Saudades da chuva boazinha e você também tem?
Autor Sandra Cecília F.de Oliveira
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 16/01/2011 00:59:36
Tenho saudades dos tempos da "chuva boazinha". Ela molhava as plantas. As nuvens ficavam escuras, mas sem dar medo. Chovia o bastante pra nos refrescar e para impregnar o ar do aroma gostoso de terra molhada. Aroma familiar. Ele se juntava ao cheiro de bolinho de chuva que minha tia avó preparava. Aquele cheiro se impregnava na cozinha e nosso estômago reclamava daquela fome gostosa feita de amor e carinho. Coisas apetitosas feitas pela vovó, pela tia, coisas do dia a dia...Quando eu era criança, depois da "tempestade vinha a bonança"...
Como tenho saudades da " chuva boazinha" que ia embora e deixava o ar mas fresco. De repente, o céu ficava bem azul e tão receptivo.Eu tenho saudades da época que me deitava na relva e ficava vendo rostos nas nuvens.
Saudades do tempo em que as nuvens eram boazinhas e cheias de anjos e de sonhos. Saudades do tempo em que as nuvens brancas eram parecidas com flocos de algodão. E, quando a gente olhava elas pareciam andar apressadas... E tinha a impressão que era o planeta Terra andando rápido...
Saudades de quando o orvalho ficava na pétala da flor, das gotas nostálgicas que pingavam no vidro da janela escorrendo e estimulando minha imaginação...Uma a uma pingando num ritmo que só eu conhecia. Saudades eternamente gostosas e familiares da chuva boazinha...Chuva que fazia as flores despertarem do eterno sonho do botão. A deliciosa chuva que inspirava os amantes e os escritores. Chuva abençoada que fazia na calçada uma pequena poça onde os pardais depois se refrescavam numa folia sem igual. Depois dessa chuva tudo parecia renascer, brotar e viver com mais intensidade. E, no tempo das palavras, das cartas eram com o barulho da chuva que eu escrevia com ritmo. O ritmo da chuva boazinha. Tenho saudade das "goteiras boazinhas." Arteiras e brincalhonas pingavam no meio da cozinha e faziam minha mãe ficar irritada. Goteiras que pediam baldes coloridos. Tudo parecia uma festa naquele tempo...
Agora, quando nuvens cinzentas e pesadas toldam meu céu de sonhos eu rezo...E fico com medo das tempestades que trazem morte, desastre, fome, peste e solidão...Ah, como eu tenho saudade da "chuva boazinha!" Rezo e cruzo o ar com sal grosso num ritual misturado ao medo e à falta de controle sobre minha própria vida. O que houve com a chuva boazinha? Por que os céus estão se rebelando contra nós? Por que essa chuva está se transformando em cascatas barrentas de terror e morte? Por que estão levando para o vale da morte crianças, velhos, adultos?
O que nós fizemos para merecer tal sorte da Mãe Natureza? E, nesse momento, quando as idéias brotam estou eu a correr da chuva... A chuva está começando.O trovão parece tão poderoso. Os raios cortam o céu numa brincadeira brilhante e ameaçadora. E, ao pisar numa poça da chuva enrosco o pé num saco plástico. E ao correr do meu medo e da chuva aparentemente má tropeço numa garrafa pet. De repente , ela rola pela calçada e pára numa boca de lobo. Fica lá parada esperando outras mostras e provas da vida humana! Fica por lá esperando por outras garrafas pet, sacos plásticos que esperam por esse encontro regado à poluição!
Deus, Pai Criador, tem piedade de todos nós! Queremos acreditar novamente que depois da TEMPESTADE VEM A BONANÇA! Deus, nos Ilumine! E, que a dor da tragédia da chuva aparentemente má possa nos conscientizar de que o MUNDO É NOSSO, A FAUNA E FLORA É NOSSA... E nós somos os responsáveis por tudo o que nos acontece... Nós temos que cuidar mais do nosso planeta Terra!
Agora, com essa prece peço aos céus, ao CABOCLO COBRA CORAL, uma trégua, uma pausa. Renascimento e esperança a todas as vítimas dessa chuva que acabou com a alegria de muitas e muitas pessoas!
Desejo um lindo arco íris de ESPERANÇA para todos nós!
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