REESTUDANDO O EVANGELHO 9



Autor Dante Bolivar Rigon
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 14/08/2012 15:13:07
NÃO JULGUEIS A FIM DE QUE NÃO SEJAIS JULGADOS
1) Não julgueis a fim de que não sejais julgados; porque vós sereis julgados segundo houverdes julgado os outros; e se servirá para convosco da mesma medida da qual vos servistes para com eles.
Aí está mais uma advertência sobre o julgamento humano. É do caráter humano, principalmente quando o espírito encarnado se encontra ainda nos primeiros degraus da escada evolutiva do atual estágio, medir tudo e todos por seus próprios padrões de entendimento. Há pessoas passivas de tendências inconfessáveis as quais por razões inibidoras não podem entregar-se livremente a tais práticas e ficam de sobreaviso a policiar parentes, vizinhos, colegas de classe ou trabalho, aguardando que caiam em deslizes semelhantes a fim de denegri-los perante a sociedade a que pertencem. Esse tipo de expediente é dos mais nefandos, pois esses pobres irmãos, ao invés de preocuparem-se em corrigir tais tendências degradantes as fixam mais, pois em quase desespero e ao mesmo tempo êxtase lançam-se doentia, graciosa e sistematicamente a pesquisar, anotar e acompanhar quaisquer atitudes para si suspeitas de pessoas vinculadas aos locais em que frequentam ou no bairro que vivem como e com quem andam, quais suas companhias, suas atitudes, etc. Assim que encontram uma brecha ou mesmo uma leve suspeita alardeiam-na aos quatro ventos, contando como verdade suposições errôneas e despropositadas. Suas vítimas gratuitas, muitas vezes desconhecendo os propósitos malsãos de tais criaturas passam a ser mal vistas, relegadas, e ultrajadas por pessoas que antes de "tais comentários" lhes cultuavam deferência, companheirismo e amizade, desestabilizando muitas vezes suas próprias atividades domésticas, sociais e funcionais. A esses verdadeiros filhos das trevas Jesus adverte para que repensem o julgamento em que se comprazem, pois a Vida não perdoa e os há de julgar com todo o rigor com que inadvertidamente julgam covardemente seus irmãos de jornada.
2) Então os Escribas e Fariseus lhe conduziram uma mulher que tinha sido surpreendida em adultério, e a colocaram em meio do povo dizendo a Jesus: - Mestre, esta mulher acaba de ser surpreendida em adultério; ora, Moisés nos ordena na lei para lapidar as adúlteras. Qual é, pois, sobre isso vosso sentimento? Eles diziam isso tentando-o, a fim de ter do que acusá-lo. Mas Jesus baixando-se, escrevia com o dedo sobre a terra. Como continuassem a interrogá-lo, ele se ergueu e lhes disse: - Aquele dentre vós que estiver sem pecado, lhe atire a primeira pedra. Depois, baixando-se de novo, continuou a escrever sobre a terra. Mas eles, ouvindo-o falar assim, se retiraram um após outro, os velhos saindo primeiro; e assim Jesus permaneceu só com a mulher, que estava no meio da praça. Então Jesus se levantando lhe disse: - Mulher, onde estão teus acusadores? Ninguém te condenou? Ela lhe disse: - Não, Senhor. Jesus lhe respondeu: - Eu também não te condenarei. Vai, e no futuro não peques mais.
Essa passagem nos dá uma série de informações sobre a atitude de Jesus, dos sacerdotes, escribas, fariseus e o povo em geral. A primeira delas é a interpretação que o povo dava à lei religiosa, colocando-a mesmo acima da lei civil romana. Está bastante claro a diferença entre a filosofia pregada pela religião judaica e os novos conceitos por Ele trazidos. Existia essa criminosa lapidação tão somente porque a mulher havia pecado contra o seu marido. Naquela época o homem era senhor absoluto da mulher, podendo mesmo matá-la caso achasse que ela o traía ou desrespeitava. Era necessário abolir essa lei bárbara, e não havia melhor ocasião para denunciá-la. O perdão, a compreensão e a tolerância eram desconhecidos pelo espóirito infantil da época, pois vinha de um período em que a lei do mais forte predominava, herança dos primordiais tempos onde era necessário esse proceder para a própria sobrevivência. Maior e com melhor compreensão, o espírito infantil já sentia essa necessidade e estava apto a dar os primeiros passos na senda das realizações mais nobres. Por isso, ao chamar a atenção dos enfurecidos lapidadores de plantão, Jesus foi ouvido, não tanto por qualquer poder exterior de sua parte que não havia, mas pelas próprias consciências já saturadas desse tipo de atitude brutalizada. Na verdade, o povo estava saturado de tais expedientes, mas não havia até o momento um poder ou uma autoridade sentenciosa que o livrasse de tais práticas distorcidas determinadas por Moisés em nome de seu deus. A religião determinava diversas barbaridades como a lapidação, e muitos tendo como motivo o religioso, atiravam-se com a maior satisfação à prática desse tipo de crime. Na verdade o número dos que eram refratários a essa conduta selvagem era bem superior aos que se compraziam nela. Hoje, dois mil anos decorridos, no início do século vinte e um ainda presenciamos atitudes iguais ou mais aviltantes que as anotadas, cujo terror e engenhosidade arrepiaria os cabelos de Moisés. O interessante é que essa é uma das raríssimas passagens que os evangelistas não mencionam Deus nem Céus, pois sempre colocavam Deus como autor das medidas deturpadas. Isso acontecia pela força das coisas, dos hábitos, e para dar maior valor à proposta. Naquela época era comum em todos os povos que tudo que se quisesse afirmar sem o devido suporte material conhecido, fosse creditado a Deus, (ou desuses) e os possíveis prêmios ou castigos referentes a pratica desses preceitos tivessem locais específicos para serem gozados ou sofridos. Acreditamos mesmo que Jesus raramente falou em Deus ou Céus, transmitindo suas mensagens pura e simplesmente como fez em relação à mulher adúltera. Ele ensinava os alunos da Vida como portarem-se, e quais as facilidades ou dificuldades decorrentes de seu comportamento. Sempre claro, objetivo e conciso, abordava o problema de modo direto, objetivo e prático, muitas vezes exemplificando com figuras simples e conhecidas para fixar melhor a imagem ou a idéia que queria transmitir. Os evangelistas não presenciaram os acontecimentos, e poderiam perfeitamente ter buscado as informações em fontes contaminadas, pois é sabido que o pensamento hebreu era um tanto circunscrito em torno de sua religião, e confundiram bastante os ensinamentos de Jesus com os mosaicos, desprezando mesmo os conceitos científicos, sociais, políticos e econômicos, por acharem que se distanciava dos princípios religiosos não sendo dignos sequer de comentários.
Continua na próxima semana
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