Um novo conceito de fé
Atualizado dia 11/19/2013 3:06:44 PM em Espiritualidadepor Leandro José Severgnini
A crença como nos foi ensinada possui inúmeras limitações. Desde criança, fomos ensinados a crer em uma divindade, a acreditar que o céu nos separa de um ente todo poderoso. No meio religioso, nunca tivemos a liberdade de questionar e expressar nosso descontentamento com essa teoria (se é que uma crença pode ser chamada de teoria). Qualquer dúvida e qualquer questionamento mais profundo sempre foram vistos com maus olhos. O pretexto utilizado é de que não devemos questionar as crenças, que devemos respeitá-las. Mas aí eu me pergunto: como um questionamento pode ser considerado falta de respeito? Talvez isso possa ser um efeito da "falta de fé dos crentes" por mais paradoxal que isso possa parecer. Por que a crença questionada gera tanto desconforto por parte de seus adeptos? É simples: é porque a crença só existe porque existe a dúvida; a dúvida não existe onde há certeza, mas certeza e crença não são sinônimos. Se eu disser que "eu acredito que vai chover", pergunto: o fato de eu crer vai me dar a certeza de que vai chover? Óbvio que não. Isso significa que a fé por si só não vai mudar muita coisa em nossa vida.
Essa semana eu assistia um documentário sobre a superlotação dos presídios. Me chamou a atenção o fato de eu observar entre os detentos que alguns deles tinham algumas tatuagens, numa estava escrito "Jesus Cristo", em outro indivíduo a tatuagem dizia "Deus é fiel" e tinha até um crucifixo em uma das selas de detenção. Eu me perguntava como isso era possível!? Cheguei à lamentável conclusão de que a crença não altera em nada a nossa forma de ser. Enfim, não entendo onde as crenças se escorram, mas a minha vida me trouxe a plena convicção de que estamos perdendo tempo com a crença e que a necessidade maior do ser humano é daquilo que eu chamo de "experienciar Deus". Mas como conseguiremos isso? Somente por meio do amor. Nas tradições espirituais chinesas e indianas isso se conquista por meio da meditação - e o detalhe crucial é que os indivíduos que afirmam que tiveram uma "experiência de Deus" são unânimes em afirmar que Deus não é uma personalidade ou um ente que intervém em nossas vidas a nosso bel-prazer, mas que a essência de Deus está em cadaum de nós e em cada canto do universo. Resumindo, eles não creem em Deus. Eles experimentaram Deus em seu comportamento modificado, em sua conduta unitiva com o universo e todas as suas manifestações. Aquele que crê não tem um verdadeiro motivo para se aperfeiçoar como ser humano, pois basta crer que tudo irá se resolver. Aquele que experimenta o Deus que ele mesmo é nunca mais vive sendo a mesma pessoa. Você vai encontrar pessoas que foram educadas pelas religiões oriundas do cristianismo que passam a vida crendo em Deus e são sempre as mesmas pessoas. O presídios e hospitais estão lotados de pessoas que apenas creem em Deus, mas não o vivenciam, isso prova-me que a crença é desnecessária para vivermos pautado na ética e na moral. A minha proposta é que cada um passe a buscar a experiência de Deus. Como? Isso só depende de você e não pode ser interferido pelas religiões e seus métodos baseados na crença. Não posso ser hipócrita de afirmar que já tive grandes experiências místicas, mas quando existe a devida abertura, pequenas experiências somam-se e te tornam um ser diferente.
Texto revisado
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Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
