Tecnologia, um problema para alma
Atualizado dia 26/09/2010 13:57:13 em Espiritualidadepor Bernardino Nilton Nascimento
As descobertas científicas e os avanços tecnológicos nos permitem avaliar o dia em que o ser humano formará uma comunidade unificada e não mais viverá como entidades separadas. Milhares de anos foram necessários para esta evolução, que tem por finalidade desenvolver a capacidade de se organizar socialmente e concentrar suas energias num sentido definido. O homem criou um novo mundo com suas leis e destino. Olhando para a sua criação, como fez Deus no sétimo dia de descanso, ele também tem o direito de sentir que está perto de atingir uma grande meta.
Mas se olhar para si mesmo, o que terá ele de admitir? Terá por acaso atingido a realização do outro sonho da humanidade que é o alcançar da perfeição pessoal? Terá por acaso aprendido a amar o próximo como a si mesmo, a ser justo, a conhecer a verdade e a compreender que, potencialmente é feito à imagem e semelhança de Deus?
Tais perguntas tornam-se embaraçosas, pois as respostas que se impõem são dolorosamente difíceis de entender. Temos criado coisas maravilhosas, mas teremos merecido realizações tão grandiosas? Não temos uma existência caracterizada por fraternidade, felicidade e contentamento, ao contrário, vivemos num caos espiritual e num estado de confusão em meio às fronteiras com a ansiedade, com a depressão e a solidão.
Hoje, os fiéis vão à igreja e escutam sermões que falam dos princípios do amor e da caridade ao próximo. Os mesmos não cometeriam a ltolice de perder um grande negócio em nome de um amor maior, mais amplo. O problema é que na teoria tudo é muito lindo e perfeito mas na prática as coisas se tornam bem diferentes. O discurso é bem mais empolgante que as ações. É triste, mas é a verdade.
Possuímos, em nosso interior, um líder que foi apagado pelos lideres externos, nos tirando, assim, a liberdade. Acabamos vivendo concentrados em atrativos externos, deixando escapar nossa própria essência. O que mais assusta é a dolorosa sensação de ansiedade e sofrimento, como se estivéssemos presenciando um acidente, quando, na realidade, estamos apenas lidando com o cumprimento das nossas obrigações diárias.
Temos a certeza de que a nossa vida é mais afortunada que a de nossos antepassados. Ensinamos a nossos filhos que o futuro da humanidade dependerá deles, já colocando em cima dos seus ombros uma responsabilidade que não tivemos. Cuidar do planeta, ter paciência com os idosos e as crianças, amar ao próximo, ter mais religiosidade; tudo isso são exemplos de coisas que estamos transmitndo e cobrando dos nossos jovens, mas que não temos a coragem de fazer nada para mudar.
Mas será que nossos filhos têm a intuição segura da finalidade de suas vidas? Como todos os seres humanos, sentem que a vida deve significar alguma coisa, deve ter um sentido, mas qual será? Acaso encontrarão um objetivo nas declarações contraditórias e no cinismo resignado com que se deparam por todos os lados? Anseiam pela felicidade, pela verdade, pela justiça, por amor, por um objeto ao qual possam dedicar os seus esforços. Somos nós capazes de satisfazer as suas aspirações?
No momento, sentimo-nos tão impotentes e sem direção quanto eles. Não sabemos responder, porquanto, já desistimos até de perguntar. Fingimos que a nossa vida repousa sobre alicerces sólidos e fechamos os olhos às sombras da ansiedade, da insegurança e da confusão que nos cercam.
Acredito que alguns encontram a resposta num retorno à religiosidade, que ao despertar o seu coração à fé, procurariam mais curar seu interior do que satisfazer os seus anseios tecnológicos. Não se trata de uma decisão inspirada pela devoção, mas pela necessidade de segurança, de cura. O observador que se interessar mais pela felicidade do coração e pelo engrandecimento do poder espiritual se sentirá mais leve e mais livre para abençoar a si mesmo e escapar das ansiedades de obter o que a tecnologia ainda vai pôr na mesa. Chega! Não podemos trocar o verdadeiro amor ao próximo, pelas loucuras da falsa felicidade, que nos deixam apáticos ao vermos tamanho prazer material, satisfazendo aos olhos e a mente, mas sem transcender a vontade do coração. Será tarefa nossa e, ao mesmo tempo, dos espíritos, que estarão nos despertando e orientando para a religiosidade e para a cura interior, equilibrando os nossos anseios tecnológicos com as necessidades do coração.
Os que procuram a solução pela volta à espiritualidade não poderá deixar-se arrastar por uma formulação frequentemente proposta pelos defensores dos diferentes credos, a saber que é preciso escolher entre viver para o bem ou viver bem. Quando se vive para o bem, se vive para a humanidade e quando se vive para viver bem, pensa-se apenas em si mesmo. Viver bem se caracteriza apenas pela satisfação das necessidades do conforto material.
Pode parecer até que as únicas pessoas que se interessam pelo bem-estar sejam os políticos, os sacerdotes e ministros religiosos. Falsa realidade. Vemos mais pessoas comuns à procura da cura interior do que os que pregam a felicidade.
BNN
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