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Relação presencial ou virtual: eis a questão!

Atualizado dia 29/03/2011 22:38:16 em Espiritualidade
por Flávio Bastos


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Com o surgimento dos computadores, celulares e da internet como forma de agilizar a comunicação, a informação e aproximar as pessoas através do contato virtual, o homem moderno ganhou e ao mesmo tempo perdeu. Ganhou em conforto e qualidade tecnológica, mas perdeu qualidade nas relações interpessoais de âmbito afetivo. No tempo de nossos avós, a internet era uma palavra desconhecida porque não existia. As relações humanas se estabeleciam, basicamente, na presença física. Exigência indispensável nas relações afetivas que envolviam família, amizade e namoro.

Em situação de distância física por motivo de viagem, separação ou morte, o pensamento e a memória tornavam-se instrumentos da saudade de quem partia ou de quem ficava. Lembranças eram guardadas no pensamento, no coração ou em fotografias à base de papel, que com o passar do tempo, tornavam-se desbotadas.

Os e-mails ou torpedos de hoje eram cartas de papel enviadas pelo correio ao destinatário. Mensagens cerimoniosas que geralmente iniciavam com "prezado fulano de tal" ou "querida (o) ciclano de tal", quando existia intimidade entre remetente e destinatário.

Muitos relacionamentos amorosos, inclusive casamentos, sobreviveram à base de cartas ou de eventuais ligações telefônicas que eram complicadas no sentido de se conseguir linha para estabelecer o contato. Quando chovia, então, o contato tornava-se praticamente impossível.

Nas últimas décadas, o avanço tecnológico das comunicações, trouxe consigo a facilidade nas relações interpessoais, tanto num nível afetivo, quanto em níveis profissionais e de estudos, ou seja, a presença física deixou de ser cem por cento indispensável nas relações de trabalho, família, amor, sexo e estudo. Hoje, consegue-se tudo isso de uma forma mais ágil, econômica e sem sair de casa... ou da frente do computador.

Atualmente, a "febre" da internet atinge um impressionante número de pessoas no Brasil. Com a febre, outros sintomas tornam-se perceptíveis como o impulso e até a compulsão (vício) relacionados à dependência virtual.

Desta forma, aos poucos, desqualifica-se a relação interpessoal no campo afetivo. Relação, cujo nível de intimidade exige o olho no olho, o toque físico, o diálogo e demais sensações e sentimentos da natureza humana que necessitam da presença física para se manifestarem livremente.

O distanciamento físico em detrimento da "companhia" virtual, tem chamado a atenção de especialistas pelo alto índice de crises conjugais e separação de casais que o moderno fenômeno provoca em razão da perda de valores e de qualidade na relação afetiva.

Esse fenômeno social, portanto, é uma realidade que está presente no dia-a-dia dos consultórios de psicoterapia. Situação em que o hábito com o tempo torna-se vício, e o vício, o combustível da crise de relação que cedo ou tarde eclodirá.

Há pouco tempo atrás, atendi um casal de meia-idade, na faixa dos quarenta anos, com 22 anos de casamento e uma filha adolescente. A iniciativa de procurar auxílio na Psicoterapia Interdimensional foi dela, pois o marido, aparentemente, mostrava-se indiferente à situação estabelecida entre ambos.

O histórico da crise iniciou há três anos, quando o relacionamento começou a deteriorar por influência - e interferência - da internet. Nesse processo, a separação física estabeleceu-se  gradualmente, à medida que a família trocava a mútuo interesse alimentado pela proximidade física, pela curiosidade e distanciamento do mundo virtual.

Com a troca de interesses, o casal já não encontrava mais tempo para a conversa informal na hora do chimarrão, ou para o cinema no meio da semana, ou ainda, para o jantar com amigos ou parentes. O social, o íntimo e o lúdico perderam espaço para o virtual, chegando ao ponto de perderem a motivação de saírem de casa até mesmo nos finais de semana.

Os três computadores da casa, então, começaram a ser ocupados também nos fins de semana e feriados. O diálogo, cada vez mais restrito ao pontual, empobreceu. Empobreceu também o afeto entre os membros da família. A casa da praia era encarada como uma remota possibilidade. As visitas a amigos ou familiares, restrigiram-se drasticamente. Eram três "zumbis" que conviviam em um mesmo espaço físico, hipnotizados pela máquina virtual de alimentar fantasias.

Até que, inevitavelmente, eclodiu a crise de relacionamento, fazendo com que o casal despertasse para a necessidade de rever valores baseados no senso de realidade, o que não é fácil...

COMENTÁRIO

O casal superou a crise de relacionamento porque o amor foi superior às dificuldades encontradas pelo caminho. No entanto, este caso serve como alerta em relação ao que vem ocorrendo nos lares brasileiros, devido às opções que a internet, através de sites de relacionamento, entre outros, oferece ao usuário.

Por outro lado, não temos como evitar a internet, pois ela faz parte de nosso cotidiano. O que precisamos é ter controle sobre o seu uso, caso contrário, corremos o risco de ser controlados por ela, como o exemplo do casal.

E um bom teste para avaliarmos a nossa relação com a "máquina" pode iniciar com um questionamento dirigido a nós mesmos: Qual a sua preferência: relação presencial ou virtual? A resposta indicará a nossa tendência.

flaviobastos



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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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