Não deveríamos então, pela lógica do óbvio – se queremos ser seguidores D´Ele - fazer o mesmo?
 
Aprendemos que o meretrício é errado. Aí, conhecemos uma pessoa que por princípio de honestidade ou até mesmo por ingenuidade se revela uma “pessoa da vida”, que vende o corpo para se sustentar. O que fazemos? A mesma coisa: intimamente, julgamos, condenamos e definimos a pena. Mas não somos aqueles que se dizem estar dispostos a seguir os passos do Mestre? Não permitiu Ele que uma das maiores meretrizes da época se tornasse uma das suas maiores seguidoras? E agora nós, como defensores de seu legado, vamos lá e fazemos exatamente o contrário? Qual é o problema com as meretrizes? Não são irmãs nossas que merecem o mesmo respeito que qualquer pessoa merece? Não merecem elas o mesmo respeito que Jesus devotou à Maria Madalena? Pois se o próprio Chico Xavier ia orar em casas de meretrício em respeito à todas aquelas almas consideradas “imundas” pelo resto da humanidade!?
 
Aprendemos que o filho pródigo exigiu sua herança, foi pro mundo, gastou tudo o que tinha e se transformou no servo de mais baixo nível, comendo até a comida dos porcos; e aprendemos que ao retornar para a casa de seu pai, pedindo que se tivesse que ser um servo, que fosse o servo dele, o pai se coroou de alegria ao ter de volta o filho perdido para o mundo. No entanto, quando vemos uma história semelhante acontecer nos dias de hoje, intimamente chamamos o filho de vagabundo e o pai de bobo – isso quando não apoiamos o irmão ciumento e nos unimos a ele para acabar com aquela festa. De novo não cremos que precisa haver benevolência para com todos, e de novo perdemos as valorosas oportunidades de passar na prova.
 
Aprendemos – segundo as próprias palavras do Mestre – que “Ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a põe debaixo de uma cama; pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entrem, vejam a luz”. O que isso significa? Entre outras coisas, que não espalhar os preceitos cristãos, a fim de dissipar as trevas da ignorância que envolve as almas, e que esconder egoisticamente a luz espiritual que deve beneficiar a todos, é um erro. No entanto, todos os dias, temos o medo de exemplificar a lição e deixamos nossa luz escondida das oportunidades de iluminar os outros. E mais: condenamos quem tenta fazer isso.
 
Aprendemos que um fariseu (homem respeitadíssimo por seguir as tradições) e um publicano (o odiado arrecadador de impostos) se apresentaram diante do altar. O fariseu orava assim: “Graças te dou, ó meu Deus, por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros. E não ser também como é aquele publicano. Eu, por mim, jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo”. Já o publicano, nem sequer ousava erguer os olhos para o céu; batia no peito, e exclamava: “Meus Deus apiedai-vos de mim, pecador.” E aprendemos com o próprio Jesus que o publicano voltou justificado para sua casa, e o fariseu não, porque “todo aquele que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha será exaltado." Mas quantas não são as vezes que olhamos para as pessoas encarregadas de missões duvidosas na vida e já os consideramos indignos, manipuladores, medíocres, pessoas imundas?
 
Aprendemos diretamente com o Nazareno: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus”. No entanto, somos a ironicamente a humanidade que mais odeia os inimigos, e passamos dias e noites costurando planos de como destruí-los, ou praguejando, vez por outra, contra eles. Somos incapazes de bendizer aqueles que nos destruíram planos e sonhos, somos incapazes sequer de fazer uma oração sincera por aqueles que nos odeiam. E duvidamos veementemente que isso seja possível ou plausível. "Ele perdoou o inimigo? Ah, então aí tem coisa".
 
Jesus nos deu o caminho a seguir, as instruções a serem consideradas, nos falou sobre como devemos nos comportar diante do erro e do acerto - inclusive de nós próprios - e estamos, 2000 anos depois, "patinando" para aprender.
 
Alguns poderão dizer: “Mas ele era Jesus; já eu, embora tente seguí-lo, estou longe de ser como Ele”. Mas o quanto disso é verdade, e o quanto disso é uma desculpa? Será que também nos esquecemos de um de seus ensinamentos imperativos: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” Não deveríamos então fazer essa busca em tudo o que nos dispomos a realizar? Não deveríamos então interromper a visão de que se buscarmos de fato exemplificar esses e todos os outros ensinamentos do Mestre, não será algo assim tão sem sentido? 
 
Todas essas instruções e recomendações evangélicas, se resumem em uma única: Aprender a amar.
 
Porém, ainda não compreendemos que o exercício do amor deve ser o tema central de nossas existências - guardadas as devidas proporções das missões individuais de cada ser encarnado nessa Terra - e que esse exercício deve se basear na superação de julgos que nos impeçam de ver nas pessoas o que de verdadeiramente bom elas podem nos proporcionar. 
 
Mas a mais intensa demonstração de nossa resistência aos ensinamentos do Mestre vai um pouco além de todas essas coisas. 
 
Todos nós, com raras – e abençoadas – exceções, ao nos depararmos com uma pessoa que tenta ser e fazer exatamente o que o Mestre recomendou (ainda que tenha inúmeros defeitos), logo julgamos: “Ah, mas ninguém faz esse tipo de coisa tão boa”.
 
Mas não é essa a idéia? Nos iluminarmos e não escondermos a luz? Não enterrarmos os nossos talentos? Fazer de fato coisas boas? Além de não conseguirmos fazer o que estudamos, lemos e pregamos, ainda por cima condenamos quem tenta de verdade viver essa experiência. Diante de uma pessoa que tenta legitimamente seguir as recomendações do Mestre, logo pensamos: “Ah, mas isso não existe; ninguém faz isso, deve haver uma segunda intenção nessa história”.
 
Infelizmente, o mundo tenta nos convencer todos os dias de que as pessoas realmente corretas são aquelas que não fogem a limites muito rígidos de razoabilidade. Se alguém sai do razoável (para melhor), logo é condenado; ou como quem quer aparecer, ou como quem deseja usar de atitudes benevolentes com segundas intenções, ou como quem deseja qualquer coisa além do propósito a que se volta. É como se não bastasse que nossos corações reagissem com desconfiança a quem faz o mal; fica parecendo que precisamos desconfiar também de quem faz o bem, principalmente um bem que raramente se vê alguém fazendo hoje em dia. O mundo, infelizmente, doutrina as pessoas a entrarem constantemente em conflito com os ensinamentos do Mestre, porque até aqueles que tentam ser exemplo, são massacrados pelos preconceitos.
 
Vive-se pregando a necessidade de se fazer o bem, de se amar incondicionalmente, de superar as limitações dos convencionalismos, de perdoar, de não se enterrar os talentos, de buscar o bom, o justo, o correto, e quando encontramos alguém disposto a isso, logo pensamos que aquela pessoa é insincera ou "boa demais para ser de verdade". 
 
Mas ainda assim – e afirmo categoricamente – existem sim pessoas interessadas em fazer o bem pelo simples e puro prazer de seguir o que o Mestre instruiu e se tornarem pessoas melhores. Reconhecem suas limitações e defeitos, mas mergulham em tudo o que fazem com uma vontade incandescente de produzirem o melhor que podem, mesmo que isso signifique ultrapassar todas as barreiras do razoável, mesmo sabendo que não são pessoas perfeitas.
 
Há sim quem se coloque em segundo lugar em prol de outros que possam até merecer menos;
Há sim quem perdoe incondicionalmente os mais ferrenhos inimigos;
Há sim quem aprendeu a amar esses mesmos inimigos;
Há sim que se cale no silêncio para não ofender ou perturbar quem o feriu, ou não render dramas inuteis que a nada levarão;
Há sim quem reconheça o bem que recebeu, mesmo tendo recebido da mesma pessoa um mal posterior;
Há sim que se doe exaustivamente pelo puro prazer de ver outra pessoa feliz;
Há sim quem respeite prostitutas, adulteros e esbanjadores, considerando-os efetivamente como eles são: espíritos eternos vivendo experiências;
Há sim quem queira fazer o bem sem nenhum interesse menos digno ou de cunho egoístico;
Há sim quem perdoe as faltas cometidas contra si sem demonstrar “a natural revolta de quem foi injustiçado”;
Há sim quem faça o melhor que pode sem esperar em troca nem mesmo a graditão e o reconhecimento de quem quer que seja;
Há sim quem entenda e vivencie o fato de que devemos ser benevolentes exatamente para com quem precisa de benevolência (médicos existem para doentes, não para os sãos), e não se limitam a amar somente a quem os ama;
Há sim quem se alegre genuinamente com uma alma perdida sendo resgatada, sem julgos ou condenações;
Há sim quem faça coisas boas por estranhos e desconhecidos, mesmo que isso pareça demonstração exterior;
Há sim quem busque ser legitimamente bom, embora saiba possuir inúmeros defeitos, porque entende que fazer o bem é, entre outras coisas, uma nobre forma de sair deste mundo melhor do que era quando aqui chegou.
 
Esse tipo de pessoa existe. Nós é que, através de tristes preconceitos e de uma imensa fragilidade conflituosa entre o que queremos pregar (a pedido da luz) e o que de fato fazemos (a pedido das convenções), sufocamos tais pessoas e as impedimos de dividirem conosco suas lindas histórias de verdadeiro e incondicional Amor; aquele mesmo Amor que um dia, um singelo Nazareno tentou nos ensinar. Inspirados por Ele, ainda existem muitos que tentarão quebrar todos os preconceitos e farão, nesta época, coisas absolutamente inesperadas que um homem (ou mulher) poderia fazer.
 
O bem pode ser sim o interesse legítimo, espontâneo e despretensioso de alguns, e há de fato pessoas verdadeiramente interessadas em exercer esse bem no máximo das possibilidades e circunstâncias. E o que fazer em relação a quem não crê nisso? Respeitá-los. Afinal, o arbítrio é livre, e todos nós temos o irrestrito direito de fazer escolhas.

Gostou?    Sim    Não   

starstarstarstarstar Avaliação: 5 | Votos: 7


estamos online   Facebook   E-mail   Whatsapp

foto-autor
Conteúdo desenvolvido pelo Autor Antony Valentim   
Antony Valentim é um ser comum, sem privilégios ou destaques que o diferenciem das demais pessoas. Devorador de livros, admirador de culturas religiosas sem preconceitos, e eterno aprendiz do Cristo. Mestre de nada, sábio de coisa alguma. Alguém como você, que chora, sorri, busca, luta, exercita a fé e cultiva no peito a doce flor da esperança.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

Saiba mais sobre você!
Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui.
Deixe seus comentários:



Veja também
© Copyright - Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução dos textos aqui contidos sem a prévia autorização dos autores.


Siga-nos:
                 

Energias para hoje



publicidade










Receba o SomosTodosUM
em primeira mão!
 
 
Ao se cadastrar, você receberá sempre em primeira mão, o mais variado conteúdo de Autoconhecimento, Astrologia, Numerologia, Horóscopo, e muito mais...


 


Siga-nos:
                 


© Copyright 2000-2025 SomosTodosUM - O SEU SITE DE AUTOCONHECIMENTO. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade - Site Parceiro do UOL Universa