Onde estão nossos valores?
Atualizado dia 19/12/2011 09:55:26 em Espiritualidadepor Paulo Salvio Antolini
Onde estão nossos valores?
Esta semana, enquanto aguardava atendimento numa dessas filas intermináveis as quais enfrentamos quase que diariamente, escutei uma frase da conversa entre duas pessoas: "... você viu só essa história do futebol? Que pouca vergonha! O Homem está apodrecendo...!" O termo soou-me tão forte que não mais consegui escutar a seqüência do que diziam, pois a afirmação "o Homem está apodrecendo" ficou ressoando em minha mente.
A partir de então, apenas durante os quinze minutos, que foi o tempo de duração do meu atendimento naquele local, deixei de refletir sobre o que havia escutado. Não. O ser humano não está apodrecendo. O que está acontecendo é uma grande e significativa reformulação (e mesmo inversão) de valores. Sem ponderação das conseqüências advindas do comportamento adotado. Aqui é importante ressaltar que o que fica é o que é feito e não o que é dito. "Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço" é uma afirmação que desde seus primórdios não tem sido considerada como se deve.
Fala-se da prostituição e das prostitutas como se não existissem "clientes" que as buscassem. Fala-se de pessoas que se vendem como se não existissem pessoas que as comprassem. O que estou dizendo é óbvio? É, mas vejam que interessante: as pessoas queixam-se de se sentirem ameaçadas por ladrões de peças de carros e no entanto compram não só peças, mas também acessórios e mesmo motores por preços que, sabidamente, não tiveram fontes honestas. Se ninguém comprasse, não haveria por quê roubar. É difícil, mais uma vez, admitir que somos parte integrante na responsabilidade dos males que afligem nossa época, e o que é pior: além de não admitir, nos enganamos descaradamente. Como? Convencendo-nos a cada momento de que nossas atitudes são éticas e coerentes. A gorjeta ao garçom para que na movimentada festa ele nos sirva antes dos demais. A "cervejinha" para nos livrar da multa causada pela infração.
Certo dia, ouvi Gerson, ex-jogador de futebol, dizendo em entrevista sobre o quanto havia se arrependido de ter feito a propaganda de um cigarro, onde dizia: "Você gosta de levar vantagem em tudo, certo? Então...".
Estamos tão perdidos em nossos referenciais que achamos que levar algumas vantagens nos alivia de outros males, como se fosse uma lei de compensação. Precisamos tirar algum proveito. Pronto. Acabou o referencial de direitos e deveres. Referencial este baseado em valores que nos levam à ação. Honestidade, fidelidade além de outros, são valores muito apregoados, mas que não vêm sendo praticados.
Podemos mudar isto? Queremos retomar valores que nos dignifiquem e nos dêem orgulho de existirmos? Precisamos parar com o "ir no embalo". O carro da frente andou, eu ando também mesmo que o farol não esteja aberto pra mim. Faço o que o outro fez, é automático. É a famosa psicologia de massa, faça e os demais lhe seguirão, por imitação.
Uma autora diz sobre ética: "Pergunte-se se o que pretende fazer poderá ser contado para seus filhos sem nenhum constrangimento. Caso titubeie, não o faça, pois estará ferindo a ética!" Lembre-se que o modelo para as pessoas é o comportamento, não o discurso. Você está passando para seus filhos, amigos, funcionários, exatamente o que você faz e não o que você prega. Valor é o que tem importância, tem significado, pois então, vamos cuidar de recuperá-lo e praticá-lo. Ao sermos coerentes com nós mesmos, estaremos eliminando muitas de nossas inquietações e ansiedades.
Texto revisado
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