Soltar, deixar ir...
Atualizado dia 12/14/2019 4:00:56 AM em Espiritualidadepor Patricia M. Barros
Deixar ir também é um sinal de sabedoria e humildade, pois se analisarmos os acontecimentos de maneira mais profunda não podemos saber se os mesmos são positivos ou negativos. Uma emoção, que normalmente é considerada negativa, como a raiva, evidentemente tem um lado positivo, pois é uma energia que nos dá forças para reagir a uma injustiça, para que sejamos assertivos.
Lembrei de uma antiga história oriental que esclarece porque não devemos rotular acontecimentos ou pessoas. Afinal, quem sabe se algo é bom ou mau? A história é a seguinte... Um homem e seu filho viviam em uma região rural. Eles eram pobres, mas eram felizes. O pai quis prosperar, então comprou um cavalo para começar uma criação. O cavalo fugiu e seus conhecidos falaram: "Que azar..." O sábio homem respondeu, sorrindo: "Se é algo bom ou mau, quem é que sabe?" Algum tempo depois o cavalo foi achado, juntamente com uma manada de cavalos selvagens. As pessoas do vilarejo falaram: "Que sorte!" O homem voltou a responder: "Se é algo bom ou mau, quem é que sabe?" Certo dia o filho daquele homem montou em um dos cavalos selvagens, que o derrubou. O rapaz quebrou a perna. Alguém falou: "Que pena! Agora o seu filho vai mancar e não vai encontrar uma moça para casar." O pai mais uma vez respondeu: "Se é algo bom ou mau, quem é que sabe?" Sobreveio uma guerra e o filho daquele homem não foi recrutado devido ao seu problema físico. As pessoas falaram: "Você é feliz, pois sabe que o seu filho está seguro. Nós não sabemos se nossos filhos voltarão, estamos aflitos!" Como sempre o homem respondeu: "Se é algo bom ou mau, quem é que sabe?" E a história não tem fim. Algo aparentemente negativo pode se revelar uma bênção e o contrário também pode acontecer… Mas temos a tendência a reduzir tudo ou quase tudo a uma destas polaridades. Bem, a vida não é assim. A filosofia taoísta encerra uma grande sabedoria. Então, deixar ir é também um exercício de não julgar.
Deixar ir significa saber que um acontecimento faz parte de um Todo muito maior do que eu, que não está ao alcance do meu limitado entendimento. Soltar é um exercício de expansão de consciência.
Temos a tendência de querer controlar tudo ou quase tudo o que realmente importa para nós. Mas, na verdade, não temos controle sobre a Vida. Soltar é um exercício de humildade e de entrega, de confiança.
Deixar ir é perdoar e perdoar-se. Então, soltar é também um exercício de aprender a amar melhor.
Deixar ir é abrir espaço para o novo, para o Divino, para os milagres. Soltar é um aprendizado de desapego. É um exercício de estar aberto para que a Vida nos surpreenda. Então deixar ir é abrir-se, mas também é um exercício de receptividade, de saber receber com amor e gratidão.
Deixar ir é largar a pesada bagagem para poder caminhar sentindo-se mais leve, mais livre… Jesus nos ensinou: “Lançai sobre mim o vosso fardo. (…) Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas, pois o jugo é suave e o meu fardo é leve”. Soltar é saber “que a batalha é de Deus, e não do homem”.
Deixar ir é fluir com a Vida, que é fluxo, mudança, impermanência…
Deixar ir é aceitar… Um dos ensinamentos budistas é "aceitar aquilo que é".
Não é surpreendente que deixar ir seja um processo muitas vezes longo e difícil...
É claro que sou apenas uma aprendiz, uma caminhante, uma buscadora. Assim sendo, eu também estou aprendendo a deixar ir...
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 42
Sou jornalista e advogada. Atualmente sou funcionária pública e estudante de psicologia e psicanálise. Sempre me interessei por questões que envolvem comportamento e o desenvolvimento pessoal. Espero contribuir um pouco para o bem-estar e felicidade de algumas pessoas! E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |