Se o culto aos orixás é africano, como fica a percepção dos orixás na Umbanda?
Atualizado dia 9/8/2022 2:09:25 AM em Espiritualidadepor Bárbara Lisboa
Nas festividades do Candomblé, os iniciados entram em transe de “orixá” e através das ritualísticas, musicalidade e danças recriam o universo mítico dessas divindades, trazendo a força da ancestralidade para a família de axé e restabelecendo o equilíbrio da existência com o cosmos e a natureza. Essas divindades africanas da natureza tiveram denominações diferentes de acordo com a origem dos negros que vieram para o Brasil, por isso que as casas de Candomblé pertencem a uma “nação”, ou seja, possuem uma linhagem de descendência. "Orixás é uma denominação de divindades cultuadas por africanos que vieram da região da Nigéria. Para os negros de origem fon que vieram do Daomé, por exemplo, as divindades são denominadas " voduns " e para os negros de origem bantu, região de Congo e Angola, as divindades são denominadas "inkices".
Eis então a pergunta: se o candomblé é de matriz africana, por que a Umbanda tem orixás? Para tentarmos compreender essa percepção de orixás na Umbanda, primeiro precisamos contextualizar alguns aspectos da liturgia umbandista: a Umbanda é uma religião brasileira; a sua ritualística é baseada na pluralidade de influências religiosas (matrizes africanas, indígenas, cristianismo popular, “kardecismo”, esoterismo); as entidades ou espíritos que atuam na Umbanda tem relação direta com a ancestralidade brasileira (indígenas, africanos e descendentes, europeus, e imigrantes( árabes, orientais, ciganos...). Portanto, o que se entende na Umbanda como orixás, são entidades que tem uma forte ligação com essas forças da natureza, e que se denominam como orixás dentro de uma falange. Na Umbanda os orixás se apresentam através das sete linhas de trabalho comandadas por sete orixás principais: Oxalá, Xangô, Iemanjá, Ogum, Oxossi, Yorimá (linha dos preto-velhos), Yori(Ibeji). Cada linha possui um atributo espiritual que tem uma finalidade no universo. Essas linhas abrangem os seres espirituais que trabalham na Umbanda, incorporando ou não nos médiuns.
Não existe iniciação de Orixá da Umbanda como no Candomblé, sendo sua ritualística bem mais simples (cultuados com frutas, flores, bebidas, velas). Os orixás principais que trabalham na Umbanda são nove: Oxalá, Oxum, Ogum, Oxossi, Iemanjá, Iansã, Obaluaê, Nanã e Xangô. Alguns não dão incorporação, como é o caso de Oxalá e outros mandam seus espíritos enviados para a incorporação, como Oxossi que manda os "Caboclos". Alguns são chefes de linha, como é o caso de Oxalá, Xangô, Ogum, Oxossi e Iemanjá. Iansã, Oxum e Nanã trabalham através da linha de Iemanjá e Obaluaê na linha de Yorimá. Os orixás da umbanda possuem "falangeiros" que tem relação ao campo de energia de onde emanam. Por exemplo, Ogum tem falangeiros como Ogum Yara (ligação com a cachoeira), Ogum Beira-Mar e Ogum Sete Ondas (ligação com a praia), Ogum Megê (ligação com as almas)...
As características e atuações dos orixás cultuados na Umbanda são:
Oxalá – Orixá do sol, representando a paz, a tranqüilidade, a clareza e a calma para resolver os problemas e conflitos. Saudação: Epa Babá! (Salve pai) Dia da semana: sexta-feira. Cor: Branco. Elemento: ar;
Ogum – Orixá dos caminhos, estradas e do ferro. É o orixá que vence as demandas. Patrono dos militares e os que trabalham com o ferro. Saudação: Ogum iê! Dia: terça-feira. Cor: Vermelho (Umbanda), e Azul marinho (Candomblé). Elemento fogo;
Oxossi – Orixá das matas. Representa a fartura e a prosperidade. Saudação: Okê Aro! (de dia na colina) Dia da semana: quinta-feira. Cor: Verde (Umbanda) , Azul-claro (Candomblé). Elemento: terra;
Xangô – Orixá das pedreiras, montanhas e do trovão. Atua na justiça e no trabalho. Saudação: Caô Cabecile! (o grande rei vai descer sobre a Terra) Cor: Marrom; Elemento: terra e fogo;
Obaluaê – Orixá dono da terra. Atua na cura das doenças e moléstias. Saudação: Atotô! (Nós silenciamos) Dia da semana: segunda-feira. Elemento: terra;
Iemanjá – Orixá do mar. Mãe de todas as cabeças, representando a gestação. Atua na limpeza áurica e no equilíbrio emocional, mental e mediúnico. Saudação: Odoiá! (mãe dos rios) Dia da semana: terça-feira e sábado. Cor: transparente. Elemento: água;
Oxum – Orixá feminino da cachoeira. Representa o ouro, o amor e a fertilidade. Saudação: Ora ie ieu! Oxum! (a mãe brinca nas águas) Dia da semana: sábado. Cor: Azul claro (Umbanda) e Amarelo (Candomblé). Elemento: água.;
Iansã - Orixá dos raios, ventanias e tempestades. Trabalha afastando negatividades e dominando os espíritos perturbadores. Traz o movimento da vida. Saudação: Epa! Hei! (jovial e alegre) Dia da semana: Quarta-feira. Cor: Amarelo (Umbanda) Branco e rosa, marrom e coral (Candomblé). Elemento: fogo.;
Nanã – Orixá dos córregos, pântanos e águas paradas. Representa a velhice e a experiência, atuando em todo tipo de estudo e conhecimento. Saudação: Saluba Nanã! (mãe do “Pote da Terra”) Dia da semana: sábado. Cor: roxo ou lilás.
De qualquer forma, seja na Umbanda ou no Candomblé, e na diversidade de maneiras de culto, orixá é força viva da natureza, e quando nos conectamos da forma correta, com fé, amor e busca de autoconhecimento, as divindades nos ajudam a promover uma grande transformação positiva em nossas vidas. Axé!
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 226
Conteúdo desenvolvido por: Bárbara Lisboa Professora de história, oraculista (cartas e búzios), Iyalorisá. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |