OFERENDA Á VIDA:sempre plena e desconhecida...Território do mistério em nós.

Brindes e saudações. Mais um ano de sonhos,promessas, cuidados e esperas...É como se o fluir da vida estivesse sobre o nosso controle. Chega um momento de tanta lucidez que é preciso exercer a arte de zelar da alegria, da bondade, da gentileza por que o ano de 2012 já anuncia purificação e transformação.

Sempre tive a cidade de São Salvador (Bahia de Todos os Santos) como um pedaço sagrado na sua essência mais profunda. Vivi uma época cantante dos rios, beleza. por do sol, encantamento,magias e saber exótico e ancestral.

Fico pensando nos Ancestrais que morreram no mar,nos porões dos navios,nos cânticos de acalento de um sono que não vinha, de uma poesia forte e bravia,nas lutas e fugas...Tudo isso foi deixado como herança arquétipica, ancestral, mágica,sonora. Minha Bahia. Dos dengos da mulata, dos torços coloridos, dos oris e obis. Aromas,cheiros,perfumes, colares e guiança.

Estou andando pela cidade,subindo e descendo ladeira,visitando lugares como uma criança que busca a mãe por que se perdeu no parque comprando pipoca.

Não sei eu perdi a Bahia ou eu perdi a ilusão da Bahia!

É tão amargo esse suco de desilusão! Os lugares santos dos Orixás estão contaminados.

Como Nanã vai morar na lagoa do Abaeté? Suja,encardida, violentada nas  suas águas escuras,não do Axè mas do lixo. Lágrimas brotam do meu coração. Sei o sabor da orfandade.

Cadê as estradas e ladeiras livres par o Senhor Ogum correr? Vi sacos de lixo,esgotos em céu aberto...

Odoiá! Iemanjá habita nas canções assim como Oxum,Xangô,Ossoxi e tantos outros...

Os negros quando deixaram a África sofreram do "banzo" uma saudade que vem de longe, de um não

sei de quê...Dá uma moleza no corpo,um cansaço na alma,um aperto no coração...Assim como as canções dos becos sujos cantados na prosa poética do Amado.

É desse jeito que estou vivendo o meu banzo baiano.

Será que a Bahia passou a ser uma lenda? Um arquétipo? Uma história encantada?

Não sei. Há no ar um silêncio mesmo com as festas nos terreiros. É como se a Bahia estivesse literalmente vivenciando o "axexé".

É preciso saborear o luto.Deixar o senhor do Tempo tomar outra direção. Aguardar e esperar a mudança dos ventos.

Sei bem que um Preto Velho ( me falou com sua voz mansa) "senta fia para ouvir uma história".

-Chegou um tempo que a Natureza silenciou,nem o piu da passarada se ouviu,tudo calado.Estava tendo uma reunião com Olorum. Os dois mundos estão reunidos com os Ancestrais para ver o que faz. Coisa boa não vem prá cá. Fica no seu canto e espia. Sentei e senti os lamentos,as lágrimas,a indignação, a perplexidade, a ira, o olhar duro, sobre tanto descaso com o Sagrado. Ouvi um chicote batendo no chão. Uma voz parecndo um vulcão falou. Eu tampei os ouvidos,não queria ouvir aquela sentença.Mas, sabia que estavam falando dos Orixás.

Voltei para o meu canto como o Preto Velho disse e fiquei rezando. A reza foi tão profunda que sonhei e vi uma Bahia de São Salvador limpa,linda,bonita,cantante. O Axé vinha de todos os lados: do vento feliz, das águas puras, das pedreiras brilhantes como o Sol, o verde da árvores luziam e as frutas balançavam num dengo de comer e saborear...

É quero um dia dizer para o meu neto que esse dia passou,mas foi longo...Levou anos de provação. De uma coisa tenho certeza mesmo com toda essa tristeza, há no coração um espaço para a Confiança no Sagrado em cada ser.

Ás vezes,olho para o céu e vejo um arco-irs. Outras vezes, contemplo um céu rosa de Ewá. De repente vem os ventos, relâmpagos,trovoadas,doenças...O Preto Velho me olha "eles estão aí.A Natureza está gritando,colocando limites,dando um basta na devastação do planeta.

Quando isso acontece é a RODA DOS ORIXÁS descendo em Alafiá para manifestar na história da humanidade respeito,honra,ética,preservação.

Muito bom quando se sente isso tudo acontecer:é que a menina encontrou a mãe e ela está junto de novo,feliz e contente da vida segurando um picolé de cajá,um sorvete de tapioca, pode até comer um delicioso acarajé com catado de siri com coco. É a oferenda chegando de forma simples,pura,plena de amor e devoção.

Amo a Bahia,mas estou no canto em silêncio,rezando.

A briga vai ser feia com foice e tudo. Os Orixás avisaram. A Natureza bradou. E o ouvido escutou? O pensamento parou? A ação chegou?

Sei não,minha gente.Acho bom ouvir o Preto Velho.

Manda quem pode e obedece quem tem juízo".

Caí no chão. De onde saiu esse buraco na rua,Jesus? Caiu um folha seca de uma árvore.

Tá perto.

"Você já foi a Bahia,nêga?" Vá que talvez você ainda encontre. Sorte. Para mim: saudade do vivido. Assim é.

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Marilene Pitta    Formada em Registros Akáschicos;Alinhamento Energético;Terapia Floral;Formação Holística de Base (UNIPAZ) com Pós Graduação em Terapias Holísticas;Mestrado em Educação e Desenvolvimento Humano. Consultas em Roda Xamânicas. Animal Poder.Atendimento com Conexão com o Povo das Estrelas (Arcturianos e Pleidianos). Atendimento á Distância e Presencial. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui.