PATERNIDADE CÓSMICA
Autor Oliveira Fidelis Filho
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 6/5/2010 6:44:31 PM
"Pai nosso..." Jesus
A oração ensinada por Jesus, a pedido de seus discípulos, provavelmente é o exercício espiritual mais expansivo, profundo e significativo que alguém pode vivenciar. Difícil ser mais feliz - bem-aventurado - quando o alvo é o re-ligare (restabelecer a ligação), quer com Deus, consigo mesmo, com o semelhante, ou com qualquer emanação oriunda do Criador.
Entretanto, como quase tudo relacionado a Jesus, o Cristo, a oração do Pai nosso, está relegada a uma abordagem periférica, transformada em mais uma peça do museu religioso, admirada por muitos e experienciada por poucos. Nem parece que foi Jesus quem a ensinou e recomendou, revelando por meio dela o caminho que conduz a vida abundante, verdadeiro mapa dos tesouros dos céus que enche de significado a vida de quem peregrina sobre a terra.
Bem-aventurado aquele que mergulha - desnudo e fundo - neste oceano repleto de Mistério e Vida! Que dá de beber à alma (ao coração e aos sentimentos) destas águas que jorram do Trono, que iluminam o espírito (a mente e a inteligência) com esta Luz, grávida da Sabedoria, que emana do Pai das luzes.
"Pai nosso..." As primeiras palavras desta oração produzem no coração sensível, elevação e expansão inexprimíveis. Dispõem da magia que redime a existência do asfixiante e sombrio cativeiro, forjado por pensamentos, sentimentos e atitudes mesquinhas. Libertam de reducionismos religiosos, de territórios dominados por crenças cuja pretensa luz, como declarou Jesus, são grandes trevas.
Convida ao que ousa crer, esperar e amar, a sair dos fragmentados guetos confessionais, das tradições engessadas, dos rituais estéreis, histéricos e alienantes. A entender e a estender a paternidade de Deus a tudo que foi por Ele e para Ele gerado. Isso naturalmente inclui criaturas "visíveis e invisíveis", reino animal, vegetal e mineral, quer o Verso do Uno verificável em escala microcosmica, bem como o Verso do Uno percebido escala macrocosmica.
O "Pai nosso", portanto, não deve ser entendido como privilégio especial, presunçosamente reivindicado e ostentado por alguns, que a si mesmos se julgam especiais aos olhos de Deus. Atitude que expõe imaturidade espiritual de uma crença egocêntrica e arrogante, geradora de comportamentos fundamentalistas que na proporção que se isola também exclui, degenerando em indiferença, julgamento, ódio e violência, quer em palavras e/ou em atos.
O conceito de eleição gera a intolerância nas - e entre as - grandes religiões, sem falar nas pequenas seitas.
Por se entender especiais - eleitos - o cristianismo e outras religiões subjugam povos, destroem culturas, além de encharcar o solo da Mãe Terra com o sangue de milhões.
Com estas idéias de Paternidade exclusiva, o Oriente situa o eixo do mal no Ocidente, enquanto o Ocidente, de igual forma o projeta no Oriente.
O fato é que a idéia de uma paternidade de Deus exclusiva a um povo e/ou a uma religião, jamais teve ou terá mérito de tornar a humanidade mais humilde, fraterna, bondosa ou amorosa.
Hitler se percebia um eleito, um escolhido por Deus, de uma raça superior e sabemos o que aconteceu. É maravilhoso se perceber filho de Deus, alguém especial, possuir auto-estima, o problema começa quando se sente assim em detrimento dos outros.
Quando Jesus convida a orar "Pai nosso", conclama a perceber a extensão ilimitada desta paternidade.
Quando alguém ora, com o coração expandido e a mente iluminada - Pai Nosso - vivencia a graça da inclusão e não a desgraça da segregação. Liga-se a tudo, sente-se parte do todo, dilui-se na incomensurável Criação, sente-se acolhido pelo Universo, no colo do próprio Criador.
Alegremente, partilha da família composta por todos e por tudo que a partir do Pai foi gerado. Experimenta amor incondicional, sem distinção de pessoas e/ou de criaturas, quer aquelas das quais se tem consciência ou as que a consciência ainda não abarcou.
Na concepção de Jesus, o Pai é nosso. Assim Ele O via, sentia, entendia, e com esta percepção amorosa e acolhedora movia-se e agia.
Não erguia muros de separação entre judeus e samaritanos ou gentios. A todos olhava com amor inclusivo, não partilhava da crença dos que julgavam ou julgam pertencer a uma elite racial, religiosa, doutrinária ou seja lá que elite for.
Em minhas meditações, não raras vezes, sinto-me agradavelmente expandido com esta percepção. Penso na Paternidade de Deus, em tudo que por Ele foi e é gerado e mantido.
À medida que medito, sinto-me ligado ao todo, parte do todo, usufruindo a energia do todo, me imiscuindo no todo e, assim, meu coração se expande e meus pensamentos iluminam.
Sinto-me crescer em amor, em misericórdia, em compaixão, em bondade, alimento pensamentos de paz, de esperança, de fé. Percebo Seu amor permeando toda a Criação, e me derramo em comoção diante do Pai nosso que, como o Sol, lança sobre a Mãe Terra a semente plena de energia, iluminando, aquecendo, fecundando e gerando vida em todos os níveis.
Ao declarar "Pai nosso" todo meu ser entra em estado de graça expandindo a misericórdia e bondade que em mim habita. Sinto-me recebendo e emanando luz e amor sobre tudo que do Pai foi e continua sendo gerado.
Comungo da mesma energia do fogo, do vento, da terra, da água. Vejo-me como mais um instrumento a compor a sinfonia dos seres criados, que se voltam com sons, movimentos, cores e formas para o Maestro do Universo, "O PAI NOSSO".
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Teólogo Espiritualista, Psicanalista Integrativo, Administrador,Escritor e Conferencista, Compositor e Cantor. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
