Quando a sua doença é a proteção do outro!
Atualizado dia 27/01/2014 11:37:08 em Espiritualidadepor Paulo Salvio Antolini
Elas “estão doentes” para “equilibrar” o meio em que vivem.
Vocês já conheceram famílias onde o marido era alcoólatra, os demais componentes, esposa e filhos tinham uma convivência aparentemente unida e todo o sofrimento girava em torno do comportamento do pai? Ou com a separação, ou com a morte do mesmo, a família se desagrega e passa a viver conflitos entre eles que são inexplicáveis, pois o “motivo” de seu sofrimento se afastou? O drama do alcoolismo apenas escondia problemas muito mais sérios entre os familiares. Outro exemplo em família: o pai era acusado pela esposa e filhos de ser demasiadamente severo, A esposa e os filhos tinham uma convivência “aparentemente” harmônica e de união, pois estavam sempre “juntos” e tudo que acontecia era porque o homem era um “déspota”. Em determinado dia, esse mesmo homem achou por bem se separar e assim o fez.
Nos primeiros momentos, junto com o sofrimento que toda separação traz, houve também um aparente alívio, pois agora poderiam levar uma vida mais tranqüila, sem terem que se deparar com imposições e cobranças. Três meses foi o tempo para que a desarmonia e falta de compreensão entre eles se revelasse. Sem a interferência do pai, a mãe e os filhos passaram a se agredir mutuamente, buscando novos culpados para os desarranjos familiares. “Agora vejo o que fizemos com meu pai. Foi tão criticado por todos nós, mas na verdade ele era quem segurava nossas inconseqüências”. Esse foi o relato de um dos filhos em meu consultório. Essa família levou anos para conseguir, cada um de seus componentes, se reestruturarem e levarem uma vida em harmonia com as responsabilidades que sempre evitaram assumir.
A acusação feita ao outro para mascarar os problemas pessoais é muito mais comum do que se possa imaginar. Essas acusações, que transforma o outro em um “doente”, fazendo-o desenvolver sintomas físicos ou emocionais, comportamentos inadequados, são “escudos” para não se permitir aos demais uma análise mais apurada e real das situações.
Mas não são sempre manifestas através de acusações. Na maioria das vezes vem disfarçada em uma postura de ajuda e de suporte ao “adoentado”, “vejam como sou boazinha, bonzinho, eu é que a/o amparo em suas deficiências”.
E pasmem, muitas vezes essas pessoas chegam aos nossos consultórios, trazidas pelos que as cercam e, quando começam um movimento de libertação desse fardo, a família imediatamente dá um jeito de interromper o tratamento, com as mais diferentes justificativas. Mas o fato é: o “doente” começou a deixar de ser (doente) e isso estava revelando a “doença familiar”. A interrupção é um proteger-se de terem que olhar a si mesmos e assumirem suas fragilidades e limitações, até então escondidas pelo comportamento manifestado pelo, podemos dizer, “doente oficial” da família.
Mas isso não ocorre apenas em relações familiares. Também em empresas, onde gestores com dificuldades de autocrítica desenvolvem ao seu redor um quadro de servidores que estarão sempre levando as broncas e culpas de todos os erros e desmandos de seus superiores. É necessário dizer que esses funcionários se submetem a isso por dificuldades pessoais, pois os que não possuem esses pontos frágeis, mesmo precisando do emprego não se submetem a isso, assim como nas relações familiares, quando alguém é eleito para o posto de “doente oficial”, mas esse não tem vocação para tal, o mesmo se afasta da família, muitas vezes sendo considerado um “ingrato”, não só pelos familiares, mas pelos que convivem com a família.
Cuidado! Julgar é fácil. Acertar o julgamento é mais difícil que ganhar na loteria!
Texto revisado
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