Sombra, Prepotência e Projeção dos Religiosos
Autor Juliana Rizzo - Terapeuta Transpessoal
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 30/11/2016 15:35:08
Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a sua língua, antes enganando o próprio coração, a sua religião é vã. (Epístola de São Tiago, cap. 1, ver. 26)
Segundo o dicionário Aurélio prepotência significa poder superior, abuso de poder ou da autoridade, a palavra vem do latim praepotens que significa uma pessoa poderosa e influente que abusa de seu poder e autoridade;
A prepotência aparente dentro do meio religioso, nada mais é do que a manifestação da sombra e da persona (persona é a personalidade que o indivíduo apresenta aos outros como sendo real, mas que na verdade é um forma de ser e agir bem diferente da verdadeira “face”, é literalmente um personagem criado por si mesmo). A maioria dos religiosos dedica-se integralmente ao estudo de suas práticas e negligenciam a busca pelo autoconhecimento. A própria soberba e prepotência evidenciam o desprezo total por quem é e no que está se tornado, como se a pessoa fosse literalmente o personagem que criou percebendo erroneamente então que não precisa de nada além daquilo que diz, acredita e fala ser correto. Isso pode fazer com que se tornem cada dia mais pessoas abusivas e unilaterais usando do papel que desempenham como fonte de autoritarismo e sendo a sua verdade única e exclusiva.
A sombra representa nosso interior e todo conteúdo reprimido pela consciência, e inevitavelmente é projetada no outro, sendo sempre o outro a fonte percursora de um problema ou crise, o outro que sente inveja, o outro que não sabe de nada, o outro que não entende o que diz e por ai vai; isso dificultará que o indivíduo enxergue além, e reconheça a sua própria falta de ética e acima de tudo veja que o inimigo está dentro e não fora em alguém.
Quanto mais identificado com a persona mais o religioso ficará desleal a sua própria doutrina, passará ser hipócrita e corrosivo para aqueles que estão ao seu redor. Entendo isso como uma fuga e proteção de si mesmo, é muito difícil confrontar-se, reconhecer seus erros e suas falhas, assumir sua verdadeira essência. É bem claro que o individuo excêntrico e prepotente é na verdade uma pessoa perturbada, sem controle e perdida em seu próprio mundo ilusório e fantasioso de verdades e virtudes.
A pessoa religiosa com uma função seja ela qual for nada mais é do que um ser humano comum como qualquer outro, que assumiu um papel de responsabilidade perante um grupo de pessoas e seguidores, isso não faz do religioso um “Buda”, um ser divino ou mágico, muito pelo contrário; assumir um papel dentro da comunidade religiosa é acima de tudo assumir a sua verdadeira essência.
Muitos se dizem conscientes disso, porém pergunto: se tem a consciência porque não se permite transformar? Não somos e não nascemos autossuficientes, todos precisam de ajuda e de apoio, somos seres em plena e completa evolução e por isso mesmo é preciso reconhecer-se. Quanto mais foge de quem é, mas distante estará do processo de autoconhecimento, e mais difícil será reconhecer que a humildade está coberta de arrogância e prepotência, assim como muitas outras qualidades estão transvestidas de grandes e profundos desarranjos. É tempo de abrir as cortinas tanto da consciência interna quanto da externa. E reconhecer quem verdadeiramente é e assumir seus defeitos e virtudes não para se tornar alguém perfeito e sim um ser humano capacitado para lidar com outros seres humanos tão cheios de defeitos e virtudes como aquele que se diz “religioso”.
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Terapeuta Transpessoal e Holístico / Florais de Bach / Técnicas de meditação para ampliação de consciência / Técnicas com mandala - a busca pelo EU / Desenhos e Sonho como forma de acesso aos conteúdos do inconsciente E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |