Próxima Atração: Novela Índigo ou Autista?
Atualizado dia 11/01/2012 13:21:32 em Espiritualidadepor Nilton Salvador
Cerca de 10 anos depois, a TV Globo volta ao tema, desta vez comparando Crianças Índigo com paranormais por terem intuição acima da média, e com os dotados da síndrome de Asperger, que se distinguem do autismo clássico por não comportarem retardo global no desenvolvimento, e que se tratados precipitadamente, podem ser diagnosticados portadores de TDA, ou do TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade -, com base em invencionices inaceitáveis, e pior ainda, serem medicados com drogas de efeitos colaterais que no futuro os levarão a drogadição e a estigmatização como mais uma diferença.
A característica índigo para crianças “normais e especiais” não pegou no Brasil, embora gere controvérsias, pois aquelas possuidoras de talentos especiais como interpretará a menina Klara Castanho, na novela, a personagem que nasceu com avançada consciência sobre o sentido da vida, terá habilidades acima da média e exercerá sua vidência, repetindo assim as apostas vencedoras da emissora na temática espírita.
Ao ler as primeiras divulgações da nova novela, fiquei feliz, pois, pretensioso pensei que a TV Globo iria incluir no seu contexto de teledramaturgia, um fragmento do projeto mundial para a “conscientização do autismo” o que muito contribuiria para aliviar um pouco a dor que os pais sentem quando defendemos os filhos do preconceito de mal informados, cada vez que a sindrome é usada equivocada ou pejorativamente para desqualificá-los. Ledo engano meu.
A estréia será justamente na época em que os pais de autistas, aspergers deficientes da mente ou não, estão se engalfinhando com o despreparo de profissionais e escolas para matriculá-los, sem generalizar é claro, na metodologia da Educação Inclusiva, o que seria uma ótima oportunidade para a imprensa e a televisão, anteciparem a novela, mostrando como padecem as famílias para incluir seus filhos deficientes no sistema educacional.
A preocupação principalmente dos pais, interessados, estudiosos e profitentes da Doutrina Espírita, é que quando não for transmitido o verdadeiro sentido de como as pessoas dotadas daquelas síndromes vivem, estará sendo criado mais um estigma absurdo contra quem não tem como se defender ao ser relacionado com irrealidades paranormais como querem dizer que são as Crianças Índigo, que por refletirem uma aura azul, foram estigmatizadas portadoras de uma espiritualidade mais desenvolvida, o que também não é uma realidade.
Preocupa-nos saber que o padrão da qualidade global seja protagonista de um viés ao fazer a analogia entre autismo e crianças índigo, gerando dúvidas e impasses na continuação das conquistas já obtidas no progresso destes pacientes, que massacrados pela vida, ainda tenham que se defender de irrealidades, às vezes com danos irreparáveis.
Comparar autista ou Asperger com Criança Índigo é um preconceito sem precedentes, pois além de criar “um ser diferente dos outros”, quem acreditar, alargará mais ainda o abismo nas relações humanas que dificulta e impede a convivência.
Ultimamente, a Psicologia está apresentando questões interessantes sobre inteligências mais sagazes, contudo assuntos como o das Crianças Índigo não passam de deslumbrantes jogos de palavras que surgem das atividades manipuladoras de massas em tempos de indecisões espirituais. Colocar a síndrome do autismo ou Asperger no mesmo patamar sem conhecer a sua real condição como fenômeno, não é o caminho.
Exibir uma novela com crianças caracterizadas por um sistema para classificar seres humanos, ou compará-las com autistas, descritos por Leo Kanner e Hans Asperger, cada um no seu espectro, na verdade, é um modelo defeituoso de educação determinado por facções doutrinárias importadas, sem buscar informações básicas com quem conheça a causa do autismo, inoculando na população o veneno do preconceito de personagens fictícias e transitórias.
Antes de encarnar um Espírito, a criança escolhe o lugar e a família que preencherá as suas necessidades de crescimento e evolução, ou seja, nada que a diferencie da outra, sendo que seus pais devem responsabilizar-se por encontrar formas de estimular esta sensível e bela energia, além de ajudá-las no desenvolvimento dos seus dons e talentos, autista ou não, como parte da missão espiritual delas na Terra.
Texto revisado
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Escritor amador - Articulista em jornais, revistas, sites, grupos e listas de discussão, do ponto de vista bio-psico-sócio-espiritual. Autor dos livros: Vida de Autista; Autismo - Deslizando nas Ondas; Deficiência ou Eficiência – Autismo uma leitura espiritual; Vivo e Imortal - Ensinando a Aprender; Adoção - O Parto do Coração. Brasileiro. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |