O significado da palavra ressuscitar
Atualizado dia 11/14/2007 10:43:04 PM em Espiritualidadepor Andrea Pavlo
Zezé de Camargo e Luciano
Hoje cheguei da missa de sétimo dia do meu avô pensando nas frases que ouvi. "Morrendo... viverei!" "Ressurreição... recomeço numa nova vida". Não que eu seja católica - na verdade, nem religião eu tenho - mas aquelas palavras bateram fundo num momento tão especial da minha vida.
Meu avô faleceu no último Dia de Finados. Dois de novembro, para ser exata, às 10h30min da manhã, conforme consta no atestado de óbito, de velhice. Ele tinha 96 anos de idade, muito bem vividos entre Brasil e Iugoslávia, sua terra natal. Morreu fraco, definhando por conta de Alzheimer, uma doença cada vez mais comum numa população cada vez mais idosa. Morreu de mãos dadas com sua filha, minha mãe, que o ajudou a fazer a passagem do estado encarnado para desencarnado num processo maravilhoso e foi enterrado no dia 03, às 8 em ponto. À noite, foi o casamento da minha irmã.
Sinceramente eu achava que essas sincronicidades só aconteciam em filmes ingleses. Um funeral e um casamento no mesmo dia? Que estranho! Mas hoje, saindo da missa e depois de ouvir as palavras do padre, eu entendi o processo. Tudo sempre está terminando... e recomeçando.
Este é o meu ano nove na numerologia pessoal, um ano de términos. De coisas que não poderão ser levadas adiante. E neste ano muita coisa terminou. Começou com o afastamento da minha secretária do lar predileta, Sílvia, que precisava viver uma nova fase na sua vida. Depois veio a morte de meu avô paterno e de um amigo, na mesma semana. Terminei um relacionamento nesta mesma época e, alguns meses depois, uma grande amiga foi morar longe, tão distante. Minha cachorra morreu, como alguns já sabem, depois meu avô materno e ainda teve a mudança da minha irmã da minha casa, agora casada e feliz da vida.
O fato é que todos esses afastamentos vieram porque eram estritamente necessários a essas pessoas. Mas como é difícil de aceitarmos isso! Cada afastamento, cada fim, cada término é como uma facada, uma ferida no nosso coração. É como se o coração fosse ficando com menos espaço para as feridas fechadas e, ainda, para aquelas que teimam em permanecer abertas, mesmo depois de muito tempo.
Mas hoje, ouvindo as palavras do padre, me dei conta de que nenhuma dessas pessoas morreu ou foi embora da minha vida: elas simplesmente ressuscitaram em algum outro nível. Eu nunca tinha entendido o significado da palavra ressuscitar, mas entendo hoje que é, justamente, o casamento, a alegria, depois da morte. A morte nos espreita o tempo todo. Não somente a morte física, mas aquelas pequenas mortes, grandes transformações internas e externas que precisamos passar na vida.
Hoje, depois desses acontecimentos, tenho certeza de que não sou a mesma pessoa porque entendi o processo. O processo do amor incondicional. De amar tanto alguém, mas tanto, que se é capaz de ajudar essa pessoa a fazer o processo de desencarne. O amar tanto uma pessoa que quer que ela seja feliz em outra casa, em outro emprego ou em outro país. Em amar tanto uma pessoa que entendemos que tudo o que podemos fazer para ajudar é se afastar e deixar que ela passe por seus próprios processos. Amar tanto, e sem esperar nada em troca, que as feridas no coração se fecham naturalmente, deixando uma cicatriz que sempre nos fará lembrar, mas que não mais nos fará sofrer.
Entender que existe uma fila enorme de pessoas e de situações só esperando para poder solucionar conosco os seus carmas, para pode aprender e ensinar aquilo que combinamos anteriormente. E, principalmente, entender que nunca perdemos nada porque não possuímos nada. Nada, nem mesmo um objeto, um animal e muito menos um ser humano. Que só possuímos a nós (e como é fácil se perder de si mesmo, não?) e que é nessa pessoa que devemos nos apegar, nos ater, cuidar, até o último instante. E saber aproveitar cada minuto, cada segundo ao lado daqueles que amamos de verdade, mesmo que essa convivência não seja completamente possível. Amando os amigos que precisam se afastar e sabendo o quando eles também nos amam. E que estamos nesta vida, justamente, para aprender a soltar.
Um dia teremos que fazer uma renúncia final. E ressuscitar pra uma nova vida. Assim como nosso grande Mestre Jesus fez. Justamente para nos mostrar que o fim é, na verdade, sempre um novo começo.
Ao meu avô, Konstantin Pavlovitsch: fique sempre com a luz!
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 160
Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
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