O que você faz com as pedras do caminho?
Atualizado dia 11/15/2022 10:22:19 PM em Espiritualidadepor Wilson Francisco
A pedra é um dos símbolos de maior presença e importância no nosso imaginário coletivo.
Há a pedra do mito de Sísifo, a pedra filosofal e a pedra rejeitada da alquimia, a pedra do rochedo da castração, mencionada por Freud.
A pedra no Cristianismo, Pedro, como a pedra sobre a qual se edificará a Casa de Cristo, enfim, poderíamos seguir infinitamente adiante.
De todas, uma pedra se destaca, ela vem de Itabira e foi descrita em 1928.
Esta pedra encontramos no poema de Carlos Drummond de Andrade, na coletânea: "Tentativa de exploração e de interpretação do estar no mundo" e se chama " No meio do caminho":
"No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que
No meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra".
Diz Roberto Crema. Vamos nos ater às imagens que iniciam o poema:
"No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra".
Há uma espécie de encantamento e sedução que nos retém junto a estes versos/imagens, quase uma satisfação, quase uma captura.
O poema é de uma alegoria muito exata daquilo que se trata em relação à ideia do caráter do ser humano, como Hillman propõe.
Drumond diz o que quer dizer, repetindo " tinha uma pedra" por quatro vezes, em quatro versos e, "no meio do caminho", três vezes.
Esta repetição insistente tende a acontecer no nosso funcionamento psíquico.
Estas repetições são sensíveis aos obstáculos que a pedra representa.
A insistência repetitiva manifesta a própria presença da pedra, em seu caráter incontornável, no meio do caminho.
A solidez da pedra, do caráter, impõe a necessidade da repetição.
Uma personagem bem atuante na nossa vida, a mãe, executa essa missão. Ela fala no ouvido da crianca, repete, insiste.
Ela quer destruir as pedras do caminho? Se tivesse esse poder, sim. E o que seria daquele menino ou menina, sem a oportunidade de examinar, sentir e vencer as pedras do caminho!!!
Se a linguagem servisse apenas para exprimir uma única significação ou um único sentido, bastaria dizer uma só vez:
"No meio do caminho tinha uma pedra".
Seria uma constatação, uma enunciação.
A pressão humana, do padre, da mãe, do amigo. E as vozes outras que ficam com insistência sinalizando essa ou aquela atitude como ideal, podem modificar ou não nosso caráter.
Bom que nosso caráter se mantenha incorruptível e a "ladainha", repetição, se dissolva com o tempo, porque estamos aqui na Terra para evoluir, crescer, desenvolver talentos inatos e outros adquiridos e não para simplesmente nos polir como se faz com as pedras.
Já fomos pedras, flores, animais. Hoje somos a obra-prima da criação: o ser humano.
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 4
Conteúdo desenvolvido por: Wilson Francisco Terapeuta Holístico. Desenvolve processo que faz a Leitura da Alma; Toque Quântico para dar qualidade à circulação e aos campos vibracionais; Purificação do Tronco Familiar e Cura de Antepassados para Resgatar, Atualizar e Realizar o Ser Divino que há em você. Agendar pelo WhatsApp 011 - 959224182 ou pelo email [email protected] E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |