Terra, um paraíso de pedra
Atualizado dia 2/26/2011 9:26:27 PM em Espiritualidadepor Bernardino Nilton Nascimento
Devemos parar um instante e fazer uma reflexão crítica de como era há 100 anos e como está hoje a Terra. Podemos acreditar que toda a criação que não se encontra somente na origem das coisas, mas continua a manter a existência delas, sobretudo, na sua mais alta realização, consiste na ação e no trabalho de cada ser humano na reconstrução do planeta.
A liberdade de Deus, que penetra em todo mundo, até nas forças pelas quais o mundo se move, deixou o ser humano enlouquecido em construir um mundo melhor. Nada contra a evolução das grandes construções de pedra, da energia elétrica, da eletrônica, da mecânica e outras mais, que encurtaram distâncias e trouxeram conforto ao ser humano. Mas será que precisava destruir tanto para construir? Hoje, o ser humano tem sede de liberdade, de mato, de sossego e até de isolamento.
Podemos concluir que a criação de um paraíso de pedra cria certo mal estar? O santo impulso da vida nos faz entender algo de mais profundo e autenticamente menos humano em ser uma grande potência. Mesmo não tendo muita consciência disso, sai lá do fundo da nossa alma a vontade de voltarmos atrás e vivermos uma vida rica, mais segura, em um habitar saudável, de ar puro e farta alimentação.
Tirando das mãos daquele que criou tudo a sua essência e imagem, logo veremos que tudo isso inclui a aceitação de que estamos carregando a mesma cruz que um dia serviu de exemplo da traição, pois, hoje, podemos estar traindo a natureza, e quem carrega a cruz da revolta da natureza somos nós mesmos. Entendo que a natureza não pode ser culpada pelos erros de sua mudança de rota e que não está sendo aniquilada, mas aperfeiçoada pela graça. Há no ser humano uma procura pela felicidade, um desejo de vida, um anseio à realização, ao desdobramento total de suas capacidades infinitas, uma vontade de submeter à Terra e de se agigantar, que procedem da própria fonte de sua existência.
Foi Deus quem colocou tudo isso em sua natureza como a lei principal de seu ser. O primeiro dever do homem é dizer um sim a esta lei com toda força de sua vontade. Poderíamos nos contentar em advertir contra as deformações e os desvios desse desejo de mudar o curso das grandes construções da natureza? O ser humano destroi em dias o que a natureza levou milhares de anos a construir e constroi em dias o que a natureza jamais construiria.
Chegou o momento do ser humano estimular conscientemente a centelha que ainda dorme. A coragem e a felicidade de viver, a vontade de fazer da vida uma grande realização, uma coisa digna da sua origem e da sua sabedoria, uma sabedoria que deve ser desenvolvida com o máximo de cuidado e equilíbrio. O ser humano, provavelmente, não encontrará mais o otimismo alegre de sua infância. Ele deve reconquistá-lo acima das ondas avassaladoras da revolta da natureza. Ele deve reconstruir os seus passos e construir a fonte da vida, e não mudar o que foi construído e moldado pela Natureza.
Todos nós queremos, sem dúvida, ser felizes, mas em nossos dias parece de fato necessário lembrar esse dever sagrado. A humanidade, fatigada, viu fugir a alegria e o prazer espontâneos da vida. A centelha ainda brilha, mas está oculta nas muitas cinzas das desilusões, dos descasos, das destruições ambiciosas, para buscar na natureza o que nela fica mais bonito. É como se existisse uma disputa entre as maravilhas da natureza e a criatividade do ser humano. Chegou a hora de tomarmos consciência e realizar as verdadeiras vontades de realização de uma vida digna e respeitosa com a "Mãe Terra e sua Alma Natureza".
BNN
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