Vaginismo: Quando o prazer se torna desprazer-dez 2010
Atualizado dia 28/12/2010 11:51:24 em Espiritualidadepor Ana Maria Guardado
Uma cliente, que vamos chamar de Viviane, procurou-me no consultório com a queixa de abuso sexual na infância. O que me surpreendeu mais foi quando eu soube seu quadro sintomático. Com 33 anos, ela está há 3 anos aposentada pelo INSS por invalidez, com problemas de artrite, epilepsia, bulimia, já teve anorexia e tem vaginismo, ou seja, toma diariamente vários remédios. Na primeira consulta, o que me chamou atenção logo na entrada foi sua postura encurvada, como se estivesse carregando o mundo em seus ombros.
Expliquei que seu corpo apresenta sintomas óbvios, mas que não adianta tratar os sintomas sem tratar a causa, então, eu a ajudaria na busca e tratamento das causas. O corpo, sábio com é, apresenta sintomas sempre que não está bem.
Sua história: Viviane é a filha mais nova de uma família de 6 filhos, por isso os pais decidiram que a avó paterna a criaria. Como a avó costurava o dia inteiro para sobreviver, quando pequena Viviane era cuidada pelo tio adolescente, que a alimentava, dava banho, trocava a frauda e assim por diante.
Quando Viviane chegou até mim, já tinha passado por sete psicólogas e feito várias sessões de regressão com uma delas. Em uma destas regressões, lembrou-se que foi abusada quando muito pequena por este tio. Esta descoberta mexeu tanto com ela que no mesmo dia ela fez uma tentativa de suicídio e nunca mais voltou para terapia.
Nunca fiz regressão com Viviane por não achar necessário. Usei exercícios que trabalham a energia corporal para ajudá-la a liberar as energias deletérias contidas em seu corpo.
Ela diz que lembrou que foi abusada dos 4 aos 7 anos, acha que teve penetração também pois se lembrou que uma vez estava com sangue na vagina. Com 8 anos menstruou pela primeira vez.
Ela não desconfiava do abuso até fazer regressão com sua ex-psicóloga mas, conta que na infância e na adolescência tinha sonhos que um homem a perseguia e falava pra ela que ela era dele.
Com 12 anos, foi morar com seus pais. Com 15 anos, foi internada por causa da anorexia. Até os 17 anos, teve crises de anorexia e bulimia.
Sempre evitou ter muito contato com os homens sem saber a razão. Com 27 anos, perdeu a virgindade com um primo.Tiveram relações algumas vezes. Ela sentia muita dor, mas nunca reclamou pro primo das dores.
Depois de um tempo, começou a namorar um homem, já sabendo do abuso. As dores eram tão fortes durante as relações sexuais que na maioria das vezes ela interrompia o coito. O ex-noivo nunca entendeu porque isso acontecia. Na última vez que tiveram relações e ela interrompeu o coito ele falou pra ela que ela era fresca e da próxima vez seria do jeito dele. Viviane ficou com medo de ser estuprada e desmanchou o noivado uma semana depois.
Desde então, ela evita ter contatos íntimos com alguém. Quando chegou no meu consultório evitava sair e quando saia nunca era sozinha, sempre pedia pra alguém acompanhá-la. Hoje ela já consegue sair sozinha.
A única pessoa da família que sabe sobre o abuso é uma tia que mora no exterior, ninguém mais sabe. Seu tio até hoje freqüenta sua casa e costuma chamá-la de neném, assim como a chamava quando era criança.
Isso a incomoda bastante e ela ainda não está pronta pra contar pra ninguém da família. Eu trabalhei com ela a questão do poder pessoal e dela sair do papel de vítima. Ela foi vítima da situação, mas isso foi no passado, não é mais vitima e por ser uma mulher adulta é capaz de se defender.
Quando ela se colocava no papel de vítima, ela dava seu poder pessoal pro seu algoz, hoje ela percebe que o poder pessoal é dela e quando se tem o poder pessoal a pessoa se torna dona de seu destino e não o algoz ou outra pessoa qualquer.
Também trabalhei com ela exercícios que movimentam a energia do corpo e ela percebeu mais seu corpo e passou a cuidar mais dele.
A mulher que tem vaginismo associa dor e medo à intimidade sexual e geralmente é uma pessoa que tem dificuldade de se entregar. Pela primeira vez, Viviane está se entregando à terapia e isso a ajuda em suas outras relações, sejam elas familiares, de amigos ou amorosas. De todos os meus clientes, ela é quem falta menos à terapia.
Foi traída pelo cuidador que no caso era seu tio, seu corpo foi traído. Sua defesa foi tão grande que até seu corpo se defende. As técnicas corporais a ajudaram a aumentar sua sensibilidade, diminuíram sua ansiedade, suas tensões, os seus pensamentos excessivos negativos e está resgatando o seu prazer de contato com o outro e sua confiança nas pessoas.
A partir do contato corporal com a terapeuta e com exercícios energéticos, a cliente passou a resgatar o prazer do contato com o outro e com o mundo a partir de si mesma.
A terapia continua e a cliente se sente satisfeita, percebeu seu poder pessoal e que somente ela pode se curar. Sua ansiedade está mais controlada, sua bulimia diminuiu bastante. No começo da terapia, ela forçava vômito 3x por dia e atualmente no máximo 8x ao mês. Ela está conseguindo sair sozinha. Antes ela evitava tocar no corpo e ter contato corporal com as pessoas e agora está mais tranqüila em relação a isso, até com o contato da terapeuta.
Em relação ao vaginismo e ao trauma sexual, a cliente ainda está se curando, conseguiu ir na ginecologista pela primeira vez e isso foi um grande passo pra ela.
A cliente percebeu que quando se recupera o poder pessoal, toda a sua força é resgatada, não se deve dar o poder pessoal pra ninguém, inclusive, pra um algoz. Ela percebeu que o medo de se entregar a alguém fez ela perder o melhor: a chance de amar e ser amada. Finalmente, ela está se abrindo pro amor!
Texto revisado
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Ana Maria Guardado Psicóloga (CRP 09/7577) Especializanda em Psicologia Transpessoal Terapeuta Holística,Constelação Familiar,Regressão e Progressão de Memória, Renascimento e Reiki Usui Psicoterapia individual, em grupo, casal e família Cursos, Workshops Grupo Google: www.groups.google.com/group/anamariaguardado Pessoal: (62)9988-51-46 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
