Quando tudo tiver fim haverá uma renovação
Autor Leandro José Severgnini
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 02/06/2016 15:27:14
Nós temos uma limitação muito grande: não gostamos de pensar sobre o fim das coisas. Começamos empreendimentos e relacionamentos otimistas quanto a durabilidade e é natural que assim seja. Tudo o que começamos, começamos porque temos a intenção de que seja duradouro. Porém, o problema de não pensarmos no fim das coisas é que nunca estamos preparados para quando esse dia chegar e nos apegamos as coisas como se fossem eternas. E esta resistência de pensar no fim das coisas acaba criando uma identidade oculta, uma forma-pensamento que nos faz acreditar que somos DONOS das coisas e das pessoas. Esse ego-identidade é a causa principal de muitas aflições.
Como exemplo disso, vamos pensar em todos os nossos empreendimentos e relacionamentos. Se analisarmos cuidadosamente veremos que não há um só deles que nunca terá um fim – na verdade, não há nada aqui na matéria que não esteja destinado a ter um fim. Assim será como os nossos trabalhos, os nossos títulos acadêmicos, nossos relacionamentos e nossas famílias, inclusive os nossos corpos que permitem a existência aqui na matéria.
Eu sei, eu sei! Você deve estar sentindo uma terrível angústia ao se dar conta disso. Também senti isso quando me dei conta de tal fato. Porém, descobri algo muito importante. Esta angústia e sensação de perca pode ser o pontapé inicial deu uma grande libertação rumo a iluminação da consciência. Aprendi isso com as filosofias orientais e o Espiritismo no ocidente.
Segundo os orientais, grande parte dos sofrimentos da humanidade é causada pelo apego ilusório a matéria. Vivemos a nossa vida aqui na matéria como se tudo o que existe aqui fosse tivesse um fim em si mesmo. Porém, esta nuvem de sofrimento se dissipa quando nos damos conta de que existe algo em nós que resistirá ao fim de todas as coisas: esse “algo” chama-se Consciência, ou, Espírito, ou ainda, Self, Centelha Divina. Os nomes são muitos, mas a realidade é uma só. Essa consciência, fagulha divina, é tudo o que temos, é a única coisa que podemos ter certeza que permanecerá conosco por toda a eternidade. Em contrapartida tudo aquilo que vivemos aqui na matéria tem a função única de servir de ferramenta para que a Consciência ganha experiência e se eleve moralmente.
Conhecer esta realidade última é objetivo principal de todo budista, monge, yogue ou espírita verdadeiro, pois é nesta Consciência que reside o nosso ponto de encontro com a Realidade Suprema, à qual aspiramos encontrá-Lo através de preces ou escrituras. Mas a verdade é que, fora esta Consciência, não somos donos de absolutamente nada - as pessoas próximas de nós estão aqui para nos ajudar nessa caminhada como irmãos que também estão procurando evoluir; nossos inimigos estão aqui para nos ensinar a paciência e o perdão; nossas riquezas e títulos acadêmicos tem a finalidade única de servir de ferramenta para que possamos facilitar a caminhada dos menos favorecidos...
Mas precisamos estar cientes que tudo isso terá um prazo de validade, e o dia que precisamos nos despedir daquilo que julgamos ser “nosso”, que possamos fazê-lo como o coração leve e o sentimento de gratidão pela oportunidade que tivermos de crescer com tudo isso, sem lágrimas, sem apego, sem remorsos, pois nunca fomos donos de nada disso.
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Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
